Uma pesquisa recente do Centro de Pesquisa em Nutrição da Universidade de Navarra, na Espanha, mostrou que a dinâmica de certos microrganismos no trato digestivo humano pode estar ligada a um aumento do risco de obesidade e outras parecem desempenhar um papel protetor contra essa condição. Quem explica mais sobre o estudo é o médico intensivista e nutrólogo, José Israel Sanchez Robles.
Além de revelar que esses micróbios também têm efeitos distintos em homens e mulheres, o especialista disse que a pesquisa será apresentada, em sua completude, ainda em maio no Congresso Europeu sobre Obesidade, que acontecerá em Veneza, na Itália.
“Até o momento, a pesquisa se concentrou na análise do metaboloma fecal, que consiste nas moléculas de metabólitos geradas pela atividade das bactérias intestinais durante a digestão. Os pesquisadores examinaram cuidadosamente amostras fecais de 251 mulheres e 110 homens adultos, com idade média de 44 anos”, disse José Israel.
Além disso, os cientistas utilizaram o perfil genético dos participantes e, por meio disso, identificaram diversos tipos de bactérias presentes nas amostras. Os envolvidos apresentaram uma variedade de pesos, sendo 65 de peso normal, 110 com sobrepeso e 186 considerados obesos.
“Os achados revelam padrões microbióticos correlacionados ao peso corporal, como a diminuição da presença da bactéria Christensenella minuta em indivíduos obesos, uma bactéria anteriormente associada à magreza saudável. Observou-se também diferenças de gênero, como a associação entre altos níveis das bactérias Parabacteroides helcogenes e Campylobacter canadensis e o ganho excessivo de peso em homens. Enquanto em mulheres, altas concentrações de três espécies de Prevotella foram associadas à obesidade e sobrepeso”, contou o médico.
Paula Aranaz, a cientista responsável pela pesquisa, chegou a destacar que os resultados indicam a influência da composição bacteriana intestinal no desenvolvimento de doenças metabólicas, incluindo a obesidade, sugerindo possíveis novas abordagens para prevenir ou tratar o ganho de peso. A especialista ressaltou, porém, que intervenções voltadas para modificar os microrganismos intestinais para prevenir a obesidade podem precisar ser diferenciadas entre homens e mulheres.
“Os resultados estão sendo apresentados em um congresso médico e são considerados preliminares até sua publicação em um periódico revisado por pares. Portanto, é prematuro inferir como essas descobertas podem beneficiar futuramente pessoas que enfrentam a obesidade. No entanto, essa pesquisa representa uma oportunidade adicional para aprofundar nosso entendimento sobre essa condição que afeta milhões em todo o mundo”, concluiu José Israel.
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