07 de agosto de 2024
Literatura

Escritor goiano lança ‘Obituário’, obra inédita de estilo “tropical sombrio”; entenda

Livro tem conteúdo com referências artísticas lúgubres e soturnas, inclusive latino-americanas
Marcelo Perilo lançará uma coletânea de contos ficcionais, de sua autoria, intitulada “Obituário”. (Foto: Fernando Alves)
Marcelo Perilo lançará uma coletânea de contos ficcionais, de sua autoria, intitulada “Obituário”. (Foto: Fernando Alves)

O escritor goiano Marcelo Perilo lança, neste sábado (6), uma publicação literária inédita em Goiânia. Trata-se de “Obituário”, obra que reúne 7 contos ficcionais por ele elaborados ao longo dos últimos 4 anos. O lançamento está marcado para às 20 horas no bar Est Comedoria, localizado no setor Leste Universitário.

“Obituário”, segundo Marcelo, é resultado de uma pesquisa por uma estética e poética que ele denomina “tropical sombrio”. Esse é o nome que o autor atribui a seu estilo de escrita, que se nutre de referências artísticas lúgubres e soturnas, inclusive as latino-americanas, o que resulta em uma produção literária diversa em cores, aparências e texturas.

O estilo tropical sombrio orientou a elaboração dos textos, bem como a forma da obra literária. “Obituário” não é um livro, mas uma caixa em formato alusivo a uma gaveta mortuária comum em cemitérios. As 7 narrativas ficcionais são apresentadas em folhas avulsas, ou seja, sem cola, costura ou grampo. Essas folhas são acondicionadas dentro da caixa que lhes serve como jazigo.

“Essa obra literária não é um livro, uma vez que foi concebida para ter outra forma. Era fundamental que tanto o conteúdo quanto o formato de ‘Obituário’ fossem resultado da pesquisa que eu realizo em busca do estilo tropical sombrio. Nessa proposta literária, a pessoa leitora é convidada a experimentar o que é violentamente sepultado e o que é vivamente celebrado em uma publicação soturna e, que, ao mesmo tempo, tem cores fortes, vibrantes e saturadas”, comenta o escritor.

Os contos em “Obituário” tratam de temas variados, como morte, amor e liberdade, em narrativas que se passam em diferentes períodos históricos e em diversas cidades. Há contos ambientados em Belo Horizonte e em Toronto, por exemplo, e há ações que ocorrem em regiões deliberadamente não identificadas. Há ainda personagens variados, incluindo aqueles não-humanos, como um apartamento sedento de sangue e um enorme lago que a todos observa.

A programação visual da obra foge ao convencional, em uma diagramação que se articula com a narrativa. Há um conto cujas palavras e caracteres formam na folha a imagem de uma porta entreaberta; e há outro que remete a um corpo com vários cortes. A história que se passa em Goiânia é distribuída na página de modo a sugerir uma árvore, um elemento muito importante na narrativa.

A produção dessa obra de formato não convencional contou com o trabalho de distintos profissionais das artes visuais. A ilustração, no miolo da obra, é assinada pelo vitrovil (Vitor de Oliveira), desenhista e designer de jogos; a ilustração e desenho da caixa é da Fernanda Tosta, designer de produtos; a diagramação e editoração eletrônica é da Bia Menezes, designer gráfica. Os textos contaram com revisão e leitura crítica de Beta Reis, escritora e antropóloga; e a edição da obra foi realizada por Alda Alexandre, escritora e criadora do selo literário Rebellium Coletiva.

“Trabalhar com uma obra literária que foge aos cânones do que é um livro convencional (que tem páginas numeradas, coladas, prensadas e costuradas), é uma coisa, por si só, desafiadora. Então, ‘Obituário’ carrega um universo enorme de signos. Em sua visualidade, nada é aleatório: tudo ali nasceu das narrativas e do conceito tropical sombrio que forjou a própria obra”, comenta a editora Alda Alexandre.

O público poderá ler, tocar e desvendar “Obituário” no evento de lançamento desta publicação. O autor estará presente para dialogar com as pessoas leitoras e para as sessões de autógrafo. Nessa ocasião, haverá também o lançamento de mais 2 obras literárias do selo Rebellium Coletiva.

Escritor, antropólogo e ciclista. Para Marcelo Perilo, escrever é uma necessidade tão prioritária quanto viajar (especialmente de bicicleta). Nasceu em Goiânia, e agora vive em Belo Horizonte. Fez mestrado em Antropologia, na UFG, e doutorado em Antropologia, na Unicamp. O autor afirma que idealiza e realiza seus projetos de escrita “muitas vezes, sem pressa, mas sempre com paixão”.


Leia mais sobre: / / / Goiânia

Comentários