23 de dezembro de 2024
Saúde

“Infecção generalizada já é a 3ª causa de mortes no Brasil”, diz médica goiana

Enquanto que nos Estados Unidos e Inglaterra, a mortalidade é de 15%. Austrália e Nova Zelândia, 18%, no Brasil, é de 56%
Em entrevista para O Globo, a goiana Ludhmila Hajjar fala sobre mortes por infecção generalizada, que vem crescendo no país. (Foto: reprodução)
Em entrevista para O Globo, a goiana Ludhmila Hajjar fala sobre mortes por infecção generalizada, que vem crescendo no país. (Foto: reprodução)

Números de mortes por infecção generalizada tem assustado no Brasil. Em entrevista para O Globo, a médica goiana Ludhmila Hajjar, que é cardiologista, emergencista, intensivista e e diretora da Cardiologia do Vila Nova Star, em São Paulo, essa causa de óbitos já é a 3ª no país. Enquanto que nos Estados Unidos e Inglaterra, a mortalidade é de 15%. Austrália e Nova Zelândia, 18%, no Brasil, é de 56%, afirma a especialista.

A reportagem ainda cita casos em que pessoas públicas como Madonna, Preta Gil e MC Marcinho, Stênio Garcia e Dennis Carvalho tiveram quadros de infecção generalizada (sepse). Situação, inclusive, é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma crise de saúde global, atinge cerca de 50 milhões de pessoas por ano e, destas, matando 11 milhões.

Dos que sobrevivem, pesquisas mostram que de 30 a 40%, ou seja, quase metade, acabam ficando com sequelas que demandam reabilitação, como fraqueza e incapacidade. isso por que o tempo de internação destes pacientes costuma ser longo, além de gerar custos gigantescos para o sistema de saúde público.

Ainda na entrevista, a médica goiana reforçou que, para a infecção generalizada, o ambiente hospitalar tem sua responsabilidade. “Porém a sepse não ocorre apenas em decorrência de infecções hospitalares. Aliás, no mundo, em termos de prevalência, a maioria dos casos de sepse é causada por infecções comunitárias. Mas as infecções hospitalares têm um risco maior ainda porque geralmente são bactérias mais resistentes”, afirma.

Hajjar completa, dizendo que “a melhor definição de sepse é uma infecção generalizada decorrente de uma resposta imunológica aberrante – que não funcionou e é exacerbada – à infecção. Ela acaba alterando o funcionando dos órgãos e sistemas e é por isso que boa parte dos pacientes morre e morre de falência orgânica, que antigamente era chamada de síndrome da disfunção orgânica aguda de órgãos”, diz.

A médica também lembra que as sepses mais comuns vem de infecção do trato urinário, respiratório (pneumonia), infecção gastrointestinal ou infecção de ferida pós-operatória ou de pele. “Tudo começa com uma infecção localizada que começa a generalizar. A maior parte dos casos ocorre devido a uma infecção bacteriana. Mas também pode ser causada por vírus, fungos e até parasitas”.

Para tratar, porém, a especialista afirma se tratar de algo relativamente simples. “O tratamento básico envolve a administração de soro, antibiótico precoce, vasopressor e colocar esse paciente na UTI”. A questão é que precisa ser rápido e esse é o grande “gargalo”, afirma ela. “É fundamental implementar protocolos nos hospitais para o diagnóstico e tratamento de sepse, como já acontece com condições como infarto e AVC, e ensinar médicos e profissionais da saúde no Brasil todo”, conclui a médica.


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