O estado de Goiás tem enfrentado uma das piores secas das últimas três décadas, aponta monitoramento por satélite realizado pela EarthDaily Agro, uma empresa de inteligência artificial. Ele revela que praticamente não choveu nos últimos 43 dias no estado. Mostra também que, desde o início de março, o volume acumulado no período ficou abaixo de 0,5 milímetros.
“Este é o menor índice de precipitação chuvosa registrado nos últimos 30 anos”, conclui o relatório da empresa. Uma informação triste para um estado que tem sua economia forte no agronegócio, sendo, por exemplo, o quarto maior produtor de grãos do Brasil.
Seca mais grave de três décadas
A avaliação da empresa de IA confirma a percepção local dos órgãos ambientais. No dia 5 de junho, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) emitiu um alerta sobe a crise hídrica que Goiás vem enfrentando. E o quadro só se agrava. Em fevereiro, o Governo Estadual decretou estado de emergência em 25 cidades por seis meses, devido à irregularidade das chuvas que vinha desde meados de 2023.
A titular da Semad, Andréa Vulcanis, antecipava ali que era a maior seca dos últimos tempos. Sem chuvas, o Rio Meia Ponte, principal fonte de abastecimento da população de Goiânia, atingiu o nível mais crítico dos últimos três anos. Para piorar, a previsão é de que a seca perdure pelos próximos meses, como reforça também o monitoramento da EarthDaily Agro, compartilhado com o Diário de Goiás na quinta-feira (13)
A Semad garante que vem preparando todas as cidades goianas para evitar que a falta de chuvas comprometa o abastecimento público. Em fevereiro lançou inclusive um planejamento para minimizar o risco de desabastecimento em algumas regiões. Além disso, a secretária disse que a pasta trabalha para se adaptar às mudanças climáticas, ampliando a proteção e a recuperação de nascentes, matas ciliares e regiões de recarga dos lençóis freáticos na bacia do Meia Ponte.
Seca persistente já atingiu significativamente a agricultura, aponta o monitoramento
“Nos últimos 30 dias, o volume de chuvas ficou 80%, ou mais, abaixo da média em grande parte do país, incluindo Goiás. Essa redução drástica na precipitação é uma das principais razões da queda na estimativa de produtividade do milho safrinha”, revela a EarthDaily Agro.
A estimativa é de que a produtividade da segunda safra atinja 91,6 sacas por hectare, contra 101,3 sacas/hectare na safra passada. Nos últimos 30 dias, as chuvas acima da média foram registradas apenas em algumas partes do Sul e Nordeste do Brasil, áreas que não influenciam a produção de milho safrinha.
Apesar da proximidade do início do inverno, as temperaturas registradas nos últimos dias têm ficado acima da média em diversas regiões do Brasil. “Verificamos que nos estados do Sul, Mato Grosso do Sul e São Paulo, as temperaturas ficaram acima da média nos últimos 10 dias. No Rio Grande do Sul, o calor ajudou a diminuir a umidade do solo, permitindo a recuperação de áreas alagadas após as fortes chuvas no início de maio”. Quem explica é Felippe Reis, analista de culturas da EarthDaily Agro.
Impacto da Seca no Índice de Vegetação
“Ao comparar os dados de 10 de junho de 2023 com os de 10 de junho de 2024, observa-se uma deterioração significativa no Índice de Vegetação (NDVI). Embora em algumas regiões esse declínio possa ser atribuído ao plantio precoce (e consequente colheita adiantada), a produtividade do milho safrinha deve ser significativamente menor em comparação ao ano anterior”, revela a ferramenta.
Previsão para os próximos dias
Os modelos de previsão do tempo ECMWF (europeu) e GFS (americano) indicam precipitação abaixo da média para a maior parte do país nos próximos dias, com exceção de altas precipitações no Rio Grande do Sul e no oeste de Mato Grosso. Além disso, a previsão é de temperaturas acima da média, diminuindo o risco de geadas para o milho safrinha, especialmente no Paraná.
Sobre a empresa
EarthDaily Analytics se apresenta como uma empresa de IA e dados com objetivo de ampliar o potencial da observação da Terra, contribuindo para resolver problemas complexos e desafiadores do mundo, como a questão climática. “A EarthDaily Agro utiliza uma nova perspectiva de observação da Terra e décadas de experiência agrícola para esclarecer sobre tendências, desenvolvimentos e saúde das culturas, do nível global até o nível de campo por campo”.
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