O Governo de Goiás irá realizar, no próximo sábado (19), o Dia “V” de Vacinação contra a Covid-19. A campanha tem como objetivo ampliar a imunização em crianças de 5 a 11 anos e conscientizar os pais a respeito da importância da vacina para este público. A ação ocorrerá em 750 pontos espalhados pelo Estado, com atendimento das 8h às 17h.
“A criança não tem autonomia própria, e aí é uma decisão da família, dos pais. Por isso, temos que sensibilizá-los”, enfatiza o governador Ronaldo Caiado. Para incentivar a imunização das crianças, foi elaborado, também, um vídeo com participação de profissionais como a presidente da Sociedade Goiana de Pediatria, Marise Tofoli, para reforçar a mensagem de que a vacina é segura.
Os esforços e o apelo das autoridades para explicar a importância da vacinação ocorrem em meio a um quadro de baixa procura pela imunização. Segundo a SES-GO, do público vacinável entre 5 e 11 anos com a primeira dose, que soma 726.580 crianças e adolescentes, pouco mais de 153 mil procuraram a dose que tem direito. O que não representa nem 22% (21,09%) de cobertura da faixa etária.
Segurança
Autoridades em saúde são unânimes ao explicar que a vacinação no público infanto-juvenil é segura, pelo fato de os imunobiológicos passarem por um processo de desenvolvimento com muito rigor. “São estudos de fase pré-clínica, clínica, fase 1, 2 e 3. Nesta última etapa são observadas a eficácia e segurança e chega-se a uma dose ideal. Isto é, a quantidade de antígeno suficiente para o desenvolvimento de anticorpos neutralizantes na criança”, explica a médica alergista, imunologista e pediatra Lorena Diniz.
De acordo com a especialista, os casos de óbitos ou de sequelas graves causadas pela Covid-19 em crianças justificam a necessidade de incorporação da imunização no público infantil. A Síndrome Inflamatória Multissistêmica (SIM-P) é uma doença rara, mas grave, em que crianças com Covid-19 desenvolvem uma inflamação que afeta diferentes órgãos do corpo. Os pequenos com essa condição precisam de cuidados especializados e podem ser internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
“Os pais que estão hesitando em levar os filhos para vacinar colocam as crianças num risco ainda maior caso sejam contaminadas pela Covid-19”, afirma Lorena Diniz ao ponderar que os efeitos adversos graves ocorridos com a administração da vacinação são raros. Conforme a imunologista, até o momento, eventos causados pela imunização são considerados leves e toleráveis, sem deixar sequelas.
A médica infectologista, professora da Universidade Federal de Goiás e membro do comitê de vacinas para a Covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS), Cristiana Toscano, faz um alerta para o momento vivido hoje na pandemia com a presença de “uma variante altamente transmissível”, a Ômicron. “Há uma circulação de vírus muito intensa na população pediátrica. É esperado, nesse momento, um número muito maior do que já ocorreu desde o início da pandemia de hospitalizações, além de óbitos e complicações”, aponta.
Toscano coordena o Grupo de Modelagem Dinâmica do SaRS-CoV-2 no Brasil e destacou uma nota técnica divulgada recentemente que projeta o impacto potencial de acelerar a vacinação de crianças no País. “A gente consegue estimar que essa vacinação teria a capacidade de evitar, só em crianças de 5 a 11 anos, 5.400 hospitalizações por Covid-19 e 430 óbitos nos próximos três meses apenas”, ressalta.
A pediatra da equipe da Gerência de Imunizações da SES-GO, Nádia Teixeira Gabriel, acrescenta que o assunto deve ser tratado com máxima responsabilidade pelas famílias, já que as crianças são hoje “o grupo mais vulnerável em relação à Covid-19”. A médica complementa que a vacinação é fundamental para superar a pandemia. “Procuramos uma proteção coletiva, que todos estejam vacinados, para impedir que haja uma circulação viral e que esse vírus sofra mutações”, completa.
Outro fator de impacto junto ao público infantil é a volta das aulas presenciais. A coordenadora do departamento de comunicação da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP), Mirna de Sousa, defende a imunização completa, junto à manutenção dos protocolos de higiene, para garantir mais segurança no ambiente escolar. “É importante que as crianças que frequentam as escolas estejam com seu calendário vacinal completo tanto para a Covid-19 quanto para qualquer outra vacina”, defende.
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