A capital goiana comemora seus 91 anos nesta quinta-feira (24). A cidade desempenha um papel estratégico no agronegócio brasileiro, embora Goiânia em si não seja diretamente produtora rural, sua localização e infraestrutura fazem dela um hub para atividades relacionadas ao agronegócio. Contrariando expectativas positivas, o município apresenta indicadores sociais que contrastam com a pujança econômica capitaneada pelo agronegócio.
Na terceira década do século 21, a capital não atingiu a universalização do esgotamento sanitário e está longe de liderar os índices de escolarização e de ter as menores taxas de mortalidade infantil, conforme dados da plataforma Cidades e Estados do Brasil, mantida pelo IBGE.
Décima cidade mais populosa do Brasil, Goiânia é a 4.281ª localidade na escolarização de crianças e adolescentes de 6 a 14 anos. A sede dos Poderes de Goiás tem cerca de um quarto dos seus domicílios sem esgoto sanitário, e a taxa de mortalidade (10,17 em mil nascidos vivos) é pior do que a de mais de 2,5 mil cidades brasileiras.
o coordenador-geral do Programa Cidades Sustentáveis, Jorge Abrahão, em uma análise sobre as capitais da Região Centro-Oeste (Campo Grande, Cuiabá e Goiânia) destacou a dificuldade para enfrentar seus problemas e adotar políticas públicas efetivas. Segundo ele, as capitais “concentraram um grau de desenvolvimento, por conta do agronegócio, bastante elevado nos últimos tempos, mas reproduzem o modelo que acontece no país”.
Em um estudo para as eleições municipais deste ano, o Instituto Cidades Sustentáveis compilou outros indicadores socioeconômicos para mostrar, a eleitores e candidatos a prefeito e vereador, grandes desafios para administrar cidades brasileiras – como violência, violações de direitos humanos e emissão de gás carbônico (dióxido de carbono – CO2).
Em Goiânia jovens negros e indígenas do sexo masculino (15 a 29 anos) morrem mais assassinados do que rapazes e adultos brancos e amarelos. A diferença das taxas de homicídio dos diferentes grupos populacionais repercute na idade média ao morrer. Em Goiânia, brancos e amarelos morrem em média com 71,3 anos – 7,4 anos a mais que negros e indígenas, que em média morrem com 64,2 anos.
Além das discrepâncias raciais, o Instituto Cidades Sustentáveis também verifica desigualdades de sexo/gênero. Na capital de Goiás, os homens ganham mais que as mulheres. A diferença de rendimentos é de 28,03%. Também é diminuta a participação de mulheres no comando das secretarias municipais. A proporção é de apenas 17,7% de ocupação.
Por fim, o Instituto Cidades Sustentáveis observa baixa capacidade de gestão de riscos e prevenção aos eventos climáticos. Goiânia não alcança a metade de estratégias recomendadas para planejamento e gerenciamento de riscos como de desastres decorrentes de enchentes, inundações graduais, enxurradas, inundações bruscas, escorregamentos ou deslizamento de encostas.
Se faltam planejamento e gerenciamento de risco na temporada de chuvas, os municípios podem sofrer com a seca e as queimadas no bioma Cerrado que favorecem a emissão de CO2. Conforme noticiado pela Agência Brasil, o desmatamento no Cerrado gerou a emissão de mais de 135 milhões de toneladas de CO2, de janeiro de 2023 a julho de 2024.
Um ponto positivo é que Goiânia implanta a maioria das políticas de participação e promoção de direitos humanos com a instalação de conselhos recomendados em lei. Entre eles, estão os conselhos tutelares e conselhos para a promoção de direitos humanos, dos direitos da criança, dos direitos de pessoa idosa; direitos de pessoa com deficiência; direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; direitos de igualdade racial ou conselho municipal dos povos e comunidades tradicionais. No total, Goiânia têm 71,4% desses conselhos em funcionamento.
Com informações da Agência Brasil