A declaração irônica e debochada do vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) sobre a possibilidade de se apurar os crimes ocorridos nos porões da ditadura militar foi recebida com críticas pela oposição nas redes sociais. Nesta segunda-feira, 18, o general da reserva foi questionado após a revelação de áudios de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) com relatos sobre tortura durante o regime. “Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô (sic). Vai trazer os caras do túmulo de volta?”, declarou, rindo, na chegada ao Palácio do Planalto.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que se o general está ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) é porque se identifica “com a impunidade, com a tortura, com a ditadura”, e defendeu que Mourão deve “sair do controle do País”.
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) classificou a fala como algo a “se indignar e chorar”. “Além da falta de competência desse governo, há também muita falta de sensibilidade”, publicou em sua rede social.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) lamentou o ocorrido e defendeu que o “deboche inumano” de Mourão representa a “exata dimensão da escória que chegou ao poder com Bolsonaro”: “Trogloditas insensíveis, despreparados e disparatados. Uma lástima”, disse.
Guilherme Boulos (PSOL) disse que muitos parentes dos mortos na ditadura seguem à espera de respostas. “Muitas mães seguem até hoje sem saber onde estão seus filhos desaparecidos. É por isso que exigimos memória, verdade e justiça, senhor Mourão!”, disse
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) questionou Mourão sobre as torturas e sumiços da ditadura militar: “o general e seus colegas podem responder ‘onde estão os túmulos?'”.
A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN) relembrou a dor das famílias com as perdas da ditadura. “A ditadura assassina que você defende, além de matar, não deu às famílias o direito de enterrarem seus mortos. Não há túmulos. Estão desaparecidos até hoje. Onde está Fernando Santa Cruz? Luiz Maranhão? Virgílio Gomes da Silva?”, perguntou. (Por Natália Santos/Estadão Conteúdo)