Devido ao efeito climático do El Niño, economistas adiantam que uma alta nos preços dos alimentos está próxima. Essa alteração afeta principalmente os mais pobres, podendo comprometer 20% do orçamento familiar. Segundo a Organização Meteorológica Mundial, o fenômeno deve durar até abril de 2024. Até lá a preocupação está relacionada ao volume de chuvas e suas consequências sobre as safras.
Mesmo com a projeção, o impacto do El Niño ainda é incerto. Em 2023, com o fenômeno em curso, a safra agrícola do Brasil foi recordista. As chuvas incomuns para o período não comprometeram as safras. Porém, alguns alimentos tiveram alta nos preços, como as hortaliças, legumes e frutas. Esses alimentos in natura, produtos de feira livre, foram comprometidos com essas operações climáticas”, explica o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) ao Metrópoles.
A previsão é de que esses alimentos in natura mantenham um valor mais alto no inicio deste ano. “Esses produtos são sazonais, mas, no primeiro trimestre de todo ano de El Niño, a gente prevê que tem alta de mais de 8% desses alimentos”, conta Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos. A corretora projeta que a inflação brasileira fique em 4,2% neste ano de 2024.
O El Niño também pode ser decisivo para o comércio de grãos. Isso porque ele é capaz de impactar lavouras de ciclos longos, como milho e soja, podendo evoluir consequentemente para o aumento no preço da carne. Grãos como soja e milho são consumidos, como ração, por suínos, aves e até bovinos. Por isso, se esses produtos ficarem mais caros, a carne desses animais também sobe de preço.
“A gente sabe que o El Niño não vai passar sem deixar sua marca. Então, provavelmente alimentação, neste ano, nos índices de inflação, vai registrar aumento frente ao ano passado. A gente espera que alimentação seja uma importante protagonista da inflação de 2024”, diz Braz.
Apesar do alarde com relação ao preço da alimentação em domicílio, O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve se manter dentro do intervalo de tolerância da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2024. O centro da meta foi estabelicido em 3% para este ano, com margem de erro de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo desse valor.
O economista Frederico Gonzaga Jayme, professor titular e diretor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) afirma que “a inflação este ano (de 2024) vai ficar bem comportada”, estima.