04 de dezembro de 2025
Poder Judiciário • atualizado em 14/11/2025 às 11:59

Moraes vota para tornar Eduardo Bolsonaro réu por articular sanções dos EUA contra o Brasil e pressionar STF

Moraes vê indícios suficientes de que Eduardo Bolsonaro articulou sanções dos EUA para pressionar julgamento do pai no STF
Ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, votou para tornar Eduardo Bolsonaro réu por coação no processo. Foto: Reprodução.
Ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, votou para tornar Eduardo Bolsonaro réu por coação no processo. Foto: Reprodução.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (14) para receber a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O parlamentar é acusado de coação no curso do processo por, segundo a PGR, ter articulado nos Estados Unidos ações destinadas a constranger e interferir na atuação do STF na investigação e no julgamento que condenou seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado no Brasil.

A denúncia afirma que Eduardo Bolsonaro acionou uma rede de contatos dentro do governo norte-americano com o objetivo de provocar pressões econômicas e políticas contra o Brasil. Entre as consequências mencionadas estão a suspensão de vistos de autoridades brasileiras, a imposição de tarifas de exportação ao país e a aplicação de efeitos da Lei Magnitsky, instrumento legal dos EUA para sancionar indivíduos acusados de corrupção ou violações de direitos humanos.

De acordo com a PGR, tais medidas foram usadas para pressionar diretamente o Supremo e criar um clima de intimidação sobre o ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação, bem como sobre autoridades envolvidas em debates sobre eventual anistia a Jair Bolsonaro e aliados condenados pelos atos golpistas.

No voto em que aceita a denúncia, Moraes afirma que há elementos suficientes para instaurar a ação penal. “A grave ameaça materializou-se pela articulação e obtenção de sanções do governo dos Estados Unidos da América, com a aplicação de tarifas de exportação ao Brasil, suspensão de vistos de entrada de diversas autoridades brasileiras nos Estados Unidos da América e a aplicação dos efeitos da Lei Magnitsky a este Ministro Relator”, escreveu.

O ministro reforça que o comportamento atribuído ao deputado revela a intenção de interferir diretamente no funcionamento do Judiciário. “A conduta criminosa evidencia-se pelo fato do denunciado pretender criar ambiente de intimidação para as autoridades responsáveis pelo julgamento de Jair Messias Bolsonaro e também sobre as autoridades responsáveis por um possível projeto de anistia aos crimes imputados ao ex-presidente e aliados condenados pela tentativa de golpe de Estado ocorrida no Brasil”, apontou.

O julgamento ocorre no plenário virtual da 1ª Turma do STF, composta pelos ministros Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin e pelo próprio relator. Os ministros têm até 25 de novembro para depositar seus votos. Se a maioria acompanhar Moraes, Eduardo Bolsonaro se tornará réu e responderá criminalmente por coação no curso do processo.

A decisão aprofunda o alcance das investigações sobre articulações internacionais ligadas à tentativa de golpe e amplia a responsabilização de aliados do ex-presidente. O caso também tende a aumentar a tensão entre os poderes e a repercutir no cenário político brasileiro às vésperas de debates sobre anistia e reconstrução institucional.


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