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Goiânia
| Em 11 meses atrás

“Foi orientação do governo e dos partidos aliados”, diz Waldir Soares sobre freio em Bruno

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Em um dia de muita movimentação em torno do presidente da Assembleia Legislativa (Alego), Bruno Peixoto (União Brasil, UB), ele acabou sendo demovido nesta quarta-feira (17) de continuar suas articulações para ser o candidato da base do governador Ronaldo Caiado à Prefeitura de Goiânia. Ao menos por enquanto.

O momento decisivo foi a reunião em que o vice-presidente estadual do UB, Delegado Waldir Soares, atuou como mensageiro do governador e de partidos da base do governo, avisando para Bruno pisar no freio. “Foi uma orientação do governo e dos partidos aliados”, afirmou Soares.

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Antes, como mostrou o Diário de Goiás, parlamentares do entorno do presidente da Alego chegaram a declarar que haveria um movimento para manter a pretensão de Bruno Peixoto até ele ter o aval do governador. Em entrevista ao Diário de Goiás, Waldir Soares fala sobre a reunião com Bruno. Ele também comenta as movimentações de integrantes da legenda e de outros partidos para forçar o nome do presidente da Alego e de que como isso incomoda o Palácio das Esmeraldas.

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Confira a entrevista de Waldir Soares ao editor-chefe do Diário de Goiás, Altair Tavares

Como foi esse diálogo?

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Waldir Soares – O Bruno tem mantido diálogo há cerca de uma semana sobre a questão de Goiânia. Em  comum acordo, nesse momento ele decidiu focar a candidatura a deputado federal e aguardar orientação do governador e do [vice-governador] Daniel Vilela em relação a Goiânia porque essa discussão tem que ser em agosto. Não podemos antecipar nada porque temos vários partidos aliados

Lá atrás governador já abriu mão de eleger dez deputados federais para atender todos os partidos. Esse é o perfil do governador. Então o Bruno foi muito inteligente, muito sensível. Essa é orientação do governador. Tanto ele quanto Jânio [empresário Jânio Darrot, também na disputa pelo apoio da base] que mencionou isso no jornal O Popular de hoje, então ficamos muito felizes, evitamos incêndios antes da hora.

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O senhor recebeu essa incumbência do governador para essa conversa com o deputado?

Waldir Soares – Recebi essa incumbência do governador para bater um papo, dialogar com o Bruno.

Essa mensagem foi passada dessa forma, como sendo uma orientação do governador?

Waldir Soares -É uma orientação do governo e dos partidos aliados.

Hoje tivermos manifestações dos deputados Lincon Tejota, Virmondes Cruvinel e Tales Barreto dizendo há uma movimentação estratégica no sentido de que eles insistem na candidatura de Bruno. Como o senhor avalia?

Waldir Soares – Temos que entender que só temos uma vaga para candidatura a prefeito na base. No momento certo vai ser escolhido esse candidato. Bruno é uma pessoa com muita capacidade, mas essa decisão não é para agora. A gente respeita a opinião de todos. Todos eles são do União Brasil, então a gente respeita essa influência, mas isso tem que ser no momento certo, que é em agosto.

Temos que entender que Goiânia é muito importante, mas temos que entender que temos uma candidatura a governo do Estado, uma candidatura a presidente da República que vai acontecer amanhã. Então temos que entender, assim como as ações que o Bruno havia tomado, anteciparam um processo eleitoral na Assembleia Legislativa.

O nosso governo precisa de pacificação na Assembleia. E já temos oito nomes [cotados para suceder Bruno Peixoto na Alego]. É isso que o governo quer, insegurança? Não, o governo precisa de tranquilidade e temos que pensar que em 2026 temos uma candidatura ao Governo do Estado. Não podemos precipitar uma conduta que amanhã possa trazer influência em outro momento político extremamente importante que vamos ter.  Nenhuma candidatura a prefeito em Goiás é mais importante que a da Capital, e tem reflexo em 2026, onde nós temos o Daniel Vilela candidato a governador e um pré-candidato a presidente da República, que é Ronaldo Caiado.

Temos que entender que Goiânia é muito importante, mas temos que entender que temos uma candidatura a governo do Estado, uma candidatura a presidente da República que vai acontecer amanhã. Assim como as ações que o Bruno havia tomado, anteciparam um processo eleitoral na Assembleia Legislativa. O nosso governo precisa de pacificação na Assembleia. E já temos oito nomes [cotados para a sucessão de Bruno na Alego].

É isso que o governo quer, insegurança? Não, o governo precisa de tranquilidade e temos que pensar que em 2026 temos uma candidatura ao governo do estado. Não podemos precipitar uma conduta que amanhã possa trazer influência em outro momento político extremamente importante que vamos ter.  Nenhuma candidatura a prefeito em Goiás é mais importante que a da Capital, e tem reflexo em 2026, onde nós temos o Daniel Vilela candidato a governador e um pré-candidato a presidente da República, que é Ronaldo Caiado.

O governador recomendou ao Bruno para que ele comunicasse que está se retirando e adiando o sonho de ser candidato a prefeito, ou ele não pediu isso?

Waldir Soares – O governador e os partidos da base só não estavam muito contentes com algumas manifestações de alguns presidentes de partidos, vereadores indo aos jornais para tornar público convite para Bruno se filiar a partido A, B,C ou D. Talvez por desconhecimento, esses presidentes de partidos e vereadores não [sabem que não] temos janela para deputado estadual. E o Bruno é do UB, então o único remédio seria ele pedir a desfiliação.

E ele pode perder o mandato por isso

Ele não será expulso do UB, nunca. A menos que essas pessoas, presidentes de partidos e vereadores tenham uma solução mágica. O candidato a prefeito de Goiânia passa pela decisão do Ronaldo Caiado. Não tem como a decisão ser tomada por alguém que não seja o presidente do partido. Com certeza o governador tem diálogo aberto. É uma questão partidária. Caiado respeita todos os partidos da base, e há movimentação de todos os partidos da base. Então alguns passos do nosso presidente da Assembleia são fogo desnecessário. Foi preciso jogar água nesta fervura.

Na prática, Bruno Peixoto avançou demais, então?

Isso. O governador conversou com o Bruno quando eles viajaram para a China, e com testemunhas. E disse claramente. Eles combinaram algo naquele diálogo. Não tem como tratar algo e não cumprir. O Bruno não precisa trabalhar o apoio de nenhum vereador, nenhum deputado. Ele tem apoio da maioria dos vereadores e deputados. Faltou a ele sensibilidade. Ele tem que trabalhar o convencimento do governador, do Daniel Vilela.

Uma candidatura dele tem que fluir naturalmente. Quando você toma uma decisão pessoal em política, você tem que arcar com as consequências dela. No meu caso, tomei a decisão pessoal de que queria ser senador, quando teria uma eleição garantida para deputado federal. Não fui eleito senador, então eu tenho que entender que a responsabilidade é cem por cento minha. O governador disse que não poderia declarar apoio nem para mim, nem para os outros candidatos. Amanhã, a situação do Bruno, se ele continuasse, poderia ser a mesma. Passei para ele minha experiência. Então ele foi muito inteligente. Essa insistência não é boa, ele é presidente da Assembleia, a segunda pessoa na hierarquia no Estado. Foi sensível em atender os partidos da base e do governador.

 

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.