Marconi Perillo (PSDB) nomeia e o Ministério Público afasta. A função que seria do governador do Estado foi apropriada pelo MP em Goiás, de maneira inédita, na última terça-feira, 29, quando a juíza Mônica Neves acatou a recomendação do órgão e determinou o afastamento provisório, pelo prazo de 180 dias, do secretário estadual de Cidadania e Trabalho, Henrique Arantes (PTB). Insólito também foi a justificativa: incompetência. Na entrelinha, o chefe do Executivo ganhou ainda um atestado de incapacidade para indicação de seus auxiliares.
“Verifica-se que o atual secretário de Cidadania e Trabalho ignora o princípio da proteção integral, que é a vertente de defesa dos direitos humanos voltada às crianças e aos adolescentes. O secretário Henrique Arantes não se importou em iniciar medidas, ainda que paliativas, para minimizar os problemas apresentados. Ao contrário, preocupou-se em usufruir férias anteriormente agendadas, demonstrando total descaso com a situação e o cargo público ocupado”, relata a juíza.
O inusitado político da situação: Marconi cogitou tirar Henrique Arantes. Assessoria do governador chegou a incomodar o deputado federal Jovair Arantes (PDB), o genitor, com a ideia. Em contrapartida, Jovair reforçou, na época, sua pré-candidatura contrariando o lançamento do deputado Leonardo Vilela (PSDB) como pré-candidato e exigindo apoio do governador. Resultado? Marconi recuou e deixou o menino Arantes no cargo. Após a decisão do MP, no entanto, ninguém, absolutamente ninguém, saiu em defesa do jovem secretário.
Os históricos de tentativas frustradas do governador não pararam por aí. Marconi tentou afastar o presidente da Agência Goiana de Comunicação (Agecom), José Luiz Bittencourt. Não conseguiu e já não surpreende mais. A pressão dos deputados estaduais foi mais forte que sua vontade. A saída para a tão esperada reforma administrativa pode vir do MP. Na tarde da mesma terça-feira, foi aberto pelo órgão um inquérito civil público (ICP) para investigação da atuação de 33 policiais e agentes públicos goianos citados na Operação Monte Carlo da Polícia Federal como tendo ligações com o bicheiro Carlos Cachoeira.
Dentre os investigados estão Alexandre Baldy, secretário de Indústria e Comércio; Edemundo Dias, presidente da Agência Prisional; Edivaldo Cardoso, ex-presidente do Detran-GO; Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador Marconi Perillo; Gilberto Ferro, delegado do 8º Distrito Policial (DP); João Furtado, secretário de Segurança Pública; Ronald Bicca, ex-procurador-geral do Estado; Thiago Peixoto, secretário de Educação, e policiais do 8º DP. O Procurador-geral de Justiça, Benedito Torres Neto, e o promotor de Justiça, Alencar José Vital, também são alvos da investigação.