Wandell Seixas/Especial para o DG
O Gir terá seu núcleo vinculado à Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), a exemplo do que há com outras raças. A decisão foi tomada, ontem, 10 de maio de 2019, durante o II Grande Encontro dos Criadores de Gado Leiteiro. O evento aconteceu na Estância Tamburil, município de Bela Vista de Goiás e reuniu mais de duzentos pecuaristas.
A decisão foi tomada entre o vice-presidente da SGPA, Eurico Velasco; Clarismino Pereira Júnior, da ABCZ; Amarildo Gonçalves Pires, criador de Gir.
O ato foi prestigiado pelas presenças do prefeito de Goiânia, Iris Rezende Machado; do presidente da Abraleite, Geraldo Borges; prefeita de Bela Vista, Márcia Kelly, da embaixadora da Zâmbia, Alfreda Kansembe-Mulambra; Tasso Câmara, do Grupo Jayme Câmara, e também criador.
Fomento do Gir
A introdução da raça Gir no Brasil, e Goiás em particular, foi ressaltada por Amarildo Pires, dono da Fazenda Tamburil, e pelo prefeito Iris Rezende Machado. Em seu discurso de agradecimento da homenagem pelos seus 40 anos de vida pública, Iris lembrou de sua passagem pelo Ministério da Agricultura, durante o governo José Sarney, o fomento da raça Gir no Brasil.
Graças a iniciativa de apoio oficial aos criadores, a raça passou por expansão em decorrência dos cruzamentos com o gado holandês e atualmente o Brasil é um dos maiores produtores de leite. Desse cruzamento resultou o Girolando. O Gir, de origem indiana, é um animal mais resistente às adversidades climáticas e aos carrapatos. O holandês não possui essas qualidades, mas em compensação detém alta produtividade leiteira.
Com a introdução do Nelore, segundo Iris Rezende, o Gir “estava acabando”. O incentivo dado, então em sua gestão no Mapa, recolocou essa raça em seu caminho. Hoje, a Estância Tamburil dá exemplo dessa retomada. A propriedade possui um dos plantéis mais premiados do Brasil, reconhecido pelo investimento genético de alto desempenho e pela qualidade dos embriões.
Amarildo reconhece os esforços demonstrados pelo ex-ministro e tanto assim que procurou homenageá-lo ao lado de uma matriz pioneira no processo. A raça é responsável por 70% dos 35 bilhões de leite captados ao ano. Uma vaca produz em média por dia cerca de 70 litros. É algo do nível de produção em Israel.
Interesse africano
A embaixadora de Zâmbia, Alfreda Kansembe-Mulambra, compareceu ao encontro de criadores, demonstrando interesse em fomentar a pecuária leiteira em seu país através da genética oriunda da raça que viu em Bela Vista de Goiás. “É um sonho levar essa contribuição à Zâmbia e em consequência à toda a África”, confessou a diplomata.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, defendeu uma instrução normativa e sua regulamentação para remover alguns entraves que dificultam a vida dos criadores brasileiros. Discorreu sobre custos, observando que o litro do leite em nível de produtor encontra-se baixo. Ele atribuiu esse ônus aos atuais preços da soja, do milho, entre outros grãos, que constituem alimentos dos animais. E encerrou promovendo o leite e seus derivados como “alimento saudável ao ser humano”.
O governador Ronaldo Caiado chegou depois da abertura do encontro, sob a justificativa de que estava lançando em Goiás a campanha de vacinação contra a febre aftosa. Antes, o governador esteve representando pelo seu chefe de gabinete, Lívio Luciano.
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