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Geral
| Em 3 meses atrás

Fumaça de queimadas no Brasil atravessa o Atlântico e atinge o continente africano

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As queimadas no Brasil, principalmente na Amazônia e no Cerrado, estão gerando uma crise ambiental com efeitos globais. A fumaça proveniente dessas queimadas atravessou o Oceano Atlântico, alcançando o continente africano e provocando alertas sobre os impactos ambientais e na saúde pública. Especialistas alertam para a urgência de medidas de contenção.

As queimadas têm se intensificado nos últimos anos, impulsionadas por fatores como desmatamento, práticas agrícolas inadequadas e mudanças climáticas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que, apenas em 2023, o Brasil já registrou mais de 60 mil focos de incêndios florestais. Esses incêndios não apenas devastam ecossistemas locais, mas também contribuem para a emissão de grandes quantidades de poluentes que são carregados pelos ventos, atingindo regiões distantes, como o oeste da África.

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Impacto global das queimadas

O fenômeno de transporte de fumaça por grandes distâncias não é novo, mas a intensidade das queimadas no Brasil tem alarmado especialistas. Segundo o climatologista José Marengo, a fumaça contém partículas que podem prejudicar a qualidade do ar e a saúde respiratória de populações expostas, tanto no Brasil quanto no exterior. “Esses poluentes viajam por milhares de quilômetros, chegando a áreas onde, muitas vezes, não se espera que o impacto ambiental de outro continente seja sentido”, explica.

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A chegada da fumaça ao continente africano evidencia a interconexão entre os sistemas climáticos globais. O transporte de poluentes pelo vento ocorre por meio de um fenômeno conhecido como corrente de jato, que ajuda a dispersar a fumaça em diferentes regiões do planeta. Nos últimos meses, a fumaça das queimadas brasileiras foi observada em partes da África Ocidental, como Serra Leoa e Gana.

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Consequências para a saúde e o meio ambiente

Além dos impactos sobre a qualidade do ar, a fumaça pode ter implicações significativas para a saúde humana. Estudos indicam que a exposição prolongada a partículas finas provenientes da queima de biomassa está associada a doenças respiratórias, cardiovasculares e até ao aumento da mortalidade em algumas populações vulneráveis. Na África, onde muitos países já enfrentam desafios relacionados à saúde pública, a chegada dessa fumaça pode agravar ainda mais as condições de vida.

Para o biólogo Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), o problema é grave e exige cooperação internacional. “O que vemos é uma consequência direta da degradação ambiental. Enquanto o Brasil não adotar políticas rigorosas de controle, o impacto será sentido globalmente, e não apenas aqui. Já estamos vendo os efeitos na África e, eventualmente, outros continentes poderão ser afetados”, destaca.

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Além das consequências diretas para a saúde, a fumaça também interfere nos padrões climáticos locais e pode afetar a agricultura, ao bloquear parte da luz solar e prejudicar o processo de fotossíntese nas plantas.

Medidas urgentes e cooperação internacional

Especialistas alertam que, para mitigar os efeitos das queimadas, é necessário que o Brasil reforce suas políticas de combate ao desmatamento e promova ações de preservação ambiental. O cenário atual requer um esforço conjunto entre governos, sociedade civil e a comunidade internacional. A implementação de tecnologias de monitoramento e a aplicação de sanções mais severas para práticas ilegais de desmatamento são algumas das medidas sugeridas para conter a crise.

O impacto das queimadas brasileiras não se restringe às fronteiras nacionais. A fumaça atravessando o oceano e afetando outros continentes é um exemplo claro da escala do problema. Em um mundo cada vez mais conectado, as ações locais podem ter repercussões globais, e é fundamental que os países adotem uma postura proativa para evitar que crises ambientais se agravem.

A fumaça das queimadas no Brasil atingindo o continente africano ressalta a gravidade das mudanças ambientais causadas pela ação humana. Com impactos diretos na saúde e no meio ambiente, o fenômeno exige atenção imediata e medidas eficazes de contenção. O futuro da preservação ambiental no Brasil não afeta apenas sua própria biodiversidade, mas também a saúde global e os sistemas climáticos de todo o planeta.

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Ana Porto

Jornalista. Acredito no poder da comunicação para transformar realidades.