26 de dezembro de 2024
Operação Contragolpe

Fantástico revela áudios de militares sobre plano golpista contra o Estado; veja detalhes

A trama previa o assassinato de Lula e Alckmin e tinha como alvo principal o atual ministro do STF, Alexandre de Moraes
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

O programa Fantástico divulgou, na edição deste domingo (24), mais de 50 áudios que circulavam no grupo de militares que, de acordo com a investigação da Polícia Federal (PF), preparavam um plano golpista de Estado após o segundo turno das eleições de 2022. A trama pretendia matar o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Conforme a reportagem, a PF afirma que Mario Fernandes foi quem elaborou a trama, entregue ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, dez dias após a eleição. A hipótese se dá em função de mensagens de áudio em que o general da reserva e ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência se mostra alterado em função do resultado das eleições.

“Tá na cara que houve fraude. Tá na cara. Não dá mais pra gente aguardar essa p…”, diz Mário Fernandes, em um dos áudios revelados pelo Fantástico, gravado em uma conversa de novembro de 2022. “Eu tô pedindo a Deus pra que o presidente tome uma ação enérgica e vamos, sim, pro vale tudo. E eu tô pronto a morrer por isso”, respondeu outro participante do grupo, cujo nome não foi identificado.

O planejamento, detalhado pelo programa, cita, conforme a reportagem, três álbuns de assassinatos, com os codinomes Jeca, Joca e Juca. Para a polícia, Jeca seria Lula, Joca Alckmin e Juca ainda não foi identificado. Alexandre de Moraes não tem apelido no documento e nem é citado nominalmente. Mas os investigadores frisam que ele era o principal alvo.

Acampamento em quarteis

De acordo com a reportagem, a investigação afirma ainda que os acampamentos em frente a quartéis no final de 2022 faziam parte de um movimento orquestrado pelos militares e que o general Mário Fernandes se comunicava frequentemente com esses grupos.

“Talvez seja isso que o alto comando, que a defesa quer: o clamor popular, como foi em 64. Nem que seja pra inflamar a massa, para que ela se mantenha nas ruas”, frisou o general em um áudio. “Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição? Qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro. Tudo. Mas aí na hora: pô, presidente. A gente já perdeu tantas oportunidades”, salientou Fernandes.

Tentativa de ação

No dia 15 de dezembro, mensagens demonstram que os investigados estavam em campo, em locais estratégicos para, possivelmente, executar ações para prender Alexandre de Moraes. Às 20h33, o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira estava próximo ao STF, quando comunicou: “estou na posição”.

Às 20h57, outro integrante do grupo, que estaria próximo à residência de Moraes, disse: “estou perto da posição, vai cancelar o jogo?” Segundo a PF, um homem que estava no comando da ação teria dado a ordem para “abortar” o plano.

Inquérito

Concluída na quinta-feira (21), a investigação levou ao indiciamento de 37 pessoas. Entre os nomes, estão: o ex-presidente Jair Bolsonaro; o general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Valdemar Costa Neto, presidente do PL; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência.


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