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Categorias: Eleições 2012
| Em 13 anos atrás

Moura: vice que Maguito dispensa

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Péricles Carvalho/ Tribuna do Planalto

Sem uma orientação decisiva da Executiva estadual, o diretório petista de Aparecida de Goiânia não tem um nome de consenso para indicar como possível vice de Maguito Vilela (PMDB). A aliança entre PT e PMDB no município pode sofrer desgastes caso o aliado não atenda as exigências de Maguito em chegar a um nome de seu agrado para compor a chapa. Para sustentar a coligação, O PT precisa barrar o vereador Helvecino Moura, que hoje tem o controle absoluto do diretório municipal, e não está disposto a ceder. Maguito não engole o vereador.
Nos bastidores, petistas reclamam que o vereador Moura teria “tomado o partido para si” na tentativa de viabilizar seu nome à vice. O problema é que não há consenso em torno de seu nome e para muitas lideranças do partido, a única maneira de frear o vereador é uma intervenção estadual liderada pelo deputado federal Rubens Otoni (PT).
Não é esse o discurso do vereador Moura que afirma ter seu nome ratificado pela maioria dos delegados eleitos em reunião do diretório municipal, no último dia 25. Na ocasião, o PT local se reuniu para eleger representantes da legenda que ficariam incumbidos de conduzir o debate eleitoral. Nas contas do vereador, ele tem 60% dos 180 delegados, e outros nomes do partido vêm logo depois, como o do secretário de governo do município, o ex-deputado Ozair José, que conta com 52 delegados.
“Ozair hoje tem 20% dos delegados e acabou perdendo força dentro do partido. Ele disputou, tentou costurar suas alianças políticas, mas não tem força para ser o vice. Deve sair como candidato a vereador”, disse Moura. Fala-se nos bastidores que a saída de Ozair do PP para integrar o PT teria ocorrido mediante acordo de que ele ocuparia a vice de Maguito. Apesar do boato, o partido negou que tenham ocorrido negociações deste tipo no ano passado.
A versão de Moura é contestada por lideranças do partido, que afirmam que o vereador montou uma chapa com respaldo do sub-chefe de relações institucionais da presidência da República Olavo Noleto, e os dois “ganharam juntos” os 60% dos delegados. “A chapa não é só dele, o nome do Olavo está na mesa e caso o mesmo decida não apoiar Moura, ele estaria perdido”, explicou um petista.
No partido, fala-se que os rumos do diretório municipal de Aparecida de Goiânia precisam ser corrigidos o mais rápido possível. O poder construído pelo vereador Moura na cidade gera certo incômodo no PT – muitos acusam o vereador de tomar decisões unilaterais sem que haja discussão e consenso entre as forças políticas da legenda.
A ida de Ozair José para a legenda, assim como o posicionamento estratégico de Olavo Noleto no município, tem relação direta com o anseio do diretório estadual em efetivar mudanças locais na legenda em Aparecida. Pelo menos no discurso de lideranças, fica claro que o trabalho no município “começou tarde”, e será difícil evitar confrontos diretos internamente no contexto da eleição municipal deste ano.

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Factoide
Para petistas ligados ao diretório estadual, Moura está tentando criar um factoide, afirmando que teve seu nome referendado pelo diretório municipal. A estratégia do vereador seria testar a reação de Maguito Vilela. Sabe-se nos bastidores que o prefeito tem grande resistência em relação ao nome de Moura.
O atrito entre Maguito e Moura começou em 2008, período em que o vereador atuou fortemente contra a candidatura peemedebista no município. De acordo com Moura, ele apenas seguia orientações do partido, que na época cobrava que se fizesse oposição ao peemedebista. Para o vereador, os tempos são outros, e “sempre houve admiração em relação ao político que é Maguito Vilela”. Apesar dos afagos, Maguito já sinalizou sua preferência por Ozair José e Olavo Noleto para ocupar a vice.
Moura afirmou que sempre teve um bom relacionamento com Maguito, e que na eleição de 2008, o atual prefeito de Aparecida chegou a oferecer a vice para o PT. O acordo só não foi fechado na ocasião, segundo o vereador, porque o contato foi feito tardiamente pelo PMDB da cidade. “Inclusive eu seria o vice de Maguito, caso tivéssemos fechado com o PMDB”, destacou ele.
Até o momento, Maguito Vilela não interveio diretamente na escolha do vice, e age sutilmente nos bastidores mostrando suas preferências e esperando que o PT se posicione. Sobre possíveis conversas com o PSDB, o diretório regional do PT acredita que é natural que o prefeito busque o apoio do governo do Estado para viabilizar a administração municipal e levar melhorias para Aparecida.
No entanto, petistas se dizem céticos em relação a conversas de teor político entre PMDB e PSDB na cidade. “Isso é infundado, e soa como uma mentira criada para atrair atenção. Isso não procede”, explicou Moura. Para o vereador, Maguito é experiente, e sabe o que “deve ser feito”, e não deverá contrariar as determinações do diretório estadual peemedebista.
O vereador acredita ser inviável uma coligação do PMDB com outro partido que não seja aliado na esfera estadual. Para muitos petistas, a certeza de que Maguito fechará com o PT dá fôlego para que Moura pressione o partido no sentido de manter seu nome para a vice.
Alguns petistas avaliam que o vereador tem a expectativa de que o prefeito deverá aceitar seu nome “de qualquer maneira”, para manter a aliança. À Tribuna, Moura afirmou que o partido “só espera o anúncio oficial do nome de Maguito à reeleição” para que seu nome seja apresentado para ocupar a vice. (Colaborou Onofre Abreu Neto, estagiário do convênio Tribuna/PUC-GO)

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Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: altairtavares@diariodegoias.com.br .