Em entrevista a Altair Tavares, a presidente do PSDB em Goiânia, a vereadora Aava Santiago destacou a relevância política de Marconi Perillo, líder nacional do partido, na região noroeste de Goiânia. Segundo a parlamentar, com base nas pesquisas, a impressão é de que Marconi é o “herdeiro natural de Iris na região noroeste”, afirmou, defendendo que, após Iris, Perillo é o único político a estabelecer uma identificação tão forte com a região.
Aava também explicou na entrevista que Marconi Perillo não é uma opção do PSDB para disputar a prefeitura de Goiânia, mas que ele irá participar da campanha como apoiador do pré-candidato Matheus Ribeiro (PSDB). “A presença dele, construindo candidaturas, construindo debate, aconselhando as pessoas que estão perto dele, sem dúvida vai fazer uma diferença para qualificar esse processo eleitoral”, pontua Santiago.
A vereadora conta que, mesmo com o apoio de Marconi, a transferência de votos não é algo garantido. “Nós que conhecemos o processo de uma construção sabemos que não existe transferência de voto automático. O que existe é uma construção de uma agenda política em que as pessoas identifiquem no candidato do partido os traços que elas identificavam no governo do Marconi e isso é possível de fazer”, explicou.
Durante a entrevista, Aava mencionou exemplos passados em que políticos conseguiram eleger sucessores e transferir votos, destacando a importância das entregas feitas por Marconi durante seu mandato como governador. “Não tem nenhum candidato que tenha feito tantas entregas pela cidade como o Marconi fez como governador. Estão guardadas as semelhanças e as diferenças, o jogo está sendo jogado e é absolutamente possível que essa construção aconteça”.
Altair Tavares: A senhora tem argumentado que Marconi Perillo seria uma opção do PSDB para disputar a prefeitura de Goiânia, por alguns dados. Baseado em que senhora tem feito essa defesa?
Aava Santiago: Na verdade, eu não tenho feito essa defesa. Eu nunca falei sobre isso. Eu, pelo contrário, acho que os indicadores que averiguamos a partir de pesquisas apontam que o Marconi é uma figura muito forte em Goiânia, mais do que poderia se esperar a partir de uma percepção baseada, por exemplo, na eleição passada. É claro que os números já vinham mostrando isso.
Em 2018, um momento muito delicado na jornada dele refletiu na eleição de 2020. Em 2018 ele teve 25 mil votos para senador em Goiânia e em 2022 ele teve 100 mil votos para senador em Goiânia. De 2022 para cá, essa percepção das pessoas acerca daquilo que ele fez foi melhorando, as pessoas foram se recordando do que é um gestor que entrega política pública, que faz governo, que se relaciona, que entrega resultados.
Então, os números que averiguamos nos deixaram, obviamente, boquiabertos de identificar, por exemplo, um Marconi na liderança na região do noroeste. 22 pontos a frente do Vandelan, a frente do Gayer, a frente da Adriana, o que indica, inclusive, uma memória compartilhada com o legado de Iris Rezende, porque é uma região da cidade em que governo é mais importante que discurso, e é isso que liga o interesse político daquelas pessoas, daquela região da cidade pelo Marconi.
Eu advogo que o PSDB em Goiânia está mais forte do que nunca, tem condições de entrar na disputa de maneira forte e, sendo nosso candidato, o Matheus Ribeiro, nós temos um baita ativo político-eleitoral. Afinal de contas, nós temos um ex-governador do Estado, agora presidente nacional do partido, que figura sempre nos primeiros lugares das principais pesquisas de intenção de voto.
Altair Tavares: Então, o Marconi seria o chamado ‘puxador’, a referência? Ele de fato não pode ficar de fora da campanha?
Aava Santiago: Embora muita gente tenha em algum momento partido da suposição de que ele ficaria ausente, na verdade, ele já teve um período de realinhamento, mas nunca esteve ausente. Eu digo falando da minha própria história, que fui candidata a vereadora em 2020 porque ele me convenceu a ser. As circunstâncias eram muito desfavoráveis para mim, sem recursos financeiros, pandemia e um filho de um ano, e ele me convenceu a ser.
Então, agora mais do que nunca, esse ativo político é muito significativo, não só para o partido e para o nosso pré-candidato, que é o Matheus. Esse ativo é muito importante para a cidade, porque a gente sente, não só através da Câmara, mas na leitura das pesquisas e conversando com as pessoas, que o goianiense está sentindo falta de quem propõe um debate sobre a cidade, com propriedade, com convicção, conhecendo e tendo um histórico de entregas.
Então, acho que a presença dele, construindo candidaturas, construindo debate, aconselhando as pessoas que estão perto dele, sem dúvida vai fazer uma diferença para qualificar esse processo eleitoral.
Altair Tavares: Ele estando na direção nacional, não seria exigir muito dessa presença exclusiva dele aqui?
Aava Santiago: Ele dá conta. Ele governou Goiás por quatro vezes e essa era uma das principais marcas de que ele estava em vários lugares praticamente ao mesmo tempo. Ficou uma marca muito positiva de governador municipalista em um estado tão grande como Goiás, com 246 municípios. Ele mantinha uma relação muito estreita com todos, inclusive com prefeitos em tese de oposição, porque governador não tem prefeito de oposição, isso é só para candidato.
Então ele construiu isso e agora trago outro exemplo. Eu estou como presidente aqui do partido em Goiânia e eu falo com o Marconi todos os dias. E ele está rodando o Brasil, está resolvendo problemas, conflitos internos e diretórios de outros estados, mas sem jamais perder a atenção com o seu estado.
Altair Tavares: Dentro dessa perspectiva de aumento de números. Os números conseguidos por Marconi Perillo aqui em Goiânia automaticamente vão para um candidato do PSDB?
Aava Santiago: Nós que conhecemos o processo de uma construção sabemos que não existe transferência de voto automático. O que existe é uma construção de uma agenda política em que as pessoas identifiquem no candidato do partido os traços que elas identificavam no governo do Marconi e isso é possível de fazer. Mas o candidato, que no caso é o Matheus, tem as suas características, tem a sua própria forma de comunicar aquilo que pretende fazer.
Não digo por mim, eu digo pelo histórico que Marconi fez o Alcides, o Marconi como governador elegeu um governador na época desconhecido que inclusive as pessoas achavam que não iria nem chegar no segundo turno e houve uma virada de entendimento naquele processo. Eu estou comparando a eleição de agora, em que ele não é governador, com aquela eleição em que ele estava gozando de aprovação popular? Óbvio que não, eu tô trazendo um exemplo de que é possível sim.
A gente já viu isso acontecer, a gente já viu o Iris eleger o Paulo Garcia, a gente já viu políticos elegerem sucessores e transferirem votos. ‘Aava, mas o Iris era o prefeito, Paulo era vice, é muito diferente do Matheus, por exemplo, receber a intenção de voto no Marconi’, sim, mas essa eleição também é muito diferente porque essa eleição até agora não tem nenhum candidato que tenha identificação com a cidade.
Então, não tem nenhum candidato que tenha feito tantas entregas pela cidade como o Marconi fez como governador. Então, guardadas as semelhanças e as diferenças, o jogo está sendo jogado e é absolutamente possível que essa construção aconteça.
Altair Tavares: Você usou a expressão de que Marconi seria um novo íris considerando a situação na região Noroeste de Goiânia. Explique melhor, qual foi a frase efetiva?
Aava Santiago: Eu disse que a impressão que os números nos davam é de que ele era o herdeiro natural de Iris na região noroeste. Justamente porque não houve, depois de Iris, nenhum político que tenha surgido no qual a região tenha identificado os traços que fizeram dessa região da cidade, a região que sempre deu a vitória esmagadora para Iris.
E agora eu, às vezes, confundo a persona vereadora com a socióloga, mas a análise é de que a região da cidade em que as entregas efetivas de governo são cruciais para o seu desenvolvimento é justamente a região da cidade que mais vai se vincular a gestores que têm um laço de credibilidade com entregas de governo.
Por isso, a região noroeste se desenvolveu ao redor e a partir de uma percepção de que Iris Rezende daria conta de solucionar os seus problemas como de fato deu, de atender as suas demandas como de fato deu. E depois de Iris, não houve até agora, a partir dos números, nenhuma identificação tão forte da região noroeste com outro player no estado de Goiás, como acontece agora com o Marconi Perillo.