Toniquinho JK é a história viva de um capítulo único do Brasil. Aos 90 anos, se orgulha, com toda razão, de ter feito com que Juscelino Kubitschek se comprometesse a cumprir, durante um comício do então candidato à Presidência em Jataí, um dispositivo da Constituição de 1946 que previa a mudança da capital federal, ora instalada no Rio de Janeiro, para o Planalto Central. Ali começava a epopeia que daria origem à construção e inauguração de Brasília, encravada no coração do Brasil, dentro do território de Goiás.
Os fatos foram relatados em detalhes por Toniquinho, nesta quarta-feira (17/8), durante encontro dele com o governador Marconi Perillo, no Palácio das Esmeraldas. O encontro entre eles foi testemunhado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Helio de Sousa, pela esposa do deputado estadual, Maria Célia Sousa, pela ex-deputada estadual Lamis Cosac e pelo jornalista João Bosco Bittencourt. Toniquinho foi acompanhado da esposa, Nelita Vilela, irmã do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela.
Marconi quis saber em detalhes como foi o encontro dele com JK e como surgiu a oportunidade de questionar o presidenciável. Impressionado com o relato, Marconi perguntou a Toniquinho se ele já havia registrado os fatos históricos em livro. Diante da negativa, o governador anunciou a decisão do Governo de Goiás e de apoiar a edição do livro. O presidente da Assembleia endossou o apoio do Poder Legislativo para a publicação. Marconi disse que a decisão de publicar o livro “como uma justíssima homenagem a Toniquinho, que com sua intervenção junto ao presidente JK mudou a história de Goiás e do Brasil”.
O governador e o presidente da Assembleia fizeram compromisso de avaliar as vias legais para o custeio da publicação. Toniquinho presenteou o governador com exemplares de jornais e revistas da época e dos anos subsequentes que detalham a ousadia de Toniquinho e os resultados concretos de seu pleito político: em 21 de abril de 1960, JK inaugurava Brasília, transferindo a capital da República Federativa do Brasil do Rio de Janeiro para o Planalto Central.
“O governador Marconi Perillo disse que essa é uma homenagem ao que fizemos. Disse que quer estar comigo no lançamento do livro em Brasília, em breve”, disse Toniquinho. “Sem dúvida fico muito grato, porque o governador Marconi Perillo está à frente do Estado há quatro mandatos e o que percebemos é que o povo goiano, a cada administração, se sente mais gratificado e realizado com sua atuação”, afirmou. “Sempre votei em Marconi e nas eleições dele tive a oportunidade de prestar meu apoio a ele e às suas administrações, justamente porque vemos a população gratificada e porque sabe que pode esperar muito mais dele”, afirmou.
De Jataí para a história do Brasil
A segunda-feira de 4 de abril de 1955 inaugurava a agenda dos atos da campanha eleitoral do então candidato à presidência da República, Juscelino Kubitschek. Ele decidira iniciar a corrida pelo Brasil para expor aos eleitores seu Plano de Metas “50 anos em 5” pelo interior de Goiás – mais especificamente por Jataí. Todavia, JK não contava que um jovem corretor de seguros, de 29 anos, iria “dividir” com ele o protagonismo daquele primeiro palanque.
No meio do discurso, a voz de Antônio Soares Neto ecoou entre os mais 5 mil expectadores e calou Juscelino por alguns instantes. “Excelência, o senhor prometeu cumprir a Constituição, portanto se eleito for, irá transferir a capital para o Planalto Central, como prevê a Constituição?”
Toniquinho JK ainda era o Toniquinho “da Farmácia”, mas foi o suficiente. Em depoimento ao historiador Ronaldo Costa Couto, ele afirmou: “Já que ele estava falando tanto em cumprir a Constituição, perguntei se caso eleito fosse mudaria a capital, conforme estava previsto no artigo 4º das Disposições Transitórias. Ah, ele tomou um baita susto! Sofreu um impacto grande, muito grande. Ficou quase um minuto olhando de um lado pra outro. Então respondeu que a pergunta era muito oportuna e feliz, que aquilo realmente estava consignado na Constituição e que a partir daquele momento faria daquela ideia o objetivo principal de sua campanha e de sua administração, se eleito fosse. Quer dizer: Brasília passou a ser a meta-síntese de seu futuro governo”.
O advogado goiano passou então a ser amigo pessoal do ex-presidente e acompanhou de perto a construção de Brasília. Essa história, imortalizada em reportagens especiais na extinta Revista Manchete, em 1975, e em reportagens especiais de jornais como o Correio Braziliense e Jornal Opção, ganhará novos e profundos detalhes a partir de agora, com a oportunidade criada pelo governador Marconi Perillo para a publicação do livro.
No encontro com Marconi, Toniquinho contou histórias e eles conversaram sobre política e a atual situação do Brasil, além de trocar relatos e experiências sobre Brasília. Em 2015, Toniquinho JK foi homenageado pelo Fórum do Brasil Central, que é presidido por Marconi. Governador afirmou que Toniquinho é um personagem histórico de Goiás e do Brasil e profundo conhecedor da história brasileira.
Leia mais sobre: Atualidades