No atual cenário do mercado brasileiro, em que o empreendedorismo tornou-se uma fácil oportunidade para profissionais de diversos segmentos, as empresas têm enfrentado cada vez mais dificuldades para atrair talentos. Um ponto estratégico a ser pensado, de acordo com a mentora de talentos e negócios e diretora da Apoio Negócios, Dilze Percílio, é em formas de desenvolver tais habilidades em um funcionário, dentro da própria empresa.
A especialista afirma que pode ser considerado um profissional de talento aquele que todas as empresas querem, por possuir competência técnica para ocupar determinado cargo, com um certo nível de experiência. Além disso, as competências comportamentais também apresentam grande impacto. “São aquelas ligadas à gestão das emoções, à capacidade de se comunicar, de ter uma capacidade de entender o problema e procurar solucioná-lo”, explica Percílio.
Trata-se do que as empresas chamam de engajamento. “Mais importante até mesmo que as competências técnicas, é a capacidade dele estar engajado com a empresa. Quando a gente fala de engajamento, a gente fala tanto da questão emocional, quanto da capacidade de entender o que está acontecendo em determinada área da empresa e propor soluções”, pontua a mentora.
“Hoje, se você me perguntar a principal competência de um talento, para mim é a capacidade de escutar, de se comunicar e de oferecer soluções rápidas para o problema. Se a gente tiver falando de cargo de gestão, a gente acrescenta a esse talento a capacidade de administrar conflitos e gerir pessoas. Ou seja, é alguém que vai ficar na empresa para não apenas seguir uma carreira, mas também contribuir de forma efetiva com os resultados”, acrescenta a profissional.
Percílio explica que existe, ainda, no Brasil um sistema educacional que não conversa muito com o mercado. “Temos cursos de graduação, por exemplo, que não preparam as pessoas, efetivamente, para o que ela vai fazer no mundo do trabalho”, frisa. Além disso, entram também, conforme a especialista, pessoas em situação de vulnerabilidade que enfrentam dificuldade econômica para completar os seus estudos e não conseguem performar bem no mercado de trabalho.
“Quando a gente fala das responsabilidades da empresa, elas vêm muito na questão de o empresário ter a tendência de a pessoa estar pronta e isso é muito difícil. Porque se for trazer alguém pronto e buscar na concorrência, o valor vai ser muito alto e, mesmo assim, ele não estará ambientado na estrutura da sua empresa. O empresário tem que entender que o melhor caminho é desenvolver os profissionais, enfatiza a especialista.
Como desenvolver um profissional de talento
Dilze Percílio explica que as empresas têm grande responsabilidade no desenvolvimento de talentos, visto que, em termos de competências técnicas e habilidades de gestão, por exemplo, apenas 30% é desenvolvido fora do ambiente de trabalho. Desse modo, é preciso oferecer oportunidades, ter programas de desenvolvimento, com uma curva de aprendizagem acelerada, bens construídos, com as principais entregas das áreas definidas, além de um bom planejamento estratégico.
Além disso, devem ser observadas, de forma primordial, as competências comportamentais, as quais, como dito anteriormente, são fundamentais para a formação de um profissional de talento. “Obviamente, se não se empenhar comportamentalmente, a pessoa não vai desenvolver a parte técnica, por mais que a empresa se preocupe em dar todas as condições. Eu digo que 60% do trabalho de desenvolvimento vem do próprio profissional, que tem que gostar de aprender, saber escutar e gerenciar os conflitos e, principalmente, administrar o seu próprio stress e ter uma inteligência emocional desenvolvida”, pontua a especialista.
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