No auditório 02 da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), neste sábado (05), o Partido dos Trabalhadores (PT) promoveu um encontro de novos filiados em Goiânia com a participação do ex-ministro José Dirceu (PT). O ex-ministro e fundador do PT foi recebido com muito carinho pela militância petista, que lotou o auditório e estava ávida para ouvir suas análises de conjuntura. Durante o discurso, entre palavras de ordens e homenagens, ele abordou os principais temas da geopolítica, soberania nacional e as estratégias do PT para as próximas eleições de 2024. Ao final, Dirceu concedeu uma entrevista, ao Diário de Goiás e ao Onze de Maio, na qual falou sobre os desafios do PT em diferentes cenários políticos, tanto nacionais quanto internacionais.
Ao ser questionado sobre o desafio do PT nas capitais, grandes cidades e pequenas localidades, José Dirceu ressaltou a importância de retomar e fortalecer uma frente de esquerda e centro-esquerda, bem como uma frente ampla, visando a eleição de prefeitos, vereadores e representantes que sejam anti-bolsonaristas e que apoiem o governo do presidente Lula. O objetivo central é preparar as condições para elegê-lo novamente em 2026, buscando recuperar a trajetória ascendente do partido que ocorreu entre 2000 e 2014, além do sucesso alcançado em 2016 nas prefeituras.
“Retomar e fortalecer uma frente de esquerda, de centro-esquerda e a própria frente ampla para eleger prefeitos e prefeitas, vereadores e vereadores, anti-Bolsonaristas e que apoie o governo do presidente Lula. Preparar as condições para elegê-lo em 2026. O PT retomar a ascensão que ele teve de 2000 até 2014, até 2016 no caso das prefeituras, mas o objetivo principal é fortalecer o governo Lula e derrotar o bolsonarismo e consolidar a aliança nossa com a esquerda, com a centro-esquerda e com a frente ampla.”, sublinhou José Dirceu.
Em relação sobre a governabilidade do presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) e um suposto semipresidencialismo, comandado pelo presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP), José Dirceu esclareceu que o Brasil vive a realidade do presidencialismo, uma vez que o presidente Lula exerce a presidência da república legitimamente, com o respaldo da vontade popular que o elegeu. Ele reforçou que a correlação de forças e o equilíbrio entre os poderes dependem muito da liderança, força e popularidade do presidente, e no caso de Lula, esses fatores tendem a se fortalecer dada a aprovação popular do seu bem-sucedido governo.
“Nós estamos vivendo a vontade popular. O povo elegeu o Lula presidente e elegeu um congresso de centro-direita. Essa é uma realidade que nós temos que convivê-la agora. No Brasil não existe semipresidencialismo, no Brasil não existe parlamentarismo nem semiparlamentarismo. No Brasil existe presidencialismo e o Lula exerce a presidência da república que deixa isso claro no próprio exercício do cargo que ele legitimamente tem. Eu já disse, que a correlação de força, o equilíbrio entre os poderes e dentro dos poderes depende muito da força, da liderança e da popularidade do presidente. E no caso do presidente Lula, cada vez a sua liderança, a sua força, a sua popularidade vai ser maior, até porque o governo está sendo bem-sucedido e vai ter maior aprovação popular.”, esclareceu Dirceu.
O ex-ministro da Casa Civil enfatiza a importância da soberania nacional e a necessidade de união em torno dessa questão. Ele destaca a competição entre países capitalistas e questiona a posição do Brasil nesse contexto. Além disso, menciona que a escolha entre ser uma neocolônia ou um país soberano é uma decisão crucial para o povo brasileiro nos próximos anos. Por fim, ele ressalta a complexidade do assunto, mas aponta a condução atual do governo, liderado pelo presidente Lula, como alinhada com essa preocupação.
“O que o presidente Lula e nós estamos tentando procurar convencer o Brasil, é que certas questões que são da soberania nacional e da retomada do projeto de desenvolvimento nacional, tem que ser, com muita unidade. Buscar uma coesão social e unidade, porque no mundo de hoje, os países que não o fizerem, os próprios países capitalistas estão fazendo, cuidar de si mesmo. Essa é uma questão que está colocada para o Brasil. Daqui dez anos o Brasil quer ser uma neocolônia ou quer ser um país soberano independente? Essa é uma questão de fundo, que é mais complexa, mas que está na atualidade também da condução que nós estamos dando para o governo do Brasil.”, indaga o líder petista.
Sobre o tema da soberania nacional e sua relação com as Forças Armadas, José Dirceu afirmou que as próprias Forças Armadas do Brasil e a Constituição do país desempenham um papel importante nesse contexto. Ele destacou a necessidade de atualizar a política de defesa nacional e a estratégia de defesa do Brasil, já que o mundo geopolítico e tecnológico está em constante transformação. Entretanto, ressaltou que o papel das Forças Armadas não deve se confundir com atividades políticas partidárias, e elas devem estar subordinadas ao comando do chefe das Forças Armadas e à Constituição.
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“Esse tema das Forças Armadas depende muito das próprias Forças Armadas e da Constituição do país. Nós vamos cumprir o que está na Constituição, não existe poder moderador, as Forças Armadas estão dentro do Estado e as Forças Armadas precisam mudar, porque o mundo é outro e as Forças Armadas ainda não estão atualizadas para esse mundo novo geopolítico e tecnológico que surgiu. Então tem temas que vão começar a ser discutidos agora que nós precisamos rever. A política de defesa nacional e a estratégia de defesa nacional. E atualizar a concepção e o papel das Forças Armadas do Brasil. Porque a outra questão está resolvida. O Supremo já disse, e a Constituição é clara, as Forças Armadas não podem fazer política, não pode ter política partidária, e elas não são um poder morador, nem um Estado dentro do Estado. Elas têm que submeter o comandante chefe das Forças Armadas e a Constituição.” falou Dirceu.
A entrevista também abordou a atuação do presidente Lula no contexto do mundo multipolar. José Dirceu enfatizou que Lula exerce o poder que o Brasil possui, sendo uma potência ambiental, civilizatória e política, mesmo não sendo uma potência militar.
“O Lula exerce o poder que o Brasil tem. O Brasil é uma potência, não é uma potência militar, mas é uma potência ambiental, civilizatória, política. O Brasil tem riqueza, tem tamanho, tem população, tem história. Para ter uma presença do mundo, o Lula está exercendo. Um vazio de liderança que existe no mundo e no mundo novo, que é um mundo multipolar, que vai precisar de uma nova governança.”, destacou o ex-ministro.
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Ele explicou que a liderança de Lula encontra receptividade em muitos países, pois o presidente defende questões cruciais como o fim da desigualdade, a paz em conflitos como o da Ucrânia, a redução dos gastos militares e o fortalecimento da integração e questões ambientais na África, Ásia e América Latina.
O encontro de filiados do PT em Goiânia foi uma oportunidade para o partido discutir os caminhos que pretende trilhar para enfrentar os desafios políticos atuais. José Dirceu se mostrou otimista quanto à retomada do crescimento do PT e a consolidação de suas alianças com as forças progressistas para fortalecer o governo Lula e garantir uma melhor governabilidade para o atual governo.