A Síndrome de Burnout já é um termo conhecido hoje em dia. A condição, que dá nome ao esgotamento físico e/ou mental pelo excesso de trabalho ou estudo, começou a ganhar popularidade nos últimos anos, conforme o diagnóstico em profissionais exaustos foi aumentando. E o aumento foi expressivo, principalmente no Brasil, já que um estudo da International Stress Management Association (Isma) revelou que o país ocupa o segundo lugar em número de casos diagnosticados, superando apenas pelo Japão, onde 70% da população de trabalhadores é afetada pelo problema.

Vale lembrar, ainda, que a classificação da Síndrome de Burnout como doença ocupacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS) foi oficializada só no começo de 2022, então ainda há muitas pessoas que podem estar com o problema e não sabem como, quando ou se devem se preocupar. Por isso, o médico intensivista e nutrólogo, Dr. José Israel Sanchez Robles, explica melhor sobre a síndrome.

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O primeiro passo, diz o especialista, é se atentar às suas atribuições no trabalho e posteriormente se tem os sintomas. “É importante que o trabalhador avalie minuciosamente sua carga horária, garantindo que não esteja sobrecarregado, submetido a exigências exaustivas ou enfrentando uma crescente desmotivação. Além disso, é fundamental verificar se estão sendo desfrutados devidamente os períodos de descanso, férias e folgas. Posteriormente, é crucial estar atento a sintomas como exaustão, ansiedade, deterioração das relações pessoais, desânimo, distúrbios gastrointestinais, insônia, irritabilidade, estresse e agressividade, bem como uma diminuição na autoconfiança”, pontua José Israel e completa: “Caso a pessoa se identifique com grande parte destes tópicos, é urgente tomar providências.”

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O médico explica que, a partir daí, o trabalhador tem, sim, opções. “É crucial que o indivíduo no ambiente profissional seja capaz de estabelecer limites claros com seus superiores, independentemente de sua posição hierárquica na empresa. Expressar abertamente suas percepções e sentimentos é essencial para evitar  os riscos da Síndrome de Burnout desde sua origem, que muitas vezes é o próprio local de trabalho. Caso a comunicação não tenha o efeito desejado ou encontre resistência, é necessário que o trabalhador priorize sua própria saúde e bem-estar. Buscar auxílio médico e apoio torna-se uma ação essencial”, afirma o especialista.

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O médico reforça, ainda, que é comum que pessoas tenham medo de perder o emprego e acabam aceitando condições de trabalho que, futuramente, possam vir a fazer com que elas tenham problemas de saúde como a Síndrome de Burnout, mas que isso não pode acontecer. “O estabelecimento do diálogo é essencial; a vida em si é de valor inestimável. A saúde é a base onde tudo é sustentado. Sem ela, a capacidade de desempenhar funções laborais e, por extensão, a perspectiva de uma qualidade de vida  melhor são comprometidas”, completa.

José Israel lembra, também, que o Burnout é o processo que ocorre e se inicia com o fator estressor crônico no ambiente de trabalho ou, até mesmo, acadêmico, mas que, inicialmente, a pessoa pode estar com sintomas de ansiedade ou depressão.

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“Nos casos em que o trabalhador ou estudante não alcançou o ponto crítico, evitando assim a ‘explosão’ característica do Burnout, as perspectivas de tratamento permanecem amplas. Intervenções podem envolver profissionais médicos, terapeutas ou mesmo a interrupção das atividades que estão contribuindo para o estresse. No entanto, é importante manter alerta.”

“A prevenção do Burnout pode ser viabilizada por meio de alterações nos hábitos cotidianos. Além das orientações no contexto profissional ou acadêmico, existem outras medidas altamente benéficas, como a realização de atividades físicas regulares e a adoção de uma alimentação saudável. Essas práticas desempenham um papel significativo na prevenção do esgotamento”, garante o médico.

Em casos onde não há saída e a Síndrome de Burnout está prestes a acontecer, tratamentos existem e também ajudam. “O afastamento do trabalho seria uma das alternativas consideradas. No entanto, essa não é uma circunstância viável  para muitos brasileiros. Nesses casos, o profissional médico pode recomendar o uso de medicamentos, desde que acompanhado por mudanças nos padrões de vida”, conclui o especialista.

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