07 de agosto de 2024
Brasil • atualizado em 20/08/2023 às 21:58

Mãe Bernadete estava no programa de proteção às testemunhas, quando foi assassinada na Bahia

“Os meliantes sabiam os horários que eles, os policiais, iam e atacaram. Tanto que na hora que executou minha mãe, cadê a proteção? A única coisa que ficou foram as câmeras que gravaram”, disse Jurandir Pacífico
Mãe Bernadete, líder quilombola. Crédito: Divulgação/Conaq
Mãe Bernadete, líder quilombola. Crédito: Divulgação/Conaq

Maria Bernadete Pacífico, de 72 anos, foi morta com mais de 20 tiros dentro de sua casa no quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na noite de quinta-feira (18/08). Ela era uma das principais lideranças do movimento quilombola na Bahia e no Brasil, além de ialorixá do candomblé.

Dois homens armados invadiram a residência de Mãe Bernadete, como era conhecida, e dispararam contra ela na frente dos netos e de outras duas crianças. Os criminosos fugiram sem levar nada e ainda não foram identificados pela polícia.

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“Os meliantes sabiam os horários que eles [os policiais] iam e atacaram. Tanto que na hora que executou minha mãe, cadê a proteção? A única coisa que ficou foram as câmeras que gravaram”, disse Jurandir Pacífico, filho da vítima, em entrevista à TV Brasil.

Mãe Bernadete estava no programa de proteção às testemunhas desde 2017, quando seu outro filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho do Quilombo, também foi assassinado a tiros no mesmo local. O crime até hoje não foi solucionado.

Jurandir acredita que a morte da mãe foi um crime encomendado por quem tem interesse nas terras do quilombo, que abriga cerca de 300 famílias e tem uma área de 854 hectares. O quilombo foi reconhecido pelo Incra em 2017, mas enfrenta pressões de grupos ligados à especulação imobiliária e ao polo petroquímico de Camaçari.

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“É crime de mando, crime de execução, não tem para onde correr, igual ao de Binho do Quilombo”, afirmou Jurandir. “Eu já perdi meu irmão, já perdi minha mãe, só resta eu, eu sou o próximo”, concluiu.

Revolta nos movimentos sociais

O assassinato de Mãe Bernadete causou indignação e revolta entre as autoridades e os movimentos sociais. A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), da qual ela foi ex-secretária em Simões Filho, emitiu uma nota de pesar e repúdio ao crime. A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), da qual ela era coordenadora na Bahia, também se manifestou e cobrou justiça.

A publicação tem como fonte: Agência Brasil.


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