O italiano Cesare Battisti,. condenado por terrorismo em seu país, foi detido nesta quarta-feira (4) na fronteira do Brasil com a Bolívia, na cidade de Corumbá (MS).
Policiais disseram à reportagem que Battisti foi conduzido à sede da Polícia Federal na cidade sul-matogrossense por estar com mais de R$ 10 mil em espécie, valor superior ao permitido.
Ainda conforme os policiais, ele não portava comprovante para levar este valor. O fato, segundo apurou a reportagem, configura uma infração, e não crime de evasão de divisas.
De acordo com os relatos obtidos pela reportagem, Battisti, ao tentar cruzar a fronteira com a Bolívia, também não declarou o dinheiro.
Segundo nota divulgada pela Polícia Federal, ele foi retido num táxi boliviano no momento em que tentava sair do país.
A expectativa é que Battisti passe por uma audiência de custódia em no máximo 48 horas. O juiz decidirá se ele será liberado ou não.
Um dos advogados do italiano foi à sede da PF em Corumbá, mas não havia se pronunciado até as 20h.
TERRORISMO
O italiano foi condenado em seu país à prisão perpétua por quatro assassinatos nos anos 70, quando integrava o partido Proletários Armados para o Comunismo, grupo de extrema esquerda.
Battisti fugiu da Itália e, em 2004, veio para o Brasil. Foi preso em 2007 e, em 2009, o STF autorizou a extradição, que foi negada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, no último dia de seu governo.
De acordo com a defesa de Battisti, há várias tentativas ilegais de enviá-lo para o exterior. Na semana passada, seus advogados entraram com pedido de habeas corpus no STF (Supremo Tribunal Federal) para impedir sua eventual extradição, deportação ou expulsão do Brasil.
“Desde 2016, com as mudanças ocorridas no Poder Executivo, os advogados afirmam que há notícias de que o governo italiano pretende intensificar as pressões sobre o governo brasileiro para obter a extradição”, informa o STF.
Na semana passada, o jornal “O Globo” noticiou que o governo da Itália apresentou pedido para que o presidente Michel Temer reveja a decisão de Lula.
Em 2015, Battisti casou com uma brasileira. O casal tem um filho “que depende econômica e afetivamente dele, o que impede a sua expulsão”, afirma a defesa.
O relator do caso no Supremo é o ministro Luiz Fux. Não há prazo para ele decidir sobre o pedido.
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