Os motoristas do transporte coletivo da Grande Goiânia querem ser classificados como grupo prioritário na vacinação contra a covid-19. Segundo o diretor financeiro do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana (SindColetivo), Carlos Alberto dos Santos, o pedido já foi feito às autoridades.
“Nos consideramos também como linha de frente. Hoje a situação é muito mais grave e nós continuamos na linha de frente e sem qualquer tipo de atenção das autoridades”, disse em entrevista à Rádio Bandeirantes Goiânia.
Apesar do ritmo lento da campanha, Santos entende que os motoristas estão mais vulneráveis que outras profissões. “Há setores que estão sendo vacinados antes de nós e não são tão prioritários assim. Nós não temos como fugir do contato com a população. Sequer temos porta do lado esquerdo do motorista. Nossa única saída é passando pelos passageiros que estão na parte da frente do ônibus”, argumenta.
Ameaça de greve
No próximo sábado (3), o sindicato fará uma assembleia que pode culminar na deflagração de uma greve. O pleito dos motoristas para não haver paralisação é a prioridade na vacinação.
“Vamos tirar tudo dentro da lei. Se tivermos que fazer uma paralisação, cumpriremos todas as exigências legais. Fica a cargo das autoridades a suspensão dessa greve antes dela ser deflagrada. Nosso interesse é a vacinação. Manter nossas vidas e de nossos familiares. Se não formos atendidos por nenhum setor responsável, vamos fazer uma paralisação em protesto”, destacou.
Riscos à saúde
Segundo Santos, as empresas que operam o transporte coletivo são negligentes com o cuidado da saúde dos funcionários. De acordo com ele, não há distribuição de álcool em gel para os motoristas em terminais, somente nas garagens. Ele diz que falta higienização e até mesmo máscara de proteção facial.
“Os motoristas têm que comprar suas máscaras. Até o fornecimento do álcool é de forma tão lenta que o motorista compra seu álcool em gel”, relata.
Ele cita ainda que o motorista acaba tendo a função de fiscal para garantir que passageiros descumpram as normas em vigor no transporte coletivo. “Quando está na rua quem faz fiscalização é o motorista. Além de vendar passagem, tem que brigar com passageiro que quer entrar e não pode, com quem não quer usar máscara”, conta.
O diretor financeiro cita revela ainda casos de agressões. “Quando o ônibus sai para fazer a rota, a gente encontra os usuários com seus próprios problemas. Há agressões verbais, passageiros irritados e as pessoas encontram o motorista de ônibus para despejar sua raiva”, lamenta.
Protocolo
Em resposta ao DG, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Goiânia e Região Metropolitana (SET) disse que tomou conhecimento pela imprensa sobre a assembleia dos trabalhadores e que é o evento é direito da categoria.
O SET citou uma pesquisa realizada em setembro do ano passado, que mostrou que 12% dos usuários do transporte coletivo na capital testaram positivo para o coronavírus. “Os números, de acordo com a então secretária Municipal de Saúde, Fátima Mrué, não garantem que os ônibus na capital são um foco de transmissão da doença, isso porque o índice é semelhante ao que a prefeitura tem a partir da testagem ampliada que vem sendo feita nos bairros, na época, que ficou entre 12% e 13%”.
O sindicato patronal lembrou que está em execução um protocolo sanitário com 12 medidas de segurança, como ventilação, higienização, desinfecção, vacinação contra H1N1, incentivo ao uso do Sitpass, estímulo ao uso do SimRMTC, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool em gel, afastamento de colaboradores que testarem positivo, entre outras.
O presidente do SET, Adriano Oliveira, diz que defende a vacinação prioritária dos motoristas. “Da mesma forma que foi anunciado pelo Governador do Estado de Goiás para a Polícia Militar, esperamos que o mesmo possa ser feito com os motoristas e demais profissionais, que têm dado sua contribuição diária na manutenção do serviço de transporte público, essencial para a mobilidade das cidades. Nós estamos trabalhando, inclusive, junto ao poder público para que isso aconteça”, defende.
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