07 de agosto de 2024
Jornalismo

Grande imprensa decide não divulgar identidade de autores de massacres, como o de Blumenau; entenda

Decisão partiu de pesquisas e recomendações que mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência
Tanto em pronunciamento nesta quarta-feira (5) no Jornal Nacional, quanto em publicações feitas em redes sociais e sites, a deliberação foi a mesma. (Imagens: reprodução)
Tanto em pronunciamento nesta quarta-feira (5) no Jornal Nacional, quanto em publicações feitas em redes sociais e sites, a deliberação foi a mesma. (Imagens: reprodução)

Após a prisão do homem de aproximadamente 25 anos, que invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, Santa Catarina, matando quatro crianças nesta quarta-feira (5), a grande imprensa decidiu não revelar a identidade e outros dados sobre ele. Jornais de circulação nacional como o Estadão, veículos como o G1 e grupo O Globo explicaram os motivos pelos quais não iriam mostrar imagens e informar dados como nome ao leitores, internautas ou telespectadores.

A premissa informada pelos veículos é a mesma: a de que pesquisas e recomendações que mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência. A redação do Estadão, por exemplo, divulgou nas redes sociais uma nota. Confira na íntegra.

“O Estadão decidiu não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque, embora ele seja maior de idade. Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência.

Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada como um “troféu” dentro dessas redes.

Pelo mesmo motivo, também não foram divulgados vídeos do ataque em uma escola estadual na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, no último dia 27 de março.”

Já em no Jornal Nacional, da TV Globo, o jornalista William Bonner também explicou sobre este “efeito contagio” e o motivo de não divulgarem fotos e nomes de criminosos, a partir de agora. A justificativa usada é a mesma do Estadão. Assista ao vídeo.

Esse chamado “efeito contágio”, principalmente em noticiários sangrentos, que existem em muitas emissoras no Brasil e que mostraram a identidade do assassino de Blumenau, tende a gerar mais ocorrências. isso se torna a “santificação” dos agressores, por exemplo, as referências aos assassinos de Columbine (EUA) e Suzano (Brasil) tratam ele como “heróis” em fóruns secretos da internet.

Apesar da imprensa agir desta forma, são várias as mudanças que deveriam ocorrer na sociedade para que chacinas como essas parem de acontecer imediatamente. é necessário haver mudanças na política, principalmente em relação às armas, aumento no efetivo de segurança das escolas e alterações na internet para evitar que a rede reúna estes tipos de pessoas online.

Infelizmente, diferente de grande parte da imprensa que age rapidamente pelo bom senso, as outras mudanças deverão demorar muito para acontecer.

O que se sabe até agora do ataque à creche em Blumenau

O criminoso responsável pelo ataque a creche em Blumenau responderá por quatro homicídios triplamente qualificados e quatro tentativas. Vale lembrar que os mortos foram três meninos e uma menina, com idades entre 5 e 7 anos. O ataque também deixou ao menos três crianças feridas, uma delas em estado grave. Todas foram encaminhadas para hospitais da região.

De acordo com as autoridades, o assassino chegou à creche em uma moto, pulou o muro e escolheu as vítimas aleatoriamente. Ao perceber que as professoras se trancaram em salas para proteger as crianças, ele fugiu pulando o muro e foi ao 10º DP, onde se entregou.


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