Diante da sobretaxa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, Estados com forte presença no comércio exterior correram para anunciar medidas de socorro ao setor produtivo. O pacote emergencial liderado pelo governador Ronaldo Caiado (União) supera, em volume de recursos e inovação no modelo, os programas lançados por Estados economicamente maiores como São Paulo e Rio Grande do Sul.
Enquanto o governo paulista anunciou uma linha de crédito de R$ 200 milhões e o Rio Grande do Sul apresentou um programa de R$ 100 milhões, Goiás estruturou um fundo garantidor que pode alcançar R$ 628 milhões, valor três vezes superior ao anunciado pelos gaúchos e mais que o triplo per capita do que será ofertado em São Paulo. Além disso, Goiás se destacou por ser o primeiro estado a se antecipar à ausência de uma resposta federal e lançar um pacote com juros abaixo dos praticados pelos principais bancos públicos, como BNDES e Banco do Brasil.
Modelo goiano
A proposta goiana aposta em uma fórmula diferente: utilizar créditos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) como garantia para viabilizar juros mais baixos ao setor produtivo. Metade do fundo (R$ 314 milhões) será formada por esses créditos, e a outra metade por recursos aportados por instituições financeiras interessadas em participar do modelo. A operação será formalizada em um leilão na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, no próximo dia 5 de agosto.
A taxa de financiamento ficará abaixo de 10% ao ano, o que representa pelo menos três pontos percentuais abaixo das linhas nacionais disponíveis atualmente. O acesso ao crédito será condicionado à manutenção de empregos nas empresas beneficiadas, sinalizando preocupação não apenas com o impacto econômico, mas também com a preservação social da crise.
São Paulo: linha ampla, mas juros atrelados ao IPCA
O governo paulista, liderado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou uma linha de R$ 200 milhões com condições competitivas, mas com juros corrigidos pelo IPCA e taxas a partir de 0,27% ao mês mais inflação, o que, na prática, pode ultrapassar os 12% ao ano, dependendo da oscilação do índice. O programa permite financiamento de até R$ 20 milhões por empresa, com prazo de até 60 meses e carência de 12 meses.
Rio Grande do Sul: resposta rápida, mas com menor alcance
Já o Rio Grande do Sul, sob o comando do governador Eduardo Leite (PSDB), foi o último dos três a anunciar medidas. O pacote prevê R$ 100 milhões por meio do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), com condições facilitadas e subsídios de juros. A medida foi articulada com entidades empresariais locais.
“Estamos articulando tudo que podemos em favor das nossas empresas gaúchas, especialmente aquelas que serão mais afetadas pelas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos. […] O programa via BRDE de R$ 100 milhões para suportar eventual oscilação de demanda reforça o compromisso do nosso governo em estar ao lado da indústria e das empresas que colaboram para o desenvolvimento do Rio Grande”, afirmou Leite.
Comparativo dos pacotes
| Estado | Valor Total Anunciado | Modelo de Crédito | Juros | Destaques |
|---|---|---|---|---|
| Goiás | R$ 628 milhões | Fundo garantidor (ICMS + mercado) | < 10% ao ano (fixo) | Primeiro a agir; maior volume; inovação financeira |
| São Paulo | R$ 200 milhões | Linha via Desenvolve SP | 0,27% a.m. + IPCA | Ampla cobertura e prazos longos |
| Rio Grande do Sul | R$ 100 milhões | Linha via BRDE | Condições facilitadas | Subvenção parcial de juros |
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