Uma pesquisa realizada pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, com dados fornecidos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), apresenta números preocupantes. No ano de 2022 o estado de Goiás registrou 16.879 acidentes de trabalho em 2022, apresentando um ligeiro aumento de 4.24% em relação a 2021, registrado 16.192 acidentes.
Esses números mostram à importância de se discutir a prevenção de acidentes no ambiente de trabalho, uma questão que afeta tanto a saúde dos trabalhadores quanto os custos sociais e econômicos decorrentes desses incidentes.
Dos 16.879 acidentes de trabalho registrados em Goiás em 2022, destacam máquinas e equipamentos (14%), agentes químicos (12%), quedas do mesmo nível (12%), veículos de transporte (11%), agentes biológicos (11%), ferramentas manuais (8%) e motocicletas (8%).
Os acidentes de motivo típico correspondem a situações que ocorrem no exercício da atividade laboral e são diretamente relacionados ao tipo de trabalho desempenhado. Já os acidentes de trajeto ocorrem no percurso de casa para o trabalho e vice-versa. Por fim, os acidentes de doença do trabalho são aqueles que têm relação direta com a atividade laboral, por exemplo, o desenvolvimento de uma enfermidade relacionada às condições do trabalho.
Em 2022, também foram registrados 65 óbitos, sendo 60 decorrentes de motivo típico, 4 de trajeto e 1 de doença do trabalho. É importante destacar que houve uma redução de 9,7% no número de óbitos em relação a 2021, quando foram registrados 72 óbitos. Apesar da diminuição, é crucial continuar trabalhando na prevenção dessas tragédias, a fim de garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores no estado.
No Brasil, houve registro de 612,9 mil notificações de acidentes relacionados às jornadas profissionais, resultando em 148,8 mil benefícios concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) a trabalhadores afetados. Além disso, o país enfrentou a triste estatística de 2.538 óbitos em decorrência de acidentes de trabalho somente no ano anterior.
Cidade com mais acidentes de trabalho em Goiás em 2022
Dentro do estado de Goiás, uma cidade se destacou pelo maior número de acidentes de trabalho registrados em 2022, Valparaíso de Goiás com 167 casos registrados. Enquanto esses números podem refletir vários fatores, é essencial que as autoridades e as empresas da região redobrem os esforços na prevenção de acidentes, promovendo ambientes de trabalho seguros e adotando medidas de proteção adequadas.
Neste Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, é fundamental que as estatísticas sejam analisadas com atenção para que ações efetivas possam ser tomadas. O objetivo é garantir que os trabalhadores do estado de Goiás possam exercer suas atividades laborais de forma segura e saudável, protegendo suas vidas e bem-estar, e contribuindo para a construção de um ambiente de trabalho mais seguro em todo o país.
Segurança
O presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANMAT), Francisco Cortes Fernandes, explicou que a questão da segurança e da medicina do trabalho é um processo interligado. O engenheiro ocupacional, por exemplo, reconhece os riscos existentes no local de trabalho, comunicando se estão acima ou abaixo do limite de tolerância de exposição ocupacional.
Ao engenheiro de segurança e trabalho cabe propor medidas de segurança quando os riscos que estão dentro do ambiente de trabalho ultrapassam os limites de segurança. Ao médico do trabalho, por sua vez, cabe identificar, através de exames ocupacionais, as doenças relacionadas à exposição ao risco ou que não foram ou não estão sendo bem controladas.
Fernandes afirmou que existem empresas no Brasil com padrões de excelência em segurança e cumprem a legislação vigente. Outras, por sua vez, estão fora da normativa de segurança do país. “Como existe em todas as profissões e setores, há casos ótimos, bons e ruins”, externou o presidente da ANMAT à Agência Brasil.
Célula de cultura
A mestre em fisiologia do exercício pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Bianca Vilela, afirmou que as empresas têm um papel preponderante para evitar acidentes no ambiente corporativo. “É o exemplo que, depois, deve ser levado para fora da empresa”. Bianca destacou que a empresa é uma célula de cultura que vai abordar ali a saúde e a segurança de seus colaboradores.
Em uma linha de montagem de veículos, por exemplo, há vários materiais como prensa, martelos, e uma série de situações que podem gerar acidentes. Para evitar que esses acidentes aconteçam, existem normas que vão regulamentar a segurança do colaborador. Aí entram os chamados EPIs. Se a pessoa vai manusear algo cortante, ela tem que ter uma luva específica. Para suportar ruído maior do que deveria, o trabalhador deve usar um protetor auricular.
“Todos esses cuidados devem ser o coração da empresa, para que o colaborador volte para casa saudável. Ninguém quer voltar sem um dedo ou com alguma torção ou, até mesmo tendo um incidente de trabalho, que é antes do acidente. São coisas que você quase tropeça, quase se corta. Todos esses cuidados fazem parte do dia a dia da empresa”, ressaltou a fisiologista.
Conscientização
É necessário, também, que haja conscientização da parte dos trabalhadores, porque existe muita gente resistente a seguir as normas. A fisiologista salientou que quem desempenha um serviço há muitos anos sem problemas, pode ter uma falsa impressão que está imune a acidentes.
“Isso é muito perigoso. A empresa precisa dar esse fomento de treinamento e de equipamentos, mas o colaborador tem uma palavra muito importante nesse processo, que é a aceitação. Ele precisa aceitar aqueles procedimentos corretos para que ele mesmo seja o beneficiado”. Questões importantes no dia a dia de trabalho, como a ginástica laboral, vêm em seguida. “Aí você vai criando a cultura de saúde e segurança, que são inseparáveis”, afirmou Bianca Vilela.
*com informações da Agência Brasil
Leia mais sobre: Notícias do Estado