Às vésperas do primeiro turno das eleições, previsto para este domingo (22), na Argentina, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que se preocupa com uma possível vitória de Javier Milei, chamado de ‘Bolsonaro argentino’. O país sul-americano, vizinho do Brasil e um dos principais parceiros comerciais do Brasil, caso liderado por Milei, também preocupa o governo, afirmou o ministro.
“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um… Porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação”, disse Haddad em entrevista à Reuters e publicada, também, da Folha de S.Paulo.
“Não se transpõe para as relações internacionais as questões internas. Mesmo quando você tem preferências, manifestas ou não […] É um vizinho do Brasil, principal parceiro na América do Sul. Então preocupa quando um candidato diz que vai romper com o Brasil. Você fez o quê para merecer esse tipo de tratamento?”, completou o ministro.
A eventual vitória de Milei, porém, não preocupa só Haddad, mas grande parte dos argentinos, visto que, assim como diversos países pelo mundo, também enfrentam uma polarização bem complicada. Basta lembrar, por exemplo, que Milei chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “comunista raivoso” e “socialista com vocação totalitária” e afirmou que, em relação ao Mercosul, a Argentina “seguiria seu próprio caminho” caso ele seja eleito.
Enquanto isso, Lula tem uma relação pessoal de amizade com o atual presidente argentino, Alberto Fernández, que chegou a visitá-lo na prisão logo depois de ser eleito. Vale lembrar que Fernández tem um candidato que é seu ministro da Economia, Sergio Massa, e que se contrapõe a Milei.
As pesquisas mostram, no entanto, que três, e não dois candidatos, tem chances reais de vencer. Três candidatos disputam os votos dos argentinos e têm chances reais de vitória. Além de Milei e Massa, aparece Patricia Bullrich.
Com os números mais específicos, de acordo com o Globo, em 12 pesquisas realizadas na Argentina até o dia 11 de outubro e consultadas pelo jornal argentino La Nación, Milei aparece à frente em 11. Duas sondagens o colocam com 35,6% e 35,5%, enquanto nas demais, ele oscila entre 34,7% e 33%. Massa aparece tendo entre 26% e 32,2%, e Patricia, entre 21,8% e 28,9%.
“Agora não tem o que fazer. No domingo, nós temos o primeiro turno na Argentina. Ou seja, só depois… E porque também não dá nem tempo. Mesmo que você chegue a um desenho vai ter que esperar o resultado da eleição. Então, é natural que seja assim”, continuou Haddad, concluindo que as propostas do Brasil para com a Argentina continuam, a depender de quem irá se eleger.