22 de dezembro de 2024
Caso das joias

Ex-assessor diz à PF que precisou pagar excesso de bagagem para trazer “presentes” de Bolsonaro

De acordo com o militar, além das joias, outros presentes como “caixas grandes com muitas frutas, cafés e óleos” também estavam no rol das bagagens
Bolsonaro recebeu três conjuntos de joias da Arábia Saudita. (Foto: Reprodução)
Bolsonaro recebeu três conjuntos de joias da Arábia Saudita. (Foto: Reprodução)

O militar Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor no governo de Jair Bolsonaro, que foi barrado pela Receita Federal ao tentar entrar ilegalmente no Brasil com joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, em depoimento à Polícia Federal (PF), disse que precisou pagar excesso de bagagem para trazer “tantos presentes” dados pelo governo da Arábia Saudita. A informação é do jornal O Globo.

O militar ocupou o cargo para o então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Em outubro de 2021, após viagem da equipe do ministro à Arábia Saudita, sem a presença do ex-presidente Bolsonaro, o Fisco apreendeu um pacote de joias que estava na bagagem do grupo, por tentativa de entrada ilegal no país.

De acordo com o militar, além das joias, outros presentes como “caixas grandes com muitas frutas, cafés e óleos” também estavam no rol das bagagens. Inclusive, alguns destes itens também foram retidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ainda de acordo com o ex-assessor, no último dia da missão oficial na Arábia Saudita, em 25 de outubro de 2021, Bento Albuquerque participou de um jantar restrito oferecido pala família real saudita, evento que, segundo ele, se estendeu até tarde.

Às 23h, o militar falou por telefone com o ex-ministro, pois o retorno ao Brasil estava programado para ocorrer em poucas horas. Albuquerque teria dito a ele que “o príncipe regente saudita falou que enviaria ainda um outro presente para o hotel, porém, o ministro disse não saber o que era”.

Marcos André afirmou à PF que, por volta de meia-noite, um emissário do príncipe foi ao hotel onde a comitiva brasileira estava hospedada com duas caixas embrulhadas em papel especial com brasão da família real.

Neste momento, segundo o ex-assessor, telefonou para Albuquerque, que ainda se encontrava no jantar oficial, para informar que “as caixas chegaram e estavam lacradas”. Diante da quantidade de presentes, o ex-assessor avisou que não tinha mais espaço na sua bagagem.

O ministro, então, decidiu que levaria um pacote e que o assessor transportaria o outro. Apenas o ajudante foi retido pela Receita ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Ao passar pela alfândega no Brasil, o militar foi selecionado por um servidor da Receita para uma inspeção. Bento Albuquerque seguiu normalmente.

O repreentante do Fisco avisou que faria a abertura das caixas, “pois aparentava ter joias”. Bento Albuquerque, que não estava mais no local, decidiu retornar e afirmou que tratava-se de um presente para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, mas as joias foi retida e lá permanecem até hoje.

Joias recebidas por Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu pelo menos três conjuntos de joias vindas da Arábia Saudita. O primeiro kit foi uma coleção feminina, com colar de R$ 16,5 milhões que seria destinado a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O segundo kit é composto por joias masculinas, que veio na bagagem do ex-ministro Bento Albuquerque, também em 2021.

Já um terceiro conjunto foi recendido em mãos pelo próprio Bolsonaro, durante viagem que fez em outubro de 2019. A confirmação veio da defesa do ex-presidente: “Os bens foram devidamente registrados, catalogados e incluídos no acervo da Presidência da República conforme legislação em vigor”.

Mas, em 24 de março a defesa de Bolsonaro entregou joias e armas que o ex-mandatário ganhou de autoridades árabes e incorporou a seu acervo pessoal.


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