O entrevistado da Rádio Vinha FM desta quinta-feira (16) foi o governador e candidato à reeleição Marconi Perillo (PSDB). Sobre o tema de segurança pública no Estado de Goiás e a prisão de um suspeito de ser o autor de 39 crimes, o tucano afirmou que tem total confiança nas instituições policiais goianas e que Tiago Henrique Gomes da Rocha é provavelmente o criminoso que estavam procurando.
“Temos uma boa equipe, um grande secretário, que veio da Polícia Federal, um grande chefe da Polícia Civil, um grande comandante da Polícia Militar, uma equipe inteira de pessoas com forte formação técnica e comprometidas. Tenho total segurança e confiança no trabalho da polícia”, explicou.
Além disso, o governador também falou sobre declarações politizadas sobre o tema, já que foi assunto durante a campanha de primeiro e, ainda é, de segundo turno.
“Eu deploro quando pessoas da oposição tentam fazer declarações maldosas em relação a situações tão trágicas e emocionantes como essa. Felizmente, temos confiança total em nossa polícia. Nenhum delegado, agente, escrivão ou pessoa da Secretaria de Segurança Pública, que são pessoas sérias, iria se prestar a um papel de apresentar à sociedade um criminoso, um suspeito de tantos crimes se não houvesse toda uma comprovação e trabalho de perícia técnica e científica”, disse.
O candidato também respondeu outros questionamentos dos jornalistas da rádio sobre situação financeira e endividamento do Estado, abastecimento de água e crise da seca, saúde pública e política.
Confira a entrevista na íntegra:
Altair Tavares: Até agora a campanha eleitoral teve diversos temas em debate. Um deles é o da real situação financeira de Goiás. Hoje, qual é a realidade do Estado?
Marconi Perillo: Todos os estados brasileiros passam, permanentemente, por dificuldades. Porque as demandas aumentam a cada dia, por mais escolas, funcionários, professores, médicos, hospitais, policiais. Para se ter uma ideia, só neste governo, incorporamos 5.100 policiais novos na Polícia Civil, Militar, Bombeiros e Polícia Técnico-Científica. Isso resultou em um investimento de R$ 300 milhões, um gasto anual a mais, com o pessoal da área de Segurança Pública. Por outro lado, o governo federal é o grande arrecadador de impostos e tributos. A União arrecada 72% dos impostos de todos os brasileiros. Sobrando para os governo estaduais e prefeituras apenas 28%. Ocorre que quase todas as demandas e o mais importante na vida do cidadão comum estão relacionadas aos governos estaduais e às prefeituras: saúde, educação, segurança, lazer, esporte, estradas, saneamento. Isso tudo são demandas que chegam aos governadores e prefeitos. Só que eles ficam com uma parte menor do bolo da arrecadação. Isso acaba trazendo sempre dificuldades para a gente atender tudo que é solicitado. Também temos os impositivos, os limitadores legais, a Lei de Responsabilidade Fiscal, que é um belo instrumento de boa gestão, instituído no governo de Fernando Henrique Cardoso, que nos obriga a ter gastos de até 60% do orçamento com pagamento de funcionários. Por outro lado, é importante registrar que há muito tempo se discute a realização de um debate sobre um novo Pacto Federativo, para melhor distribuição desses recursos. Recentemente, o Tesouro Nacional apresentou um ranking dos estados que mais reduziram seu endividamento no país. Goiás ficou em primeiro lugar entre os estados que mais conseguiram reduzir o seu endividamento nesses últimos três anos. Reduzimos em 37% nosso endividamento considerando receita versus endividamento. As finanças do Estado estão regularmente em dia, todos os funcionários são pagos rigorosamente em dia, como o 13º. Temos um grande volume de obras que tem sido pago também, muitos deles com operação de crédito, outros com fundos setoriais de secretarias. É importante registrar que a gente vive fazendo um exercício muito grande em relação ao caixa e às despesas. Trabalhamos permanentemente em equilíbirio com essa equação financeira e vamos fazendo um ajuste fino para que possamos atender as demandas, fazer os investimentos, fazer o Estado avançar, realizar obras e, ao memo tempo, dar conta das nossas obrigações.
Altair Tavares: Quando, em alguns momentos, se coloca que o endividamento do Estado e a relação de receita/despesa em um ajuste significa que vai sobrar mais dinheiro para investimento para o próximo governo? Qual é a relação?
Marconi Perillo: Nós temos uma trajetória muito favorável do perfil de endividamento do Estado. Em meus dois primeiros governos, por exemplo, fiquei oito anos pagando dívidas, juros, correção monetária de dívidas contraídas de governos anteriores. E não tinha dinheiro para fazer investimentos. Graças ao ajuste fiscal rigoroso que foi feito ao longo do tempo, neste governo estamos pagando juros e dívidas de outros governos, mas também temos oportunidade de captar recursos para realizar investimentos fundamentais em nossa infraestrutura, saneamento básico, aeroportos, estradas, duplicações, pontes, enfim. São obras estruturantes para o Estado e que já estão fazendo a diferença na vida das pessoas. Vamos pagar neste governo R$ 10 bilhões em juros, serviços e dívidas de outros governos. E estamos tomando emprestado muito menos que isso. Mas a trajetória, até o ano de 2020, é que o Estado continua pagando 20% da receita com dívida externa. No ano de 2021, esse comprometimento cai para 15% e depois para 5%. Então, o perfil do nosso endividamento é muito favorável, especialmente para daqui há cinco anos. Os próximos governos terão muita folga em relação ao que compromete hoje de receita com pagamento de dívidas e também grandes oportunidades para tomar novos empréstimos para realizar novos e importantes investimentos para Goiás.
Honória Dietz: Em relação à prisão do suspeito de ter cometido vários crimes, a polícia já confirmou que ele praticou 16 crimes contra mulheres, oito moradores de rua e que poderia até ter matado 39 pessoas. Ontem, durante reunião com a imprensa e familiares, o senhor disse que foi um dos dias mais importantes de sua vida, pelo alívio de trazer essa resposta à população. Até que grau esse número de assassinatos em Goiânia preocupou o senhor e trouxe desgaste político? Porque essa afirmação, de ser um dos dias mais importantes da sua carreira política?
Marconi Perillo: Primeiro porque o que está em jogo são vidas de seres humanos, de irmãos, e um sentimento muito forte de emoção, de perda, de dor por parte das famílias. Eu já os havia recebido no início de agosto e dei uma garantia a eles de que a polícia iria resolver esses casos, identificar o culpado ou os culpados. Disse ainda que a nossa polícia é muito boa tecnicamente, muito preparada. Eles dão o sangue para resolver esses casos que acontecem em Goiás. Temos excelentes delegados, agentes, escrivães, pessoal da Polícia Técnica-Científica, da Polícia Militar. Essas pessoas se envolvem demais em relação a apuração dos crimes que acontecem. Nessa reunião eu pude perceber a dor de cada uma daquelas famílias e um desejo enorme de esclarecimento, principalmente para não pairar dúvidas em relação às pessoas, às moças que haviam sido assassinadas. Dúvidas no sentido de que elas pudessem eventualmente estar envolvidas com drogas ou outras coisas. Então, todas as famílias queriam esclarecimento para provar que seus entes queridos não tinham participado de qualquer ato ilegal ou coisa que pudesse denegrir a memória delas. Segundo lugar, porque nessa campanha inteira o tema segurança pública foi muito politizado. Às vezes, irresponsavel e demagogicamente politizado. O que a gente via no primeiro turno, e agora ainda no segundo turno, é uma politização demagogica, eleitoreira no tema da segurança pública. E terceiro, porque eu confiava e confio muito em nossas instituições policiais. Temos uma boa equipe, um grande secretário que veio da Polícia Federal, um grande chefe da Polícia Civil, um grande comandante da Polícia Militar, uma equipe inteira de pessoas com forte formação técnica e comprometida. E ontem, ao me reunir com toda aquela Força Tarefa, que se dedicou durante mais de dois meses para elucidação desse caso, ao me colocar de frente com os familiares é claro que eu fiquei emocionado e disse isso, porque estamos dando uma resposta à sociedade. Ou seja, esse Estado tem liderança, um governo sério, que trabalha, que investe na segurança, na qualificação, inteligência, contratação de mais policiais, de tecnologias novas, equipamentos novos que resultam em um trabalho eficiente. Então, ontem nós provamos à sociedade, demos uma resposta de que a nossa polícia efetivamente é boa. O problema maior é que você prende um psicopata desse e a legislação penal, que é muito frouxa, acaba o colocando na rua de novo.
Altair Tavares: Como o senhor avalia o fato de pessoas ainda suspeitarem da investigação? A polícia deu segurança ao senhor sobre esse caso?
Marconi Perillo: Algumas pessoas suspeitam honestamente, porque realmente pensam assim. Outros tiram proveito. Vi pela internet, muitas pessoas maldosas tentando tirar proveito de uma situação que é grave, triste, que envolve os sentimentos mais nobres de uma pessoa, que é a perda de um filho ou filha, e atacando uma instituição séria que é a Polícia Civil. Eu deploro quando pessoas da oposição tentam fazer declarações maldosas em relação a situações tão trágicas e emocionantes como essa. Felizmente, temos confiança total em nossa polícia. Nenhum delegado, agente, escrivão ou pessoa da Secretaria de Segurança Pública, que são pessoas sérias, iria se prestar a um papel de apresentar à sociedade um criminoso, um suspeito de tantos crimes se não houvesse toda uma comprovação e trabalho de perícia técnica e científica, e os depoimentos dele. Em alguns lugares do mundo e no Brasil acontece, e já aconteceu, de torturar os presos para que eles sejam obrigados a confessar, muitas vezes, crimes que não tinham cometido. Isso não existe mais hoje. Hoje o que se usa são as técnicas científicas, de inteligência.
Altair Tavares: A Polícia deu total segurança?
Marconi Perillo: Total segurança e confiança no trabalho da polícia. Outra coisa, o próprio assassino descreveu com detalhes tudo que ele fez, o que corroborou com todas as informações e fotos que já existiam anteriormente. Não havia identidade, a cara dele, mas agora não resta nenhuma dúvida em relação às autorias.
Isadora Piccolo: As pessoas têm reclamado muito sobre a falta de água e querem saber do senhor, caso seja reeleito, como pretende trabalhar e tratar dessa questão, que não é só em Goiânia, mas em vários municípios do Estado.
Marconi Perillo: Em primeiro lugar, não quero fugir de nenhuma responsabilidade, pelo contrário, quero assumir todas. Estamos vivendo um período longo de estiagem, de falta de chuva. Isso no Brasil inteiro, que compromete o sistema de abastecimento. Mas por outro lado, já estamos trabalhando com investimentos altíssimos em relação ao abastecimento de água em todas as cidades goianas. Para se ter uma ideia, investimos neste governo cerca de R$ 3 bilhões em saneamento básico, rede de água e esgoto, Estações de Tratamento, ampliação, melhorias do sistema. Temos R$ 4 bilhões já contratados com obras licitadas, contratos assinados e já começando obras ou sendo iniciadas, com recursos também assegurados em parceria com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, com recursos de operação de crédito do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), do Tesouro Estadual e da Saneago. Em Goiânia, estamos realizando a maior obra de saneamento de água de todos os tempos, que é o Complexo da Barragem do João Leite, o Sistema Produtor Mauro Borges. Já fizemos a barragem, enchemos o lago, temos as elevatórias prontas, estamos terminando a Estação de Tratamento de Água bruta, que é uma obra enorme. Cada um dos reservatórios tem capacidade para 20 milhões de litros de água. Então, é muita coisa. E temos a capacidade de dobrar esses reservatórios. Com esse sistema produtor, teremos condições de abastecer com água de qualidade toda a população de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Trindade, Goianira e outros municípios da região até 2045, com a possibilidade de isso ser dobrado com as ampliações que serão feitas daqui para frente. Aí temos uma garantia de abastecimento ao longo deste século. São investimentos de mais de R$ 500 milhões. Em Anápolis, acabamos com o problema que já se arrastava há anos, que era o Sistema Piancó. Com a construção do Piancó II fizemos a interligação, há um mês, e resolvemos definitivamente o problema de abastecimento de água da cidade. Trabalhos como estes estão sendo realizados em outras partes do Estado, como no Entorno de Brasília. Estamos em parceria com o GDF, construindo o Sistema Produtor Corumbá IV, que vai abastecer Luziânia, Ingá, Cidade Ocidental, Valparaíso e toda a região sul de Brasília. É uma obra que vai atender Goiás e o Distrito Federal. Ou seja, estamos fazendo muitos investimentos. Ainda vamos ter algumas dificuldades este ano, mas com entrada e funcionamento do Sistema Produtor Mauro Borges, não vamos mais ter problema de água em Goiânia e Região Metropolitana.
Altair Tavares: Acha que a Saneago consegue terminar esse processo quando?
Marconi Perillo: Nossa expectativa é de que fique pronto até o final do ano. É uma obra grandiosa, mas está praticamente pronta. Já, inclusive, atravessamos boa parte de Goiânia com grandes redes, tubos que têm um diâmetro maior. Agora estamos na fase de construção de novos reservatórios em algumas partes mais altas de Goiânia e Aparecida de Goiânia. Inauguramos recentemente o Sistema Adélia, que beneficia parte de Goiânia e de Aparecida, mas vamos ter que levar agora, com adutoras e reservatórios, essa água para ser distribuída em todos os pontos dessa região, especialmente, os mais altos.
Samuel Straioto: A respeito da descentralização, o governo tem uma proposta para executar os Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMES). Como será a estruturação dos AMES no interior do Estado?
Marconi Perillo: Na verdade, quando o Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado, em 1987, com a Constituição Federal, o Henrique Santillo começou a estruturar o plano em Goiás, com Antônio Faleiros na Secretaria. Criou uma política em torno da criação de uma rede de saúde pública de qualidade. Eles construíram os CAIS, o CIAMES, o Hemocentro e a rede de Hospitais de Urgências e regionais. Depois que ele saiu, o PMDB desativou os hospitais regionais, transferindo-os para as prefeituras. Como uma Prefeitura vai tomar conta de um hospital regional? Ou seja, cuidar dos pacientes da outra prefeitura? Esses hospitais acabaram virando postos de saúde, pequenos hospitais municipais. O que fizemos agora foi exatamente o contrário. Nós começamos a estruturar já no meu primeiro governo a rede Hugo, de Hospitais de Urgências, construindo o de Trindade (Hutrin), de Aparecida (Huapa), depois o de Anápolis. Efetivamos o de Santa Helena que tinha sido construído no governo anterior, mas equipei e coloquei para funcionar e agora estamos com o Hugo 2, o Hospital de Urgências de Uruaçu, de Anápolis e concluindo o de Santo Antônio do Descoberto. Estamos ainda com mais dois previstos para ser entregues, o de Águas Lindas, que ainda é municipal, mas será repassados ao Estado, e o que pretendemos construir no Entorno Sul de Brasília. Com isso vamos chegar a 10 hospitais de urgência de alto nível de alta qualidade para atender regionalmente. A proposta do AME é bem sucedida em São Paulo, nos governos do PSDB. Quem começou isso foi o José Serra, que já foi ministro da Saúde e que conhece bem essa área. Depois o Geraldo Alckmin continuou. Fomos a uma cidade de São Paulo, o secretário de Saúde também foi para conhecer de perto e levou vários prefeitos de cidades que têm interesse na viabilização do AMES. Os AMES são ambulatórios médicos de especialidades. Cada AME, que vai ser um baita de um hospital regional, vai ter 20 especialidades médicas, ou seja, médicos especialistas em 20 assuntos diferentes relacionados às pessoas. Já começamos a construção dos cinco primeiros e vamos construir 20, um em cada regional de saúde, de tal sorte que esses hospitais tenham também equipamentos de diagnósticos, ou seja, ultrassonografia, raio x, eventualmente tomógrafos. As pessoas não vão precisar ficar recorrendo aos grandes centros nos tratamentos regulares de saúde e, com os anos, vamos ter a regionalização da saúde definitiva e bancada pelo governo estadual.
Altair Tavares: Ainda é uma grande deficiência do SUS em todo o país a questão da especialidade?
Marconi Perillo: Exatamente, a gente precisa ter dois ou três níveis de atuação. A primeira é a atenção básica. Quem recebe dinheiro do governo federal e do SUS para dar atenção básica são as prefeituras, nos postos de saúde, nos CAIS, nos CIAMES e pequenos hospitais municipais. É aquele caso da pessoa que corta o pé, que tem fratura pequena, quer dizer a atenção básica, os pequenos exames. Enfim, quando tem um problema mais grave você é encaminhado ou pelo posto de saúde ou pelo CAIS a um ambulatório médico especializado, para que consulte com o especialista. Quando o assunto é mais grave, de mais urgência você procura o hospital de urgências ou algum dos hospitais maiores especializados como é o caso do Hospital de Doenças Tropicais (HDT). O Hospital Materno Infantil, que tem sua especialidade para a criança e mães, e o Hospital Geral de Goiânia, que também tem outras especialidades dentre elas a questão de transplantes. O Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER) que também tem uma outra finalidade uma outra especialidade, a ideia é que a gente tenha uma grande rede. O problema maior é que hoje o SUS faz de conta que remunera consultas médicas, internações, leitos de UTIs. Para se ter uma ideia, para ter um leito de UTI hoje em hospitais privados de Goiás, o governo do Estado paga R$ 1.100, porque o governo federal, através do SUS, paga menos de R$ 500. Nenhum hospital vai querer oferecer um leito de UTI para ter prejuízo.
Altair Tavares: Qual foi o momento neste último ano que o senhor decidiu ser candidato, onde é que o senhor estava e com quem?
Marconi Perillo: Primeiro foi em uma reunião com a família, com minha mulher e minhas filhas. Minha mulher tinha certa preocupação em relação a uma nova candidatura, quando ela se convenceu eu já tive ânimo maior, e também tinha que tomar uma decisão pessoal.
Altair Tavares: Foi quando?
Marconi Perillo: Isso foi agora por volta de junho. Depois da reunião que fiz com os prefeitos com os deputados, com a base inteira onde todo mundo foi, disseram: “Olha, tem que ser você o candidato. Não dá pra ser outro. Você é quem tem mais condições de fazer um bom governo”. E naquele dia eu tomei a decisão de ser candidato.