Dalva Teixeira de Souza processa o próprio pai, João Teixeira de Souza (João de Deus) por abusos sexuais. Agora, diante das revelações de outras mulheres contra o “medium”, o caso é mais um que mostra a verdadeira face do homem que abusava de mulheres enquanto dizia fazer o bem.
Na primeira vez, aos nove anos, em Anápolis, ela foi obrigada a ficar nua enquanto o pai (João de Deus) fazia carícias. “Ele disse que estava fazendo um trabalho espiritual comigo, com Dom Inácio Loyola”, contou ela, em entrevista ao apresentador Thiago Mendes da TV Metrópole News de Goiânia.
“Ele, direto, me levava para o quarto dele, na fazenda. Em viagens, quando fizemos uma para a Bahia, no banco de trás ele ficava me molestando”, relatou a filha.
Segundo Dalva Teixeira de Souza, a primeira penetração aconteceu quando ela tinha 11 anos. “Foi no quarto dele na nossa casa, na Vila Góis, em Anápolis”, contou a filha.
Aos 14 anos, ela decidiu sair de casa. Dalva conta que foi espancada até perder um bebê que seria fruto, provavelmente, das relações sexuais com o pais. “Aos 14 anos, eu me envolví com o pai dos meus filhos. Quando meu pai (João de Deus) ficou sabendo, ele me bateu muito”. Ela foi levada para o Hospital Nossa Senhora Aparecida com a justificativa de que teria sido atropelada.
Dalva conta que, depois de casada, não gostava que o esposo recebesse ele João de Deus. Ele não sabia do segredo e dos abusos. Havia muitas intrigas alimentadas pelo pai até que o casamento chegou ao fim.“Com 20 anos, eu me divorciei”, disse. João de Deus buscou-a e ela foi instalada num apartamento, em Anápolis.
Ela conta que as tentativas de abuso sexual voltaram, inclusive na sala que ele fazia os atendimentos às pessoas.
Marido e mulher
Segundo Dalva Teixeira, seis anos depois, ele ameaçou que ela perderia tudo se não ficasse com ele. “Ele disse que, em outras vidas passadas, nós fomos um casal, marido e mulher. Eu não dei ouvidos para aquilo”. Mesmo morando no fundo da casa dele, não tinha o que comer.
Por causa da precariedade em que vivia, deixou os filhos com o pai deles, e mudou-se para Goiânia. Em uma visita a Abadiânia, recebeu um recado de que João de Deus queria falar com ela. Após a conversa, ele trouxe a filha até Goiânia e passou no Shopping Flamboyant e fez compras. Neste dia, num motel de Abadiânia, passou a noite recebendo carícias, novamente.
João de Deus insistiu para que ela ficasse com ele. Em outra viagem à cidade, mostrou um apartamento que teria arrumado para ela e para os filhos. Ao mostrar um apartamento separado para Dalva, novamente, aconteceu a relação sexual. “Será que vai começar tudo de novo”, pensava ela.
Revolta do Neto
Na mesma entrevista, Paulo Henrique, neto de João de Deus”, demonstrou profunda revolta com o avô. “Eu tenho vergonha de andar na rua e ser chamado de neto de um monstro daqueles”.
Ele acusa o avô por causa de um espancamento que sofreu por supostos capangas.
“A gente tá vindo recebendo ameaça desde o início do processo (judicial)’, contou ele.
Testemunha
Quando criança, Paulo Henrique escondeu-se debaixo da cama da mãe por sugestão de um tio. “Eu presenciei aquele homem que disse ser meu avô, ter relações com a minha mãe, a filha dele, a noite”, contou o neto.
“Prá mim o que ele faz não é de Deus. (…) Ele é manipulador, ele é mau”, concluiu Dalva.
Resposta
Das várias vezes que foi procurada, a assessoria de imprensa de João de Deus nega que ele seja autor dos abusos denunciados por mulheres no Brasil e no exterior.