O procurador-geral de Justiça, Benedito Torres Neto, expôs nessa terça-feira (17) no Colégio de Procuradores de Justiça de Goiás, sobre situações que vêm sendo divulgadas pela imprensa envolvendo suposta ingerência do senador Demóstenes Torres sobre a atuação de membros do Ministério Público goiano. A sessão extraordinária foi convocada pelo procurador de Justiça Pedro Tavares Filho, que responde pela presidência do colegiado diante do impedimento manifestado pelo procurador-geral em razão do seu parentesco com Demóstenes, de quem é irmão.
Ao falar para o Colégio, o procurador-geral mencionou todas as situações que teriam sido citadas nas conversas monitoradas na Operação Monte Carlo, assegurando que em nenhum momento pediu nada a qualquer promotor em atendimento à solicitação de qualquer pessoa. Benedito Torres observou que a documentação encaminhada por ele ao Colégio comprova que a atuação do MP em relação às questões que teriam sido levantadas pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi contrária aos supostos interesses do acusado.
O procurador-geral enfatizou que, se não fosse o MP-GO, a Operação Monte Carlo não existiria. Visando reforçar a alegação, Benedito Torres pediu para que os procuradores ouvissem o relato do promotor Bernardo Boclin Borges, coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal e que estava na comarca de Valparaíso de Goiás em 2009 quando tiveram início as investigações sobre a organização criminosa.
O promotor narrou que as apurações começaram a seu pedido, a partir de um encontro que manteve com representantes da Polícia Federal em Brasília, no qual expôs a situação envolvendo a exploração de caça-níqueis no Entorno do Distrito Federal. A partir daí, com a PF entrando no caso, começaram as escutas telefônicas, que tinham sido, inclusive, autorizadas pela Justiça estadual em Goiás. Foi desde esse momento, enfatizou Boclin, que a organização criminosa revelou uma ampla dimensão.
Sobre o repasse da investigação para o Ministério Público Federal, o promotor explicou que ele ocorreu quando, numa reunião em Goiânia, em março de 2011, com a presença do procurador-geral Benedito Torres, foi feita a avaliação das provas coletadas no inquérito e verificou-se que a competência do MP-GO para atuar no caso poderia ser questionada em razão do envolvimento de agentes e delegados da PF. Perguntado pelos procuradores, Boclin confirmou que as escutas feitas nesta ocasião já continham diálogos de Cachoeira com o senador Demóstenes Torres.
Após o depoimento do promotor, a sessão foi declarada encerrada por Pedro Tavares. Estiveram presentes à reunião 27 procuradores de Justiça, incluindo Benedito Torres, tendo as discussões sido acompanhadas ainda por dezenas de promotores de Justiça. (Ministério Público de Goiás)
Leia mais sobre: Notícias do Estado