A influenciadora Aline Bardy Dutra, 45 anos, conhecida nas redes sociais como comunicadora popular “Esquerdogata”, é o assunto das redes sociais desde que foi filmada por policiais militares, aparentemente embriagada, proferindo ofensas racistas, e palavras de discriminação econômica e cultural contra os PMs. A atitude da influenciadora repercutiu inclusive entre perfis de esquerda que não aliviaram as críticas.
Aline foi presa no sábado (25) após supostamente injuriar racialmente um PM, componente de uma equipe do 51º Batalhão do interior de São Paulo. O PM, que é negro, participou de uma operação de fiscalização em Ribeirão Preto, e prendeu um homem também negro. Por isso teria sido alvo de ofensas vindas da influenciadora.
Ela teria dito: “Um preto querendo f…. outro preto”, como consta em relatório da PM obtido pelo portal Metrópole. Em seguida ela recebeu voz de prisão da equipe que passou a gravar o episódio. O vídeo foi compartilhado por centenas de pessoas de Ribeirão Preto e outras localidades.
“Minha sandália vale o carro de vocês”, disse “Esquerdogata”
Irritada com a detenção, e com visíveis sinais de embriaguez, o que a própria influenciadora admite enquanto o vídeo é gravado, Aline Bardy passa a ofender e desacatar os outros PMs com frases preconceituosas sobre salário e cultura.
Em mais de um momento, ela afirma aos policiais contar com 1 milhão de seguidores nas redes sociais. No Instagram, até o fim da manhã desta segunda-feira, Aline era seguida por 878 mil perfis.
“Vai tomar no meio do seu c… Você tem noção de quem é você e quem sou eu? […] Você não tem dinheiro nem para falar com meu advogado […],” diz em determinado momento.
Em outro trecho dos registros, ela passa a chamar um dos policiais de “fascistinha” e diz que se recorda dele em uma audiência, “quando você falou um monte de palavra errada, sem conjugar verbo, lembra?”.
E continua com as falas desrespeitosas: “Sabe que uma militante ser presa, isso vai me fazer deputada federal? Vou mandar em vocês tanto. Você é um policialzinho, ganha licença-prêmio?”, continuou.
Ela ainda diz que os policiais ganham R$ 3 mil por mês e passa listas seus bens com sandálias de grife e viagens internacionais. Dentro da viatura, aparece se debatendo contra a porta do recinto de detidos, como se chutasse para abrir.
Entre os que muitos que se manifestaram, o também influenciador de esquerda, Luciano Carvalho, compartilhou trechos do vídeo lamentando as falas de Aline e declarando solidariedade aos policiais.
Arrependimento e pedido de desculpas
Nesta segunda-feira (27), por meio de sua defesa, Douglas Eduardo Marques e Roberto Bertholdo, a influenciadora afirmou que pretende procurar pessoalmente o PM a quem dirigiu as ofensas e pedir desculpas, e também “a quem mais se dirigiu de forma hostil”, inclusive seus seguidores.
Segundo o portal, eles admitiram em nota os “excessos [desacato]” da cliente e justificaram, dizendo que “foram cometidos em decorrência do uso social de álcool logo após ter se utilizado de medicamentos de uso controlado, somados ao pânico que lhe é provocado pela conduta, muitas vezes excessiva, da Polícia Militar do estado de São Paulo”.
Influenciadora diz que ela não se lembra dos fatos e que está devastada
Aline alegou não se recordar “de nada do acontecido”, e que, após ver o vídeo divulgado pelo Metrópoles, “se encontra emocionalmente devastada”.
Na audiência de custódia, realizada no sábado, a Justiça de São Paulo concedeu liberdade provisória para ela com a aplicação de medidas cautelares de recolhimento domiciliar noturno e comprovação, a cada 60 dias, de tratamento psiquiátrico, devido à bipolaridade e uso das medicações sertralina e quetiapina, alegado pela influenciadora. O prazo de vigência para medida é de um ano, podendo ser alterado pelo juiz.
A influenciadora deve responder por preconceito racial, resistência e desacato. Segundo a CNN Brasil, Aline já responde por outros episódios de desacato e desobediência a policiais.
Nas redes sociais, ela se autodenomina de “Esquerdogata” e produz diversos conteúdos contestando posicionamentos e práticas de adversários que estão ideologicamente em lados opostos aos dos partidos de esquerda. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e o deputado federal Nickolas Ferreira (PL-MG) são alguns dos principais alvos. Nikolas inclusive já processou a influenciadora.
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