O Ministério Público de Goiás (MP-GO) informou nesta quinta-feira (10) que já ouviu cerca de dez pessoas na operação que investiga supostos crimes na Associação Filhos do Divino Pai Eterno (Afipe), que era comandada pelo Padre Robson de Oliveira.
De acordo com o promotor Sandro Barros, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o MP-GO tem ouvido cerca de duas pessoas por dia nas últimas duas semanas. “Passamos a ouvir pessoas nas duas últimas semanas. Ouvimos umas dez pessoas, que celebraram contratos com a Afipe e outros envolvidos”, destacou.
O promotor disse, porém, que ainda não há data para ouvir o Padre Robson, um dos investigados na ação. “A investigação é um quebra-cabeça. Uma teia. Às vezes, você ouve uma pessoa que te obriga a ouvir mais duas. Fica difícil estabelecer um prognóstico. Em razão dos desdobramentos e das descobertas que não dá para definir uma data sobre essa oitiva”, explicou Barros.
A defesa do religioso já afirmou que quer que o padre seja ouvido o mais breve possível. Segundo o advogado Pedro Paulo de Medeiros, ele é o “mais interessado na verdade e na transparência”.
Na esfera criminal, investiga-se eventuais desvios de valores arrecadados pela Afipe para pessoas ligadas ao Padre Robson. “Existem operações muito suspeitas que sugestionam mecanismos de ocultação do valor. Isso poderia ser lavagem de dinheiro”, disse o promotor Sandro Barros. Ele citou que o MP-GO ainda apura possíveis crimes de apropriação indébita e falsidade ideológica, com o uso de laranjas.
O MP-GO também trabalha na esfera cível para verificar eventuais desvios de finalidade da Afipe. A coordenadora da Área da atuação do Patrimônio Público e Terceiro Setor, Fabiana Zamalloa, lembra que, por estatuto, a associação “tem como missão cumprir finalidades sociais que permitem a ela obter benefícios e recursos públicos para o alcance dessa finalidade”. “A Afipe tem questões assistenciais e educacionais, uma série de atividades voltadas para direitos fundamentais, o que compete ao MP-GO fiscalizar”, completou.
Zamalloa explica que se ficar provado o desvio de finalidade do dinheiro arrecadado pela Afipe, “é possível intervenção para destituir a diretoria, ou em casos extremos, dissolver a associação.”
A defesa do Padre Robson afirmou que não há desvio de finalidade na aquisição de bens imóveis pela Afipe. “São compras e vendas de ativos para a evangelização”, justificou. Os advogados reiteram ainda que o religioso jamais desviou recursos da associação.
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