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Cidades
| Em 3 horas atrás

Goiânia celebra 91 anos entre histórias de progresso, desafios para o futuro e expectativa do eleitor

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Quando faltarem três dias apenas para o segundo turno da eleição que definirá o próximo prefeito que irá dirigir Goiânia pelos próximos quatro anos, na quinta-feira (24) a capital completará 91 anos de fundação e seus moradores vão às urnas domingo na expectativa de um presente: solução. Como muitos sabem, planejada para 50 mil habitantes na década de 1930, Goiânia tem atualmente cerca de 1,5 milhão e vive problemas estruturais de cidades maiores e mais antigas.

Planejada para ser um marco do desenvolvimento moderno no Centro-Oeste, estimulada pela ideia de interiorizar o crescimento do Brasil, do início de sua construção, em 1933, sob o governo de Pedro Ludovico Teixeira, Goiânia se modernizou, assim como seus problemas.

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Contrastes à vista do eleitorado

O famoso conceito de “cidade-jardim”, que ainda se pode dizer é presente nos muitos parques da cidade, contrasta hoje com o desenvolvimento acelerado da economia e a ocupação urbana forçada, impondo condomínios de prédios de alta densidade em áreas destinadas a casas de menor densidade demográfica. O planejamento urbano de Goiânia foi sendo violentado com alterações do Plano Diretor ao longo dos anos, fruto da pressão imobiliária. Nem todos os eleitores perceberam, mas alguns prefeitos do passado foram deixando esse “presente” para os próximos e para eles mesmos.

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Os impactos da herança, claro, vieram no trânsito, no excesso de impermeabilização, na drenagem urbana insuficiente, no estrangulamento de vias, na queda da qualidade de vida em bairros que eram tomados por casas – como Nova Suíça, Jardim América, Setor Bueno, entre outros.  Administrar essa situação, vista de perto pelo eleitor, será um dos problemas que o futuro prefeito terá de encarar.

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E se, por um lado, neste aniversário de 91 anos Goiânia pode comemorar que tenha se consolidado como um importante polo econômico, educacional, médico e cultural, por outro tem que urgentemente se reposicionar em como essas áreas atendem a população mais vulnerável. Não basta ser polo na medicina em áreas como oftalmologia, neurologia ou cardiologia, por exemplo, se isso se reflete majoritariamente e com mais facilidade ao alcance de quem já tem recursos financeiros para tratar em particular, inclusive fora de Goiânia.

Em termos econômicos, a cidade reverbera os números do estado que tem queda na taxa de desemprego (5%) e vive a menor taxa de informalidade da sua história (35%). Como polo estadual, a capital não foge a esta realidade, ao contrário, com demais municípios da Região Metropolitana, oferece muitas oportunidades de trabalho. Um dado positivo para o próximo gestor.

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Problemas crônicos

A parte ruim, crônica até, está na educação, onde a capital vem registrando cerca de 10 mil crianças necessitando de vagas em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis). Não à toa, todos os candidatos que disputaram este ano a prefeitura prometeram interferir: construir ou ampliar Cmeis, ou criar vagas para a Educação Infantil usando unidades privadas e conveniadas.

Mais crônico ainda é o cenário da saúde, especialmente na atual gestão, que deixou de cumprir repasses importantes e levou ao colapso o atendimento em unidades de referência, como as três maternidades públicas.

O eleito no domingo, portanto, deve assumir no dia 1º de janeiro consciente dessas urgências da população da capital. Vai ter que enfrentar a demora no atendimento, a superlotação das unidades públicas e até a falta de infraestrutura adequada para atender à crescente demanda dos seus eleitores. Tudo isso diante de uma população com cicatrizes da pandemia que ainda exigem atenção, tanto no cuidado à saúde física quanto mental dos goianienses.

Cidade-jardim ou cidade encardida?

Outro presente que o goianiense vai querer no aniversário da cidade é o compromisso em retomar a qualidade da limpeza pública de Goiânia. As sucessivas crises envolvendo a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e a demora que o Consórcio LimpaGyn enfrentou para suprir o grande déficit na coleta e limpeza encontrado, deixaram um rastro de sujeira. Muitos brincam de chamar a noventona de “encardida”, diferente de anos anteriores em que Goiânia, ou pelo menos suas regiões centrais e bairros nobres, era florida e limpa, coisa que atualmente não acontece rotineiramente mais.

No transporte coletivo a integração entre as diversas modalidades de transporte, como ônibus, bicicletas e modais alternativos também terá de estar no radar do prefeito diante de 1,5 milhão de pessoas que anseiam uma melhor mobilidade urbana.

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.