12 de setembro de 2024
Confia? • atualizado em 03/06/2022 às 12:24

Métodos diferentes para pesquisas eleitorais não mudam o fato e a realidade das eleições, avalia presidente do Instituto Verus

Especialista em pesquisas explica sobre diferenças de metodologia nos levantamentos eleitorais
Luiz Felipe Gabriel, diretor do Instituto Verus (Foto: Divulgação)
Luiz Felipe Gabriel, diretor do Instituto Verus (Foto: Divulgação)

Com o avanço tecnológico, diferentes metodologias começaram a ser usadas em pesquisas eleitorais. Se antes, via de regra, os institutos adotavam o método presencial para aferir seus levantamentos, hoje, com a universalização do telefone é possível ver Institutos utilizarem as ligações telefônicas e em alguns momentos, até mesmo a internet. Para o presidente do Instituto Verus, Luiz Felipe Gabriel, no entanto, o arsenal de possibilidades não pode intervir no fato. “Você pode até usar métodos diferentes, o resultado é o fato é um só. O fato não muda”, pondera.

Há trinta anos no mercado de pesquisas eleitorais, Luiz Felipe tem propriedade para falar sobre o assunto. “Se você usa metodologia científica sempre, a coisa vai convergir para um resultado único dentro da margem de erro obviamente. Seja por telefone, presencial, por fluxo, por internet, não interessa: o resultado é um só, a realidade é uma só”, pontua. O presidente diz não ser possível cravar o resultado de uma eleição porque ela não está sendo realizada no dia que o levantamento foi feito.

“O alvo é um só: acertar na mosca”

Luiz Felipe Gabriel, presidente do Instituto Verus

“A gente só não pode ter a oportunidade de ter uma eleição no momento para aferir se está certo ou não. Mas a gente já viu que as pesquisas boca de urna elas cravam o resultado. Dá para se ter uma assertividade muito grande com pesquisas de opinião pública com relação à intenção de voto. Agora, metodologia diferente, instituto diferente gera resultado diferente, isso é balela. Agora, o alvo é um só: acertar na mosca”, pontua.

O que muda com o telefone?

Se o objetivo da pesquisa é alcançar o resultado que reflete a realidade, muda algo entre as pesquisas presenciais e as por telefone? “Antes você só podia fazer para atender o todo e dar a mesma oportunidade para todas as pessoas serem ouvidas, você tinha que se deslocar pela rua, procurar a maior quantidade de bairros possível, pontos de fluxo. Imagine o Brasil que tem 5 mil e 800 municípios, você vai fazer uma pesquisa nacional e não é viável ir em todos as cidades num espaço de dois ou três dias, que é o espaço de tempo de uma pesquisa.”

Se era complexo fazer pesquisas presenciais, a universalização do telefone para a população facilitou o processo,  “As pesquisas por telefone passaram a ser validadas com a universalização do acesso aos celulares aos mobiles. Os telefones particulares, cada um passou a ter o seu. O percentual da população que possui o seu próprio telefone celular, ultrapassa a casa dos 95%. Passou a ser o quê? Uma ferramenta viável para se conversar com a população como um todo”, pontuou.

Mas há uma ressalva que o leitor deve se atentar quando estiver lendo uma pesquisa eleitoral. “Só que por telefone, a propensão da pessoa atender o telefone e prosseguir na entrevista até o final, já indica um perfil específico de pessoa, que eu sempre pensava que seria de postura ou mais ou menos intolerante. Mas não. As pessoas mais simples não tem disponibilidade de parar e trabalhar no meio do expediente para responder uma entrevista”, avalia.

Por isso é importante que o próprio Instituto crie mecanismos para equilibrar a questão social. “Então a amostra por telefone fica com um percentual muito carregado com pessoas de mais instrução e maior nível econômico, que tem uma flexibilidade no horário e faz o que quiser muito mais fácil. Se você não trazer essa mostra, essa participação de pessoas e instrução mais alta para proporção real, na geração do resultado, você tem uma distorção causada pelo método telefônico, mas uma vez identificado essa questão, você modula e regula direitinho as coisas, ou você faz pesquisa por cota e define uma quantidade de grau de instrução e quando atinge o limite você para de fazer com aquele tipo de pessoa”, pontuou.

As pesquisas eleitorais e a metodologia adotada pelos Institutos, foi o assunto da terceira parte da entrevista que Gabriel concedeu ao diretor de redação do Diário de Goiás, Altair Tavares. Antes, Gabriel avaliou junto com o jornalista, o cenário político estadual e nacional, bem como o perfil dos eleitores. Veja abaixo as conversas na íntegra:


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