SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A conhecida amizade entre o antigo líder cubano Fidel Castro (1926-2016) e o escritor colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014) traduziu-se em parceria profissional.
“O presidente era um leitor ávido. Quando os dois se conheceram, em 1977, tiveram diversas conversas sobre literatura, e eventualmente Fidel se ofereceu para ler os manuscritos dele, por ter um olho bom para detalhes”, afirmou ao jornal “The Guardian” a acadêmica Stéphanie Panichelli-Batalla, professora de estudos latino-americanos na Aston University, no Reino Unido.
Segundo a pesquisadora, que escreveu sobre a amizade de ambos em “Fidel & Gabo” (2009), Fidel passou então a atuar como um editor extraoficial de Gabo, que mandava seus escritos para Havana antes de submetê-los à sua editora. “Após ler ‘Relato de um Náufrago’, Fidel disse a Gabo que havia um erro no cálculo da velocidade do navio. Isso levou Gabo a pedir que lesse seus manuscritos.”
As correções do líder cubano, porém, se limitavam a erros factuais e de gramática, explicou Panichelli-Batalla, como especificações de um rifle em “Crônica de uma Morte Anunciada” e compatibilidade de balas.
Ao longo de seus anos de amizade com Fidel Castro, García Márquez não escondeu seu deslumbramento com o revolucionário, a quem se referiu como “um homem de costumes austeros, mas de ilusões insaciáveis”. A morte do colombiano em 2014 deixou Fidel “consternado”, segundo Miguel Díaz-Canel.
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