Após dias seguidos servindo de porta-vozes para consumidores comuns e grandes consumidores de energia elétrica, nesta quarta-feira, 18, os deputados estaduais se queixaram de também terem o fornecimento interrompido. Durante a sessão ordinária de hoje foram relatados dois picos até que os geradores entrassem em funcionamento.
Foi o que bastou para a Equatorial Goiás voltar a ser assunto debatido energicamente. O deputado Gugu Nader (Agir), por exemplo, voltou à Tribuna para se lembrar da audiência pública agendada para ouvir dirigentes da concessionária de energia no dia 31, pela manhã.
“Não abrimos mão de saber o que está havendo e quais soluções a curto e médio prazo”, afirmou o deputado. Ele é o autor da proposta de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o cenário, especialmente se a empresa não comparecer na audiência, “ou não apontar as respostas” que eles desejam. (Leia manifestação da empresa ao final)
Nader disse que ainda não colheu assinaturas, mas tem a confirmação de que 16 deputados apoiam a instauração da CPI, mais do que o número mínimo exigido.
Ao longo dos dias, deputados como Bia de Lima (PT) e Amauri Ribeiro (UB), entre outros, têm se manifestado relatando prejuízos enormes para os produtores de leite do interior goiano que não têm como refrigerar o produto.
Da mesma forma, outro prejuízo: a falta de energia está gerando falta de água em Rio Verde, contou o deputado Lucas do Vale hoje. “Ficamos 90 horas sem abastecimento de água por falta de energia”, relatou.
Isto levou o deputado a apresentar requerimentos solicitando que a Saneago adquira geradores.
Procurada pelo Diário de Goiás, a concessionária de água, informou em nota que “os sistemas da Saneago são adequadamente projetados para suportar eventuais faltas de energia. Porém, quando as quedas são sucessivas ou se prolongam por muitas horas, o abastecimento pode ser prejudicado”.
A empresa explica que, enquanto o restabelecimento da energia ocorre imediatamente após a conclusão dos serviços na rede elétrica, “com a água não funciona dessa forma”. Ou seja, a recuperação é gradual e ocorre à medida que as redes e os reservatórios são recarregados com carga d’água exigindo tempo para recarregar toda esta infraestrutura.
Em Goiás, cita a nota, “a Saneago é a maior cliente da concessionária de energia elétrica. Essa alta demanda torna o suprimento por geradores inviável”.
Por um lado, a empresa observa que a utilização de geradores seria ir na contramão atual, já que nas captações de grandes cidades seriam necessárias dezenas de geradores de grande porte, consumindo energias não renováveis.
Isto, sem contar toda a logística de reabastecimento de diesel, manutenções e vigilância, tratamento de ruídos emitidos, “o que também impactaria na fatura dos clientes”, alerta a empresa.
Por outro lado, a Saneago informa que, mesmo não sendo sua obrigação a geração de energia para suas próprias unidades, para minimizar os impactos à população, diante das constantes quedas de energia, a empresa está investindo na locação de grupos geradores de energia elétrica para manter o abastecimento de água regular em cenários específicos. Mas a escolha é feita após análise de critérios de viabilidade.
“A garantia do suprimento adequado e contínuo de energia é uma obrigação da concessionária de energia elétrica (atualmente, Equatorial). Trata-se de um serviço regulado e fiscalizado pelas Agências”, pontua a nota da Saneago.
“A Equatorial Goiás, prezando pelo seu valor transparência, reitera que segue aberta ao diálogo com as autoridades e entidades para prestar todos os esclarecimentos necessários, assim como, fará na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
A Equatorial Goiás reitera o compromisso com o consumidor de manter o trabalho dia e noite e os investimentos necessários para que a melhoria no fornecimento de energia seja gradativamente percebida pelos consumidores.”