13 de novembro de 2024
Operação Tempus Veritatis • atualizado em 09/02/2024 às 18:16

General Augusto Heleno defendeu uma “virada de mesa” para manter Bolsonaro

A reunião está registrada em um vídeo encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid
Durante a reunião gravada, Bolsonaro interrompeu fala de Heleno com receio de vazamento. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).
Durante a reunião gravada, Bolsonaro interrompeu fala de Heleno com receio de vazamento. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil).

O general Augusto Heleno, um dos investigados na Operação Tempus Veritatis deflagrada pela Polícia Federal (PF), na última quinta-feira (8), defendeu, durante a reunião da cúpula de governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), rompimentos institucionais e uma “virada de mesa antes das eleições” de 2022.

A reunião está registrada em um vídeo encontrado no computador do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, divulgado nesta sexta-feira (9) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, o general e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) manifestou preocupação com o risco de haver vazamentos sobre a atuação de agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Ao manifestar a preocupação, Augusto Heleno foi abruptamente interrompido por Bolsonaro, sob o argumento de que o assunto teria de ser discutido no particular. “General, eu peço que o senhor não fale, por favor. Que não prossiga na sua observação aqui. Se a gente começar a falar [sobre] não vazar, esquece. Pode vazar. Então a gente conversa em particular na minha sala sobre esse assunto, do que porventura a Abin está fazendo”, disse Bolsonaro.

Segunda preocupação de Heleno

Ao retomar a palavra, o general Heleno manifestou uma segunda preocupação. “Não tem VAR [juiz assistente de vídeo, utilizado no futebol] nas eleições. Não vai ter segunda chamada das eleições. Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver de ser feito tem de ser feito antes das eleições”, disse o general.

Na conversa, Augusto também propõe a Bolsonaro que promova um rompimento institucional para se manter no poder. “Isso tem de ficar bem claro. Acho que as coisas têm de ser feitas antes das eleições. Vai chegar em um ponto em que não vamos poder falar. Vamos ter de agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”.

Vale lembrar que Heleno estava à frente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, a quem está subordinada à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro. Na época, ele era uma das principais vozes do Palácio do Planalto e marcava presença nas transmissões ao vivo feitas pelo presidente no Facebook.

Anotações suspeitas

Conforme divulgado pelo jornal O Globo, durante cumprimento do mandado de busca e apreensão na casa do general da reserva Augusto Heleno, a PF encontrou uma agenda com anotações sobre o plano de golpe de estado criado em 2022. Segundo as informações, a agenda contém um planejamento para o golpe.

A polícia também encontrou o discurso pós-golpe localizado no escritório de Jair Bolsonaro na sede do PL e outros documentos. Além disso, a redução dos poderes de Alexandre de Moraes com um parecer da Advocacia Geral da União foi encontrada em meio às anotações. Para os investigadores, as anotações mostram que os temas golpistas eram debatidos frequentemente entre os aliados do governo de Jair Bolsonaro.


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