Em entrevista ao Jornal Realidade, da Vinha FM, o secretario estadual de Articulações Institucionais fala sobre o planejamento político do governador Marconi Perillo (PSDB). A primeira definição é que, ao contrário do que se especulam, ele não será candidato a deputado federal. O anúncio sobre as novas diretrizes vai ser feito apenas em 2014. O foco atual é administrar.
Segundo Daniel Goulart, a história dá conta de uma vida cíclica na política. Ao ser lembrado que a oposição, liderada por Iris Rezende (PMDB), ficou 16 anos no poder, período já superado por Marconi Perillo, o secretario fala em possível dilatação deste ciclo.
A base do governador clamam pela reeleição e, apesar de indefinido, o tucano trabalha a possibilidade. Dentro de sua agenda política estão medidas de atendimento redobrado aos prefeitos do interior.
Ao contrário do que fez 2012, Marconi Perillo começou 2013 em ritmo de campanha eleitoral. Tem ido para as ruas, visitado os municípios, recebido os prefeitos, participado de eventos que promovam sua imagem. Candidato, ou não, a pré-campanha está em andamento.
Goulart falou também sobre os gargalos enfrentados pela administração: Saúde e Infraestrutura. “Este será o ano da infraestrutura”, destacou o secretario. O objetivo é responder as críticas sobre a péssima qualidade das estradas com trabalho. Na Saúde, a promessa é de continuidade de parceria com as Organizações Sociais.
A retomada do governo itinerante foi anunciada. Isso já está agendado?
Daniel Goulart – Sim, já no primeiro governo Marconi tivemos uma experiência muito positiva e estamos trabalhando novas edições.
No início do terceiro governo Marconi, sob a coordenação do ex-secretário da Região Metropolitana, hoje prefeito de Trindade, Jânio Darrot (PSDB), foi iniciado algumas edições do governo itinerante. Ano passado, por ser um ano eleitoral, era difícil encontrar parceiros para o programa. Deixamos, por orientação do governador, para este ano.
Desta vez, já conseguimos encontrar parcerias importantes como o Sebrae, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDS, a Fieg… Queremos descentralizar os serviços do Estado para beneficiar todas as comunidades.
Secretário, em 2001, o governo itinerante foi utilizado como uma alavanca para reeleição do governador Marconi Perillo. É a arrancada para o ano que vem?
Daniel Goulart – De forma alguma. A descentralização destes serviços do governo tem o objetivo institucional. Cobra, sim, a presença do governador no interior, mas queremos fugir do palestrismo. Queremos avançar. Deixar algo acontecendo em cada região. Como o Vapt-Vupt, por exemplo. Queremos coisas concretas acontecendo.
Assim teremos o governo itinerante, as reuniões para implantação dos Vapt-Vupt e agora o governador tem atendido os prefeitos. Não é muito atendimento e programas para uma agenda administrativa?
Daniel Goulart – Não. Os atendimentos individuais vão continuar. Toda equipe de governo, ou as pastas que tem atividades mais próximas dos municípios, estarão envolvidas no atendimento aos prefeitos que ocorrerá todas as quartas-feiras no décimo andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira. São encontros de despacho. Esse modelo tem dado certo.
Mas não seria tudo a mesma coisa? Ele não vai para o interior para realizar as mesmas ações?
Daniel Goulart – No interior ele já vai levar os benefícios que, muitas vezes, já autorizou nesses encontros no Palácio.
No interior é festa?
Daniel Goulart – Pode ter uma atividade festiva. Por que não? Entretenimento também é de responsabilidade do poder público.
Secretário, o senhor tem alguma dúvida de que o governador será candidato a reeleição?
Daniel Goulart – Eu não tenho dúvidas de que ele ficará no governo até o dia 31 de dezembro de 2014. Se ele será candidato, não sei. Tenho conversado com ele e não há decisões. O foco é a administração. Eu tenho certeza que ele não vai deixar o governo para voltar ao Congresso Nacional. Ele ficará no governo e, se vai ser candidato ou não, não se sabe. Os incentivos ocorrem dentro da base. O governador tem ouvido.
Uma das críticas comuns da oposição a Iris Rezende, em 1998, era a longevidade no poder. Agora, em termos de tempo, Marconi já superou o peemedebista. É a hora de abrir espaço para outras lideranças?
Daniel Goulart – Olha, a história é cíclica e sabemos disso. O PMDB ficou 16 anos e poderia até ter dilatado o ciclo se não tivesse atropelado Maguito Vilela em 98, em uma estratégica completamente equivocada.
Eu acho que quem erra menos fica no poder mais tempo. O governado Marconi tem compromissos a serem resgatados, o foco é esse. Ele é o maior líder do agrupamento, a base tem incentivado sua candidatura, e estamos em um momento diferente. O Estado avançou muito. Não é só discurso. Se pegarmos o indicador econômico para uma análise, veremos o crescimento.
Nesse discurso, secretario, o ciclo de 16 anos pode chegar a 20?
Daniel Goulart – Não posso adiantar isso, pois a orientação é deixar 2014 para 2014 e focar na administração. É possível, mas o governador não vai adiantar.
O governo interpreta como positivo os resultados apresentados com a gerência realizada pelas Organizações Sociais, mas admite que há muito o que melhorar. Secretário, esta é a (principal) cobrança (por parte da população e dos próprios prefeitos do interior)?
Daniel Goulart – Este foi um compromisso de campanha assumido pelo governador Marconi Perillo, em 2010. A intenção do governo (na ocasião eleitoral) era passar a experiência positiva experimentada no Crer, que é administrada por uma Organização Social, a Agir. Ele tem se esforçado para isso. O governador quer cumprir seus compromissos, melhorando assim, a qualidade na Saúde do Estado com as OSs.
É claro que ainda tem disparidades, como mostram as pesquisas. O Hugo, por exemplo, tem o problema da grande demanda de pacientes. Acredito que assim que conseguirmos resolver o problema do Huapa, que está fechado, melhoraremos o atendimento do Hugo, que será desafogado.
O governo cobra (fiscaliza) qualidade na gestão das Organizações Sociais?
Daniel Goulart – A sociedade cobra, o governo cobra, existem metas que precisam ser cumpridas e os órgãos de controle do Estado estão aí para fiscalizar. O contrato estabelecido com as OSs é bem extenso e elas terão que cumprir. A principal exigência é a melhoria na qualidade do atendimento. O contrato inicial é de um ano e a Organização Social que não cumprir suas metas poderá perder o direito de gerir o hospital.
Agora, por que o governo procura esses caminhos?
Daniel Goulart – Porque, no meu entendimento, a constituição é falha neste sentido. Se tivéssemos uma legislação mais preocupada com a vida, mais destravada, não teríamos essas necessidades. O próprio Estado cuidaria da gestão. Enquanto não se resolve este gargalo, a saída é buscar outros recursos.
O mecanismo de urgência e emergência já não atende mais, teria que se implantar o regime diferenciado para contratação na Saúde?
Daniel Goulart – Pode ser, é uma das medidas, mas uma série de outras precisariam ser tomadas para destravar a Saúde. Eu tive a oportunidade de conhecer um hospital em Salvador, chamado Hospital do Subúrbio. Quando conversava com o diretor, ele explicou que a unidade foi construída por uma PPP (Parceria Público-privada) e hoje sua gestão é terceirizada. É um pouco diferente do nosso modelo, mas muito utilizada lá. O diretor do hospital me explicou as vantagens. Me mostrou um aparelho de Raio X e afirmou que tinha estragado, há algumas semanas, e foi consertado em 15 dias. Me disse que já foi diretor de hospital público que, diante do mesmo problema, levou seis meses para consertar. Então, infelizmente, a legislação trava muita coisa. Enquanto isso não muda, é preciso buscar outras saídas pois a vida não espera.
Secretário, uma área bem questionada e que dado dor de cabeça ao governo, ao que parece, é a conservação das estradas. No fim do ano passado, o governador e o presidente da Agetop, Jayme Rincon, anunciaram um pacote de obras e investimentos nessa área. O curioso é que foi bem no início do período chuvoso, o que já causou espanto, pois seria difícil cumprir o prometido. Agora, logo no início do ano, a sociedade tem se manifestado contrariada, por meio das redes sociais, com os buracos nas rodovias. A justificativa do governo é exatamente a chuva.O que aconteceu? Foi um erro estratégico do governo?
Daniel Goulart – Acho que os governos precisariam planejar melhor a conservação das estradas. A engenharia está bem avançada. O setor de estudos da própria Agetop tem todos os dados necessários que informam que toda estrada pavimentada, de tempo em tempo, precisa receber uma atenção. Sua conserva. Se os governos não dão essa atenção, deixam para acudir só no momento mais drástico, é um equívoco. É preciso avançar nesse sentido e construir estradas com mais qualidade. Acho que o setor de engenharia do País, em todos os estados, precisam priorizar este patrimônio que é muito caro, por sinal. Mas o governo de Goiás deu a resposta. No ano passado conseguimos construir mais de dois mil quilômetros de estradas, conseguimos auxiliar as prefeituras com o recapeamento urbano, pois muitos prefeitos fazem estradas dentro de um jogo político, sem preocupações com a qualidade, e os recursos são escassos.
Vamos avançar neste ano com mais de dois mil quilômetros, fizemos empréstimos para retomar os trabalhos de construção de rodovias. Tem toda uma programação anunciada pelo governo. Eu diria que o terceiro ano do governo Marconi terá muita atenção na parte de infraestrutura. O Estado que tem uma boa infraestrutura dá competitividade aos seus produtos.
Quando o governo fala sobre estradas totalmente reconstruídas, significa o que (exatamente)?
Daniel Goulart – Se você for conferir, a caba das estradas é toda arrancada e reconstruída. A estrada de Goiânia a Bela Vista não apresenta tantos problemas. Ela foi feita com qualidade. Para isso é preciso que o governo exija mais do empreiteiro, invista mais e cobre mais. Precisamos investir, por exemplo, em balanças para fiscalizar o tráfego.