O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (18) que está sofrendo “suprema humilhação” e que é alvo de uma “perseguição política”. A fala foi logo após ele deixar a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, depois de ser alvo de mandados de busca e colocação imediata de tornozeleira eletrônica para monitoramento de medidas restritivas.
Em entrevista coletiva o ex-presidente se declarou vítima e atacou mais uma vez o Judiciário, onde responde por tentativa de golpe de Estado. Ao se referir às medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a pedido da Polícia Federal, ele afirmou:
Estou sendo perseguido. Não tem nada de concreto. A Procuradoria Geral da República [é que] foi além” – Jair Bolsonaro
Entre as restrições estão o uso de tornozeleira eletrônica, toque de recolher noturno e proibição de contato com os filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro. Moraes aponta afronta grave à soberania nacional financiada pelo ex-presidente visando apenas escapar de punição, sem se preocupar com a agressão aos poderes e à economia brasileira.
Ao se vitimizar, Bolsonaro disse que nunca pensou em deixar o Brasil e que as medidas impostas aumentam seu sentimento de humilhação. “Estou me sentindo humilhado, não posso falar com o meu filho Eduardo também. É uma humilhação”, repetiu.
Sobre a proibição de manter contato diplomático, já que segundo aponta a denúncia, estaria articulando punições de outros países contra o Brasil para se beneficiar, como ocorreu com o tarifaço de Trump, o ex-presidente não contou o assunto nem citou quem, mas confirmou que tinha um convite para encontrar embaixadores, previsto para a próxima semana. “Foi uma surpresa pra mim hoje”, declarou.
“Pen drive? Não sei!”, afirma Bolsonaro
Ele também foi questionado sobre o teor de um pen drive encontrado pelos agentes da PF no banheiro de sua casa. Informações extra-oficiais indicaram que o conteúdo teria a ver com a atuação do STF. Bolsonaro respondeu: “Pen drive? Não sei!”.
Já sobre o dinheiro encontrado, ele confirmou que tinha 14 mil dólares em espécie na residência. “Sempre guardei dólar em casa. É normal”, justificou.
Irônico, Bolsonaro disse que “até os adversários” sabem da honestidade dele e ainda afirmou que pretende buscar apoio no exterior para negociar o tarifaço do presidente americano Donaldo Trump. “Me dá meu passaporte que eu busco audiência com os Estados Unidos”, declarou, ignorando as restrições impostas nesta sexta pelo STF.
Pedido de Flávio é um risco para o pai
Enquanto isso, o senador Flávio Bolsonaro (PL) pode ter complicado ainda mais a situação do pai ao pedir que Donald Trump suspenda o tarifaço contra o Brasil. Ele publicou mensagens nas redes sociais com esse teor.
Entretanto, caso o presidente dos EUA atenda o pedido, vai confirmar que não havia mesmo nenhum motivo econômico para as ameaças e que apenas atendeu à articulação política bolsonarista, fazendo ingerência direta e injustificada em país alheio. No Judiciário brasileiro isso pode reforçar a percepção de ação financiada pelo pai para o irmão, Eduardo, tramar nos EUA, visando pressão para isentar o ex-presidente de punições pela tentativa de golpe de que é acusado.
O envio de R$ 2 milhões para o filho, já admitido por Bolsonaro em depoimento no STF, foi feito, segundo ele com parte dos R$ 17 milhões doados via Pix por bolsonaristas que pretendiam ajudar o ex-presidente a pagar multas que ele recebeu durante a pandemia de Covid-19.
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