A senadora Kátia Abreu disse na tarde desta terça-feira (21) ter sido pressionada, quando ministra da Agricultura, pelo ministro da Justiça, Osmar Serraglio, à época deputado federal pelo PMDB do Paraná, a nomear e manter na pasta Daniel Gonçalves Filho, apontado pela Polícia Federal na Operação Carne Fraca como um dos articuladores do esquema investigado.
A indicação para o cargo de superintendente do Ministério da Agricultura, conforme Kátia, caberia à bancada do Paraná no Senado. Contudo, o senador Roberto Requião (PMDB) abriu mão disso. “Inclusive, sugeri à Kátia que nomeasse um nome técnico”, disse o peemedebista.
Além de Serraglio, Kátia afirma que a pressão foi feita em conjunto com outro deputado, Sérgio Souza (PMDB-PR). Segundo ela e Requião, Souza e Serraglio ainda mantêm forte influência sobre o ministério e o funcionamento de frigoríficos do Paraná.
Conforme explicou a agora senadora, Daniel cometeu uma série de desvios de conduta enquanto esteve no cargo. A gota d’água teria ocorrido quando absolveu, sem poder, um servidor que estava sendo punido pela corregedoria do Ministério da Agricultura, por roubar combustível.
Nesse momento, a senadora disse ter decidido afastar Daniel Gonçalves. “Aí o mundo veio abaixo”. Ela diz ter sofrido pressão dos então deputados para mantê-lo no cargo, mas optou pelo afastamento.
“Esse cidadão que foi nomeado tinha processos administrativos no ministério. E eu nunca vi, em todo esse período em que lá estive, e nunca tive notícias de uma pressão tão forte para tirar esse bandido de lá. São dois deputados desse partido, mas insistiram para que a lei não fosse cumprida ao ponto de eu ter que ligar para a presidente Dilma e dizer a minha decisão de demitir e as consequências políticas que eu ia arcar”, disse a senadora na tarde desta terça em pronunciamento do plenário do Senado.
Procurados, nem o ministro Osmar Serraglio, nem o deputado Sérgio Souza retornaram aos questionamentos da reportagem até as 18h. (Folhapress)