O Centro de Comunicação Social do Exército tratou como fato dentro da normalidade as mudanças determinadas para a reestruturação do Comando de Operações Especiais (Copesp) em Goiânia. O comando é a unidade de elite do Exército onde serviam os 12 militares conhecidos como “kids pretos” denunciados por tentativa de golpe, e que se tornou foco de mudanças determinadas pelo Estado-Maior da Força para serem promovidas até o dia 28 desse mês.
O assunto foi repercutido pelo Diário de Goiás na segunda-feira (10): Exército dá até 28 de março para reestruturar o Copesp, unidade dos “kids pretos” em Goiânia
Em nota enviada nesta quarta-feira (12) (leia a íntegra ao final), o CCSEx não aborda as mudanças e se restringe a dizer que “a Doutrina Militar Terrestre é dinâmica em todo o mundo e está em constante atualização”.
O questionamento do DG visava abordar a reestruturação determinada pelo Estado-Maior. Algumas dessas mudanças foram publicadas na edição de 20 de dezembro de 2024 do Boletim do Exército. Também buscava apurar se o Copesp já foi excluído do processo de seleção de alunos (‘kids pretos’) para os próximos cursos de Forças Especiais conforme noticiado pela Agência Pública naquele mesmo dia.
A nota não comenta, e se limita a informar que as vagas para cursos no Exército Brasileiro “dependem do orçamento e da necessidade de preenchimento de cargos, sendo definidas e regulamentadas pelo Plano Anual de Cursos e Estágios Gerais”.
Mas a responsabilidade sobre essa seleção teria passado do Copesp para o Comando Militar do Planalto e o Departamento-Geral de Pessoal do Exército, ambos em Brasília, o que não é negado na resposta enviada.
Além disso, uma das principais mudanças anunciadas foi a retirada do curso de Operações Psicológicas das mãos do Copesp. Desde 2017, essa especialização era oferecida na unidade de Goiânia, mas a partir desse ano será transferida para o Centro de Estudos de Pessoal do Exército, no Rio de Janeiro, segundo apurou a Agência Pública, o que também não é negado na nota.
No comando dos cursos de operações psicológicas estava o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, que ficou conhecido quando, segundo registro da Polícia Federal, desmaiou ao ser intimado das denúncias dentro da residência que ocupava no Conjunto Militar do Setor Marista, em Goiânia.
O oficial é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no Supremo Tribunal Federal (STF) de preparar operações psicológicas para influenciar civis e disseminar desinformação com o objetivo de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele foi flagrado em áudios defendendo “sair das quatro linhas” para o grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não perder o poder.
A reportagem tentou localizar a defesa do tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, mas não teve êxito. O espaço continua aberto para a versão dele.
“Em resposta à sua solicitação, enviada por e-mail em 10 de março de 2025, o Centro de Comunicação Social do Exército esclarece que a Doutrina Militar Terrestre é dinâmica em todo o mundo e está em constante atualização.
As vagas para quaisquer cursos no Exército Brasileiro variam em função de orçamento e das necessidades de recompletamento de cargos e estão previstas e reguladas pelo Plano Anual de Cursos e Estágios Gerais.”
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO