Membros da equipe ligada à Operação Carne Fraca, que apura supostas irregularidades na inspeção de alguns dos principais frigoríficos do país, rebateram à reportagem as críticas à investigação feitas pelo setor e pelo governo federal.
“Deixemos o tempo falar”, disse um membro da investigação.
Os investigadores afirmam que ainda há muito material sob sigilo, e que a operação deve ter desdobramentos mais adiante.
Neste domingo (19), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, criticou a PF por “erros técnicos” e o governo federal procurou minimizar o alcance da investigação.
“O governo está se precipitando. As críticas virão, mas em breve serão superadas”, afirmaram.
A equipe também rebateu informação publicada na Folha de S.Paulo nesta segunda (20), de que apenas um frigorífico teve a carne periciada na investigação.
Segundo os investigadores, a realização de perícias em diversas empresas comprometeria o sigilo da operação -por isso, durante a fase de apuração, optou-se por apenas uma amostra.
A equipe sustenta, porém, que há provas do envolvimento de outros frigoríficos na produção e venda de carnes adulteradas e no pagamento de propinas a fiscais do Ministério da Agricultura.
Todas as empresas que foram alvo de busca e apreensão na sexta (17) tiveram material coletado, que será analisado e fará parte das provas da operação.
Além disso, os investigadores ressaltam que há suspeita de irregularidades até mesmo nos laboratórios que fazem análises para os frigoríficos e estão credenciados pelo Ministério da Agricultura.
Um deles, Laboran Análises Clínicas, com sede em Curitiba, foi alvo de busca e apreensão na sexta (17). Um ex-funcionário do frigorífico Peccin disse à PF que o laboratório pedia novas amostras quando o material não atendia aos “requisitos técnicos exigidos”.
A empresa, porém, nega irregularidades, diz que não realiza testes oficiais para produtos de origem animal e que enviou todos os seus relatórios à PF. “Comprovamos cabalmente a honestidade, ética e qualidade das nossas análises”, informou a Laboran, em nota. (Folhapress)