Os 323 alunos do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Lyceu de Goiânia vão estudar provisoriamente no Cepi José Honorato, na rua 59, no Centro, durante dois anos. Nesse período, o Lyceu vai estar em obras. A meta é recuperar os estragos na estrutura que maculavam a imagem de escola histórica e modelo que o Lyceu já ostentou.
E quando os alunos voltarem, estarão matriculados na primeira escola pública bilíngue Português-Francês de Goiás. O ensino de francês no Lyceu foi acertado com o Consulado da França no Brasil.
Na noite desta segunda-feira, 31, o governador Ronaldo Caiado assinou a ordem de serviços para a reforma do Lyceu. A unidade tem 86 anos de fundação em Goiânia. Veio transferida da cidade de Goiás na década de 1930, onde funcionava desde o século anterior.
Serão investidos R$ 13,5 milhões no projeto, salientou Caiado, enfatizando a importância do Lyceu de Goiânia. “Não estamos recuperando um colégio apenas, é a história de Goiás”, frisou. O prédio do Lyceu foi construído em estilo clássico art déco e é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O projeto prevê reforma, revitalização, e reestruturação hidráulica e elétrica das dependências em geral e do espaço pedagógico. Segundo o atual diretor da escola, Ricardo Marques Pinto, no final das obras, o Lyceu vai dobrar a capacidade de atendimento, superando 640 alunos matriculados em período integral.
A negociação para o ensino bilíngue foi realizada pela secretária estadual de Educação, Fátima Gavioli que fez o anúncio na cerimônia hoje.
Ela também foi a portadora de uma carta do senador Confúcio Moura, ex-governador de Rondônia, que estudou no Lyceu. Na carta, Moura detalhou de forma poética o tempo vivido na principal escola da cidade.
Entre os presentes, muitos convidados foram alunos ou professore do Lyceu. O ex-prefeito de Goiânia, atualmente superintendente regional do Iphan, Pedro Wilson, era um deles.
Ao Diário de Goiás ele mergulhou no passado e citou colegas de turma, como o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meireles. Pedro Wilson foi matriculado no antigo ensino científico em 1962. Foi presidente do Grêmio Literário Félix de Bulhões, símbolo de mobilização e resistência na época do golpe militar.
Outro ex-aluno e ex-professor, o jurista Jônathas Silva, que ocupou vários cargos importantes no Executivo, também fez sua imersão durante o evento. Ao DG ele disse que foi matriculado em 1960 no antigo ensino clássico, voltado às ciências humanas.
Nas memórias, também destacou a atuação do grêmio e a forte formação política dos estudantes. “Havia concurso para o melhor orador, tamanha a qualidade das turmas e em um deles o escritor Gilberto Mendonça Teles precisou ajudar na escolha do vencedor”, relembrou Jônathas Silva.
Já o deputado estadual José Nelto contou à reportagem que passou na prova de seleção para estudar no Lyceu em 1976. Nas lembranças, o parlamentar disse ter viva a qualidade da Banda Marcial do colégio, “a melhor de Goiás”, mas também citou os times de vôlei e outros esportes que a escola formava.
A filha do ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende Machado, Ana Paula Rezende, representou o pai, que faleceu em 2021. Assim como o ex-prefeito Nion Albernaz, Iris Rezende foi aluno de destaque no colégio. “Meu pai dizia que o Lyceu foi seu berço político, sua primeira vitória eleitoral, para presidente do Grêmio”, contou.
Na mesma linha discursaram outros dois ex-alunos que destacaram a importância de restaurar o Lyceu: o ex-governador Irapuan Costa Júnior e o deputado federal Zacharias Calil.
Dos que não estudaram, mas exaltaram o legado que o Lyceu deixou, falaram o vice-governador Daniel Vilela e o deputado estadual Virmondes Cruvinel, que representou a Assembleia Legislativa.