O veneno produzido por uma aranha que habita no litoral paulista serviu para uma pesquisa de novas formas para tratar o câncer. O trabalho é conduzido por cientistas do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Butantan há cerca de 20 anos, avaliando o potencial terapêutico de uma substância obtida a partir do aracnídeo. As informações são da BBC News.
Vale ressaltar que o possível remédio não é feito com o veneno da aranha diretamente, mas sim de moléculas isoladas, purificadas e sintetizadas em laboratório. Em pesquisas preliminares, a molécula se mostrou promissora no combate à leucemia.
Além disso, a aranha mostrou vantagens estratégicas se comparada a quimioterapia, por exemplo. Os estudos ainda estão nos primeiros estágios, portanto, é preciso experimentá-las em mais células e cobaias para observar a segurança e eficácia.
Pesquisa
Para a BBC News, os pesquisadores afirmaram que já são três décadas de investigação, começando por uma série de expedições pelo litoral de São Paulo. Segundo o biólogo do Laboratório de Toxinologia Aplicada do Butantan, Pedro Ismael da Silva Júnior, os estudiosos eram chamados para regiões em que aconteciam movimentações, momento em que faziam a coleta das aranhas.
“Nós geralmente éramos chamados para regiões em que aconteciam movimentações, como o corte de árvores e desmatamento. Nessas visitas, fazíamos a coleta de aranhas”, diz.
Em um painel de testes e análises para avaliar as toxinas encontradas em várias aranhas do gênero, o bioquímico Thomaz Rocha e Silva afirmou que viram que uma toxina encontrada na aranha possuía uma “poliamina pequena e com uma atividade bastante interessante”. Então, a molécula foi isolada e purificada, posteriormente sintetizada, criando uma versão química idêntica.
A substância foi posta para testes in vitro e, na bancada, foi colocada junto de células cancerosas, apresentando resposta importante. Apesar de a poliamina ter sido testada contra a leucemia, a expectativa é que tenha o mesmo efeito contra outros tipos de tumores.
A substância também precisa ser avaliada em cobaias, para avaliar o comportamento em organismos mais complexos e, caso seja bem-sucedido, o projeto passa par aa fase clínica.
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