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Notícias do Estado
| Em 1 ano atrás

Equatorial ganha mais 90 dias para sanar falhas no fornecimento de eletricidade

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A Equatorial Energia não satisfez os deputados e outros participantes da audiência pública realizada na manhã de hoje, 31, na Assembleia Legislativa (Alego). Mesmo assim, a empresa ganhou mais 90 dias de prazo para sanar as falhas que têm gerado picos e desabastecimento em diversas cidades e assim não ser alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Ironizando o quadro, as falhas foram chamadas na audiência de serviço “pisca-pisca” pelo principal crítico, o deputado Gugu Nader (Agir). Foi ele o autor da sugestão de fazer a audiência com dirigentes da concessionária, sob a coordenação da Comissão de Minas e Energia da Alego.

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Mesmo repertório

O presidente da Equatorial, Lerner Jayme, fez uma longa explanação mostrando a estrutura que a empresa assumiu há nove meses, apontando depreciação e sistemas defasados. Foi praticamente o mesmo repertório de outras apresentações a autoridades, onde também exibiu os investimentos já realizados. Mas a apresentação não foi suficiente para uma explicação considerada razoável.

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Até porque, os parlamentares criticaram a Equatorial por ter aceito o serviço mesmo ciente das condições em que estava a distribuição de energia em Goiás. Além disso, há um receio geral de que chuvas mais intensas deixem o fornecimento ainda mais dramático, e não foi dito o que está sendo feito de forma emergencial para evitar o pior.

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Investigação

Gugu Nader chegou a defender uma investigação específica sobre o contrato entre o Estado e a Equatorial Energia. A intenção é entender os compromissos firmados e garantir que a empresa cumpra suas obrigações, lembrando que isso pode ser feito em uma CPI.

Foi dele a solicitação de nova audiência em 31 de janeiro de 2024 para avaliar se houve melhorias efetivas no serviço prestado pela empresa. Também ele propôs a CPI e depois retirou o requerimento aguardando as audiências.

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A reunião foi coordenada por Nader, pelo presidente da Comissão de Minas e Energia, deputado Lineu Olimpio (MDB) e pelo deputado Amilton Filho (MDB) que também é coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Qualidade de Energia em Goiás.

Da empresa compareceram, Lener Jayme e os diretores de regulação e jurídico da empresa, Cristiano Logrado e José Silva Sobral Neto, respectivamente.

O presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM) e prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves (MDB), participou, assim como o superintendente do Procon, Levy Rafael.

FGM aponta situação nos municípios

Naves apontou o drama vivido por prefeitos e ressaltou a importância de uma abordagem mais ágil e eficiente para as questões energéticas que afetam os municípios goianos. Citou, inclusive, a demora em atendimentos que depois prejudicam a liberação de obras sociais, como moradias populares.

Já Rafael falou de parcerias com a Equatorial, mas também da frustração com a resposta da empresa. “Infelizmente as respostas não foram novamente a contento”.

O superintendente questionou a empresa sobre os motivos das constantes interrupções de energia elétrica e a falta de investimentos efetivos para resolver os problemas. Ele pediu documentos que comprovem os investimentos realizados e um plano de ação claro para solucionar as questões enfrentadas pela população.

População quer esclarecimentos

O deputado Coronel Adailton (Solidariedade) destacou que a empresa “sabe que a população precisa de esclarecimento, e esse é o objetivo desta audiência”.

Já o deputado Amilton Filho (MDB) ressaltou a assinatura da concessão com a Equatorial, em fevereiro deste ano, como um momento de esperança para todos os goianos. Ele expressou a preocupação em lidar com a ansiedade da população por resultados imediatos. “Queremos resultados, e lidar com essa ansiedade não é apenas nossa preocupação, mas também dos prefeitos e empresários goianos”, afirmou.

Deputado pede relatório

De sua parte, o deputado José Machado (PSDB) solicitou à Equatorial Energia um relatório sobre os investimentos realizados e sua distribuição geográfica. “Estou muito preocupado com os investimentos feitos e onde estão sendo feitos. Precisamos de um plano de trabalho que seja executado para que a população tenha a segurança do fornecimento de energia elétrica.”

Já o deputado Veter Martins (Patriota) ressaltou a importância de ações imediatas e um plano que possa ser executado para solucionar os problemas enfrentados no Estado. “Precisamos de ações imediatas e de um plano que seja efetivamente executado”.

Promessas

O deputado Cristiano Galindo (Solidariedade) compartilhou experiências pessoais relacionadas a problemas no fornecimento de energia elétrica, enfatizando a necessidade de a empresa cumprir as melhorias prometidas. “Quando adquirimos um carro com problemas, sabemos que ele precisa ser arrumado antes de usá-lo. Isso é o que aconteceu com a Equatorial. Precisamos de respostas e ações concretas para que a população tenha a segurança no fornecimento de energia elétrica”, concluiu.

Posicionamento da Equatorial

O presidente da Equatorial Goiás, Lener Jayme, enfatizou o compromisso da empresa com a reconstrução da rede de energia no Estado. Disse que a fornecedora tem um pacto para em colaborar em todas as instâncias para resolver os desafios enfrentados pelo Estado.

Ele enfatizou que empresa é transparente e disposta a trazer informações detalhadas sobre as ações da companhia. O presidente apresentou um panorama dos desafios enfrentados pela empresa desde sua chegada ao Estado e ressaltou a complexidade da situação. Citou, por exemplo, a sobrecarga de transformadores e a falta de pontos de suprimento em algumas regiões.

Lener Jayme também apontou a necessidade de ampliação das linhas de transmissão e a importância de parcerias com o poder público federal para solucionar os problemas de conexão de energia em algumas áreas do Estado.

O exemplo repetido várias vezes foi relacionado à região de Jussara, no Noroeste de Goiás. Ele pediu apoio dos deputados para que a região seja contemplada no Ministério de Minas e Energia.

Além disso, o presidente da Equatorial Goiás destacou os esforços da empresa para melhorar o atendimento ao cliente. Para isso, incluiu a ampliação da força de trabalho e a resolução de demandas reprimidas, como ligações de usinas fotovoltaicas e problemas de conexão.

Situações críticas e melhoria de indicadores

Ele também destacou as ações tomadas pela Equatorial Goiás para lidar com situações críticas, como a ocorrência de uma chuva incomum no mês de agosto, seguida de uma onda de calor que afetou todo o país.

Jayme garante que houve melhora nos indicadores e na relação com o cliente.

O presidente da Equatorial Goiás enfatizou ainda a importância de preparar a infraestrutura elétrica do Estado para enfrentar novos desafios, como o aumento da temperatura. “Goiás deve ter uma nova onda de calor. Imagine um estado que já tem uma rede completamente sobrecarregada com até 16% de aumento no consumo. O caos é fato, mas queremos participar da história da reconstrução”, destacou.

Além disso, Lener Jayme ressaltou os investimentos realizados pela Equatorial Goiás para melhorar a qualidade do serviço, incluindo a construção de subestações, modernização da rede e programas de manutenção preventiva. Ele também mencionou o programa de reequilíbrio do sistema elétrico rural, que visa resolver problemas nas redes monofásicas e melhorar a qualidade do fornecimento de energia nas áreas rurais.

Insatisfação permaneceu após fala

Após a fala do representante da concessionária, a palavra retornou aos parlamentares para novos questionamentos. Gugu Nader expressou sua frustração em relação às respostas “Não tem ninguém fazendo política aqui, estamos tratando de uma concessão do Estado, e quem assume como diretor de uma empresa de uma concessão do Estado tem que também assumir estar na vitrine para elogios e para ser cobrado”.

O deputado destacou que a audiência pública não foi convocada para discutir o passado ou fazer propaganda da Equatorial, mas sim para apresentar ações concretas que a empresa pretende implementar a partir de agora. Ele questionou a falta de detalhes sobre investimentos imediatos, de médio e longo prazo, que resolveriam os problemas enfrentados pela população.

Já o deputado Wagner Neto (Solidariedade) por um lado reconheceu os desafios enfrentados pela concessionária e pela indústria de energia elétrica como um todo. Por outro lado, destacou a necessidade de parcerias entre a empresa, as prefeituras e os deputados para lidar com problemas como a manutenção das redes elétricas e a poda de árvores.

A importância de solucionar quedas de energia causadas por redes interrompidas e a necessidade de melhorar a infraestrutura de transformadores em algumas áreas, especialmente em escolas, também foram abordadas pelo parlamentar.

Do estudante ao produtor de leite

Enquanto isso, a deputada Bia de Lima (PT) destacou a preocupação com a infraestrutura de energia nas escolas do Estado. Ela ressaltou que, embora muitas escolas tenham adquirido equipamentos como aparelhos de ar-condicionado, ainda enfrentam dificuldades na instalação devido à falta de oferta energética adequada. A deputada enfatizou que essa situação afeta diretamente o ambiente de aprendizado dos estudantes e a qualidade das escolas.

Ela também mencionou o impacto negativo nas atividades de produtores de leite, que perdem seus produtos devido a quedas de energia. A parlamentar reforçou o compromisso de buscar soluções para esses problemas em conjunto com a Equatorial.

Leandro Sena (Republicanos), que é vereador por Goiânia, expressou preocupação com a falta de energia em serviços essenciais, como saúde e educação. Também pediu uma resposta clara e objetiva da Equatorial Goiás para resolver definitivamente os problemas enfrentados pela população.

Distribuição irregular

O deputado Talles Barreto (UB) enfatizou que a rede de energia em Goiás está comprometida, e a Equatorial tem trabalhado para melhorar a situação. No entanto, ele expressou o sentimento de insatisfação da população com os constantes problemas no fornecimento de energia.

Citou em especial a nova forma de distribuição “que deixa áreas sem energia enquanto outras continuam funcionando”. O deputado fez perguntas sobre investimentos em transmissão e pediu um prognóstico das redes de transmissão, buscando soluções de curto, médio e longo prazo.

Também o deputado Paulo Cezar (PL) abordou a necessidade de planejamento de curto e longo prazo para resolver os problemas de energia em Goiás. Ele destacou que sente “saudade da época da Celg”. O deputado fez uma proposta para viabilizar um planejamento em conjunto com a Equatorial para resolver os problemas de fornecimento de energia e enfatizou a importância de resolver questões emergenciais, como o desligamento das chaves em situações de chuva, para evitar transtornos aos consumidores.

Resposta final

Em relação aos questionamentos sobre a falta de energia, o presidente da Equatorial Goiás esclareceu que a empresa não nega a existência de problemas, mas que está comprometida em solucioná-los. Ele destacou a importância da parceria com os municípios e mencionou mutirões que já foram realizados em várias localidades para melhorar o fornecimento de energia.

Sobre a questão da renovação de ativos, Lener Jayme apresentou dados que contradizem a afirmação de que não houve investimentos na infraestrutura da empresa. Ele citou dados que segundo a empresa atestam que houve investimentos significativos na renovação de ativos e na melhoria da rede elétrica.

Superar o sucateamento

O presidente da Equatorial Goiás apelou para o entendimento de que a empresa atual não tem responsabilidade pelos problemas do passado, mas está comprometida em reconstruir a infraestrutura elétrica do Estado. Ele destacou a necessidade de reconstruir 31% da base de ativos que se encontra em estado de sucateamento.

Lener Jayme também assegurou que a empresa não retirou (demitiu) equipes de campo, e sim realocou profissionais em diferentes regiões de acordo com as necessidades.

O presidente da Equatorial Goiás se comprometeu, por fim, a analisar as demandas específicas apresentadas pelos deputados. Também reforçou a disposição da empresa em trabalhar em conjunto com as autoridades e a sociedade para resolver os desafios relacionados ao fornecimento de energia elétrica em Goiás.

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.