O grupo de trabalho do Programa Juntos pelo Araguaia apresentou, nesta segunda-feira (16), na Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), a versão preliminar de identificação de áreas prioritárias para a recuperação ambiental de vegetação nativa e de conservação de solo e água na bacia hidrográfica do Alto Rio Araguaia.
O financiamento é do Ministério do Desenvolvimento Regional. A identificação das áreas prioritárias está sendo realizada pela Universidade Federal de Viçosa. Em parceria com as universidades e instituições que participam do grupo de trabalho do Juntos pelo Araguaia, a UFV está identificando áreas nos 27 municípios dos estados de Goiás e de Mato Grosso que compõem a fase I do programa.
Entre os mais de 30 participantes da reunião durante todo o dia estavam, além do grupo da UFV, professores da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Estadual de Goiás (UEG), representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), Instituto Espinhaço e corpo técnico da Semad.
O levantamento é o mais completo raio-x já realizado na região do Alto Rio Araguaia, uma vez que analisa não apenas os aspectos ambientais, mas também sociais, para identificar as principais vulnerabilidades de cada município. As equipes da UFV percorreram cerca de 2 mil quilômetros nos dois Estados para montar o retrato atual da bacia. O chamado Índice de Vulnerabilidade Socioambiental (IVSA) foi produzido por meio do cruzamentos de dados ambientais e sociais.
Dentre as variáveis ambientais, foram identificados fatores como adequação do uso do solo, focos de calor e o potencial de erosão do solo. Nos aspectos sociais, foram analisados dados sobre alfabetização, condições de infraestrutura e moradia (saneamento, energia elétrica, acesso a água, aluguel), além da renda familiar.
A secretária Andréa Vulcanis destaca a preocupação com a vulnerabilidade social inserida pelo grupo de trabalho da UFV no projeto. “Uma das grandes preocupações do governador Ronaldo Caiado é exatamente o aspecto do desenvolvimento sustentável. Existe toda uma população que sofre mais caso a bacia esteja degradada”, afirma. “Ao inserir uma variante social ao projeto, podemos criar bases para que regiões com baixo índice de desenvolvimento saiam do esquecimento e possam, efetivamente, crescer, alavancadas a partir da recuperação da bacia”, avalia.
Andréa Vulcanis comemorou a integração promovida durante a reunião entre profissionais e representantes de diversos setores da academia, poder público e setor produtivo. “Nós tivemos discussões técnicas e científicas de alto nível”, afirma. “Assim que o estudo de áreas prioritárias e, na sequência, o projeto executivo estiver concluído, que possamos aportar o projeto em solo já com as recuperações das áreas tão importantes para a revitalização do nosso belo Rio Araguaia”, destaca.
Segundo o coordenador do grupo de trabalho, o professor José Ambrósio Ferreira Neto, nesta terça-feira (17/12) será feita a apresentação para a comunidade acadêmica do Mato Grosso. “Essa participação dos professores e do corpo técnico é essencial para elaborarmos, de forma coletiva, um projeto que se preocupe com todos os aspectos sensíveis às comunidades durante a revitalização da bacia”, disse.
O próximo passo do grupo de trabalho será realizar visitas aos municípios para debater a metodologia e finalizar os últimos detalhes da elaboração do projeto de execução. “Faremos reuniões públicas para discutir a aplicação das ações previstas no projeto executivo”, diz o professor José Ambrósio. “Acreditamos que esta fase de diálogo é fundamental para que as ações tenham compreensão da população e sejam abraçadas por todos”, destaca ele.
Recuperação
O Juntos pelo Araguaia foi lançado no dia 5 de junho, em Aragarças (GO), com presenças do presidente da República, Jair Bolsonaro, e dos governadores Ronaldo Caiado e Mauro Mendes (MT). Ao longo dos próximos anos, o programa atuará na recomposição florestal, conservação de solo e água, além de ações paralelas nos municípios envolvidos.
A primeira etapa do programa fará a recuperação de 10 mil hectares da bacia hidrográfica, sendo 5 mil em Goiás e 5 mil no Mato Grosso. O investimento, da parte de Goiás, gira em torno de R$ 250 milhões. O projeto conceitual foi desenvolvido pelo Instituto Espinhaço, por meio de acordo de cooperação técnica com os Estados de Goiás e Mato Grosso.
Com 2.115 quilômetros de extensão, a bacia hidrográfica do Rio Araguaia banha quatro Estados brasileiros. Diante da importância ecológica, turística, socioeconômica e cultural, o Programa Juntos pelo Araguaia surge com o propósito de proteger todo esse patrimônio, e também propor novos modelos de desenvolvimento sustentável.
Concebida como uma iniciativa de médio e longo prazos, a ação vai atuar na conservação do solo (como a implantação de bacias de contenção de águas de chuvas e sedimentos), no terraceamento de pastagens e áreas agrícolas (para aumento da infiltração e direcionamento de canais de escoamento superficial) e recomposição florestal de áreas de preservação permanente. Paralelo a isso, serão desenvolvidas ações que vão influenciar diretamente na qualidade de vida da população do Vale do Araguaia.