Publicidade
Política
| Em 8 meses atrás

Entrevista: Mabel destaca perspectivas, tece críticas a atual gestão e detalha propostas para Goiânia

Compartilhar

Em entrevista exclusiva ao editor do Diário de Goiás, Altair Tavares, o pré-candidato à prefeitura de Goiânia, Sandro Mabel, detalhou as propostas e os preparativos para a disputa ao cargo. O empresário teceu críticas a atual gestão da capital, falou sobre as possíveis escolhas para vice e elencou as perspectivas para a corrida eleitoral. 

Veja a entrevista na íntegra: 

Publicidade

Altair Tavares: O senhor entrou aí no momento final da janela partidária, de lá até agora, considerando esse período que daqui a pouco vai vencer o mês, o que foi feito para estruturar a campanha a para prefeito de Goiânia?

Publicidade

Sandro Mabel: Bem, primeiro o governador foi nos procurar para que nós pudéssemos ser candidato, eu não tinha nenhuma intenção de ser candidato em Goiânia. Uma vez que eu aceitei esse desafio, ele mostrou a importância de ter um gestor em Goiânia, um gestor com coragem, que entenda o que fazer com a cidade. A cidade realmente tem muitos problemas e nós estamos tendo uma aula de algumas, como a Prefeitura está nas suas diversas áreas e a campanha de lá para cá. Então, nós saímos para a rua, saímos conversando com as pessoas, com as entidades, com os vereadores, com a população.

Publicidade

Temos participado de vários debates, várias entidades se reúnem para apresentar a visão deles da cidade, que eles acham que deveriam mudar, não mudar. Fazemos visitas a várias entidades também que são parceiros da Prefeitura e querem também algumas mudanças ou querem continuar parceiros, e temos conversado muito com os vereadores também, com os candidatos a vereadores, temos conversado no poder público em diversos lugares, temos visitado algumas UPAs, alguns Cais, que aqui em Goiânia chamam todos de Cais.

Altair: O que achou?

Publicidade

Mabel: Eu achei que precisava de uma mudança boa. Em tudo que eu tenho andado, eu tenho visto que nós temos que fazer algumas mudanças importantes. Vai desde o trânsito, nos Cais, problema de crianças fora da creche. Problema de saúde é gravíssimo, gravíssimo. Eu diria que a saúde de Goiânia está realmente na UTI está em respirador artificial para se manter viva. Você tem profissionais que estão tentando fazer o seu trabalho mas as condições são poucas, isso não é por falta de dinheiro.

Goiânia  tem 1,8 bilhões na área da saúde. Com isso daí dá para fazer saúde. Dá, porque quem entende diz que dá, mas você tem que tirar onde está vazando, onde não está sendo bem aproveitado, onde pode existir algum desvio, alguma coisa. Isso daí você tem que fazer onde que entra a experiência de gestão para que você possa arrumar. Nós temos. Ao mesmo tempo que a gente conversa com pessoas e já vai procurando soluções. 

Então, por exemplo, eu estive na região noroeste, uma grande demanda que existe lá para regularizar trânsito e poder dar uma outra visão na região. É aquela continuidade da Goiás Norte. No primeiro ano de mandato nós vamos fazer a Goiás Norte, nós vamos concluir a Goiás Norte até o Jardim Primavera. E lá no Primavera nós vamos fazer um Distrito Industrial naquela região, em algum lugar. Por quê? Esse povo não tem que vir de lá para cá trabalhar aqui, eles têm que trabalhar perto da casa deles.

Não é um super distrito industrial para indústrias grandes, não. Aqui em Goiânia você tem que fazer vários distritos industriais pequenos, pode ser uma quadra, é um distrito industrial que é incentivado, que você procura empresas. Nós temos que parar de fazer as pessoas andarem de um lado para o outro, se a pessoa puder ir a pé ao trabalho, ela puder ir de bicicleta, ela não precisa pegar um ônibus, se ela pegar um ônibus é um pedaço curto que ela está pegando um ônibus, isso é muito importante.

Então, dentro disso daí, nós estamos então idealizando como é feito no Estados Unidos, na Europa, em muitos países. E como aqui também é feito, em São Paulo, aqui em Goiânia já tem prédios que metade são áreas comerciais e metade são residências, escritórios com residências. Como ele está naquele escritório, ele automaticamente procura uma residência no prédio.

Ele levanta de manhã em 10 minutos e está sentado na cadeira dele, no escritório. Então, essas coisas precisam ser pensadas, porque nós falamos assim, nós vamos resolver o trânsito. Não, se você continuar movimentando a população para vir toda ela para centros concentrados de desenvolvimento ou Aparecida de Goiânia, por exemplo, que era uma cidade de dormitório, hoje Goiânia está virando uma cidade de dormitório. Cada vez mais, as pessoas saem para trabalhar para Aparecida, para Goiânia, para Senador Canedo, para Trindade, que é onde as indústrias se instalaram. Então, isso causa todo esse atrapalho no trânsito. Então, esse estudo que nós estamos fazendo nas diversas áreas, nós já fizemos um plano para os 100 primeiros dias em algumas áreas que nós vamos fazer uma arrumada boa.

Altair: Plano de 100 dias mas ainda não ganhou a eleição, não é precipitado? Ou o plano já é a proposta? 

Mabel: Não, é a proposta. O  plano está dentro de uma proposta de que nós vamos fazendo, porque não adianta. Eu não posso fazer as coisas só por parte, o tempo é curto. Então o que nós fazemos? A gente vai montando a equipe, a equipe vai começando, você fala, eu quero que faça assim, assim, então o pessoal começa a escrever. Eu não posso, ó, depois que eu ganhar a eleição, eu vou pensar o que eu vou fazer. Não. Vou pensar, vou trabalhar desde o começo e vamos pensar a cidade como um todo. Amanhã, se eu por acaso não ganhar a eleição, não tem problema, a gente entrega para o outro que ganhar, que ele aproveite aquilo que é bom para a nossa cidade. Agora, eu não vou ficar esperando, não. Nós vamos fazer uma série de coisas, inclusive leis, decretos, uma série de coisas que eu preciso fazer para fazer uma gestão boa. 

No dia 2 de janeiro vai estar na Câmara para ser votado. Um pacotaço de coisas que precisam ser feitas, então eu tenho uma equipe que já começa a andar junto comigo e vai fazendo, então em 30 dias, nem 30 dias, 20 dias praticamente nós estamos aí planejando uma série de coisas. O que difere muitas vezes, assim, quem pensa em política e quem pensa em gestão. 

Eu tenho uma experiência política grande, eu fiquei muito tempo na política, mas hoje, eu não penso mais em política, eu penso em gestão, eu penso que vou pegar a Goiânia numa missão de dar uma arrumada boa na nossa cidade, trazer ela mais para a realidade, mais automatizada, uma cidade que você possa ter um trânsito com sinaleiros sincronizados, que você possa ter um centro de Goiânia diferenciado, que você possa levar o trabalho para os bairros também. Não adianta fazer grandes planos, vou fazer super distrito industrial, vou concentrar o povo do mesmo jeito, vou criar um problema do mesmo jeito. Não quero fazer, se der pra fazer 50, 60, não vou fazer, se não tiver uma ponta de rua que tiver uma área da prefeitura, que a prefeitura possa adquirir, nós vamos estar trabalhando nessas coisas. Então, dentro disso aí, eu tenho que fazer as reuniões com as pessoas e já irei dando soluções, pensando algumas soluções que precisam ser dadas. É isso que nós estamos fazendo, por isso que já ele já saiu o plano e já saiu proposta. 

Altair: A bancada do MDB e União Brasil, juntando os partidos, ainda não foi chamada para uma conversa interna sobre condução da campanha. O senhor está esperando um momento para isso ou por quê? A condução da campanha ela é feita pelos partidos ?

Mabel: Na verdade, é o contrário a história. Os partidos, eu já me coloquei à disposição dos partidos, então você tem o União Brasil, você tem o PMDB também, o MDB, não só eles, mas outros partidos também, que nós temos que sentar e dar uma conversada e nós estamos à disposição para fazer isso daí, eles estão organizando a agenda, organizando um prazo. Eu fui na Câmara de Vereadores e conversei com todos os vereadores que hoje vamos ver, teria uma condição de fazer um arco de aliança junto com a gente, expus algumas coisas, escutei outras importantes, tem alguns vereadores que me encontram mais porque as pessoas me encontram, sabem onde que eu estou indo, vão encontrando, mas nós vamos reunir com todos os partidos, todos os partidos, depende também do partido. O partido até dia 6 ficou naquela confusão, até dia 12, ficando naquela confusão de muda daqui, muda dali, faz chapa, faz isso, essa semana passada que foi a semana do distensionamento aí, e agora começa assim, então, a ter esse trabalho junto com os partidos.

Altair: Quem é que distensionou?

Mabel: Não, você vai distensionando dúvidas que o pessoal tem, que os vereadores têm, que partidos têm, vamos juntar, não vamos juntar, o que vai fazer, como é que vai fazer a campanha, como é que vai fazer isso, como é que vai fazer aquilo. Então nós temos pessoas, no União Brasil, o União Brasil é um partido organizado como o PMDB também, um partido organizado.

A União Brasil acabou de fazer a campanha do governador Caiado, então essa mesma  equipe que está tomando conta. Faz 14 anos que eu não disputo uma campanha, então não tem condição, não tem equipe, não tem nada. Eu nem caí de paraquedas, me jogaram do avião. Nem paraquedas me deram, jogaram eu aqui. Agora, isso daí, o partido está se mexendo muito. Nós temos aí coordenador já, que anda, que trabalha e que está conversando e que está organizando todos esses acordos.

Eu tenho conversado com o partido, o governador tem conversado, o Bruno (Bruno Peixoto) tem conversado também. Então nós estamos juntos aí, traçando essa estratégia para que a gente possa alinhar quando começar a campanha, a todo vapor. O senhor falou de Bruno e as movimentações de partidos aliados a ele têm formado um bloco, para assim dizer. E dando a entender aí que esse bloco, que era uma participação mais objetiva, talvez até indicando a vice, alguns imaginam que esse bloco em algum momento pode ser mais forte em termos de propósito. 

Altair: Como o senhor analisa?

Mabel: É um bloco que eu acho que é importante, são quatro partidos, são quatro chapas completas de vereadores, nós somos amigos de todos esses partidos, eu tenho uma relação pessoal com todos eles, e também está exatamente isso se discutindo. O Bruno (Bruno Peixoto) está como coordenador da minha campanha também nessa área política, então ele está fazendo essas costuras e trazendo todo mundo junto, mas está bem caminhado, está andando bem essa mexida, vamos chamar assim. Lógico que no começo, conversar com um, conversar com o outro, isso é natural. Essas conversas agora, elas acontecem, eu tenho certeza absoluta que esse pessoal vai estar junto com a gente, porque eles também entendem que Goiânia precisa de um gestor.

Quem que nós temos de candidato que são gestores? Numa cidade dessa, que vai ter esse ano 400 milhões de déficit, 430 milhões de déficit orçamentário, ano passado teve 110, vai 410, em 2028, que é daqui quatro anos, vai ter um bilhão por ano de déficit orçamentário. Você precisa consertar isso. Se não, você não vai pagar o devedor, você não vai pagar folha de pagamento, você vai pagar mais nada. Você pode ver que já tem uma porção de coisas atrasadas. Está aí os anestesistas que não recebem, tem o pessoal dos hospitais que não recebem, tem entidades aí, eu já estive lá na Adefego. Lá, também eles devem dinheiro de repasse, que o SUS fez para o município repassar, também não repassaram.

Então, por quê? Porque estão gastando mais do que tem. Então, isso precisa de gestão para arrumar. Então, quem que nós temos de gestor? Que é gestor, que é comprovado como gestor? Tem eu e o Vanderlan, que também já mostrou que sabe fazer um bom trabalho. Agora, o Vanderlan, eu tenho conversado com ele, eu sou padrinho político dele, que eu pus ele na política lá em Senador Canedo. Falei “afilhado, você toma jeito aí, ajuda o padrinho aqui agora”. Mas é importante que o Vanderlan fique no Senado. O Senado agora vai discutir reforma tributária e o Vanderlan tem sido o nosso esteio lá, muito importante como senador, foi presidente de uma comissão importante e que é um momento, assim, é um momento de vida ou morte para o Estado com essa regulamentação da reforma tributária.

Altair: Esse número de 400 milhões de déficit, o senhor tem como base o quê?

Mabel: Tem como base a estimativa. Eu pedi um diagnóstico da Prefeitura de Goiânia. Peguei pessoas que têm acesso a dados, os dados são públicos, e montaram um diagnóstico mostrando, se nada for feito, diferente do que está se fazendo, nem a mais e nem a menos, a folha de pagamento de Goiânia subiu de 2022 para 2023, 1 bilhão de reais, aí subiu de 3.200 para 4.200, subiu 1 bilhão de reais. Então, você precisa cortar em outros lugares. O funcionário público precisava do aumento? Ótimo. Agora, onde que tira isso daí para poder fazer um trabalho, entende? Então, você tem que sempre achar que não adianta, a despesa tem que ser menor do que a receita. 

Altair: O senhor disse que vê o pré-candidato Gayer como uma pré-candidatura que não vai prosseguir. E desde o início, o senhor tem ali mostrado que tem proximidade com o Bolsonaro, que tem proximidade com o PL para essa aliança. Essa certeza que o senhor colocou tem como base o quê?

Mabel: O próprio Gayer. Ele é uma pessoa, a personalidade dele, o trabalho dele, ele é voltado para o que ele faz, e faz muito bem feito. É um cara que faz uma oposição inteligente, o Gayer é conhecido no Brasil inteiro com essa oposição que ele faz. Então ele mesmo tem vontade de ser gestor aqui em Goiânia, ele tem vontade de continuar o trabalho, o Bolsonaro quer que ele continue um trabalho assim. Se ele vier para gestor em Goiânia, ele vai desaparecer desse trabalho que ele faz no Brasil, não vai ser prefeito de Goiânia. Ele não vai estar feliz, você pode ter certeza. O que ele gosta de fazer é isso que ele faz hoje, mas que ele faz bem feito.

Altair: O senhor disse que isso partiu de uma comunicação dele?

Mabel: Sim, nós já estivemos conversando sobre isso daí. O Gayer, dos goianos nossos de oposição, é o cara mais craque que nós temos. Você vê lá no Rio de Janeiro em cima do trio com o Bolsonaro, você vê o cara de oposição que sabe fazer uma oposição. Ele não dá entrevista para ninguém, ele não usa a mídia. Ele tem a luz própria dele. E ele sabe fazer isso bem feito. Bolsonaro gosta dele demais e entende que ele é importante. E, certamente, não quer que ele fique só como prefeito de Goiânia. Então, ele prefere muito mais fazer o que ele faz bem feito, do que ele vir fazer uma gestão em Goiânia, que não é especialidade dele fazer gestão.

Altair: Primeiro, é ganhar eleição, né? Se ganhar.

Mabel: É, então, mas eu falo no caso de ele ganhar. A gente sempre quando fala de um candidato, você pensa o que ele vai fazer se ele ganhar. Ele está aí como candidato, ele pode ganhar eleição, ele tem um bom número na pesquisa, então pode ser que até ganhe, mas não acredito que ele esteja feliz em ser prefeito de Goiânia. 

Altair: No começo da sua entrada na disputa houve ali uma polêmica sobre escolha de vice, depois as manifestações, as tentativas de um fechamento para isso. Na prática, vice mesmo é para a convenção?

Mabel: Eu errei quando coloquei um vice que eu gostaria de ter. Agora, nós temos que perguntar o que o goianiense quer. Nós vamos fazer no final de maio umas pesquisas qualitativas. Como eu fui escolhido. O cara (Ronaldo Caiado) me escolheu porque em quatro pesquisas que ele fez, qualitativas, todos falaram que o goianiense precisa de um gestor, que do jeito que está não tem jeito, e precisa de um gestor com experiência, que tivesse coragem e que conhecesse de política também, que você tem uma Câmara de Vereadores, que você tem que trabalhar junto com eles e tal. Então eu acho que o vice, se você fizer uma pesquisa, nós vamos entender o modelo que o Goianiense quer de vice-prefeito. Ele quer o quê? Um homem ou uma mulher? Ele quer que seja gestor também, não quer? Ele quer que a pessoa seja mais ligada à gestão ou à área social. Então vamos entender o tipo de vice. Entendendo o tipo de vice, o partido que nos acordos for contemplado com a vice, tem que entregar um vice desse modelo que a pesquisa entregou.

Altair: As duas experiências de vice foram que viraram prefeitos, foram Paulo Garcia e Rogério Cruz. Quando fala dessa importância dessa pesquisa, o senhor quer dizer que a cidade teve problemas e agora precisa acertar mais?

Mabel: Sim, é o que a gente escuta falar aí. Eu nunca vi, você está passando na rua, a pessoa perguntar, quem vai ser o vice? Hoje, o goianiense sofre com essa história do vice. Elegeu o Maguito, que tinha experiência, tinha, mas quem veio para governar a cidade foi o Rogério, boa pessoa, um cara arrumado, só que não tem experiência de gestão. Gestão não é para amador, não adianta. Você pega uma cidade dessa, com orçamento com 400 milhões de déficit já no ano de 2024, 1 bilhão em 2028. Você acha que pode pegar amador? Não vai funcionar. Então tem que ter gente que entende disso e o vice também tem que estar colaborando em alguma área. 

Altair: Os candidatos a prefeito agora precisam também discutir reforma tributária e olhar lá na frente, porque na prática as cidades vão ter aí muitas implicações da reforma?

Mabel: Sem dúvida nenhuma. É por isso que eu falo da importância do Vanderlan estar lá também. É um senador importante, que trabalhou numa comissão importante, ele que segurou a primeira etapa da reforma tributária, que tirou um monte de problemas que ela tinha, ela passou na Câmara à jato, foi para a comissão, passou pelo plenário e foi embora para o Senado. No Senado, eles queriam atropelar do mesmo jeito. O Vanderlan, muito sabiamente, montou a comissão dentro da CAI para discutir a reforma tributária e ficou lá dentro, discutiu, acataram uma porção de emendas e tal, então fizeram uma série de trabalhos  que consertou muito a coisa errada que tinha naquela reforma tributária.

Mas agora tem a regulamentação, que é o mais importante, para dizer como vai fazer. Então é muito importante você ter no Senado, como a nossa bancada federal também, ter pessoas que possam atuar. Os prefeitos vão atuar? Sim, os prefeitos devem atuar. Os candidatos a prefeitos vão atuar? Vão atuar dessa forma, falando para um deputado, para o outro, que causa preocupação, com cuidado que tem que ter, coloca uma emenda assim, faz um ajuste ali e tal, botando o pessoal para acompanhar essa questão da regulamentação da reforma tributária.

Altair: A preocupação sobre a área financeira, há uma dúvida, uma insegurança, o governador Caiado aponta sobre isso, nós não sabemos como será a arrecadação dos Estados e municípios, na prática é isso?

Mabel: Ele tem razão. Apesar que vai ser feito um teste agora, você vai ter uma parte de um teste que vai ser feito com 1% do imposto, e depois vai crescendo, então algumas distorções ainda dá tempo de ser corrigidas. Mas os municípios vão perder a autonomia que ele tem de ser eficiente na arrecadação. Isso vira um bolo, ele vai receber um pedaço de um bolo que não foi ele que criou, para os ineficientes, que pode receber mais do que se tivesse administrando, e para os que são eficientes, ele pode receber menos do que ele poderia sozinho a arrecadar. Então é muito preocupante. 

Altair: Com esta reforma tem impacto negativo para os municípios? 

Mabel: Nossa, se tem impacto negativo para os municípios. Você perde a autonomia toda. Vai tudo com um fundo só, vai tudo com uma caixa só. Isso daí é muito ruim.Não adianta mais você ter eficiência tributária, eficiência arrecadatória. Por quê? Porque você vai dividir o bolo com um monte de gente que às vezes não tem essa eficiência. 

Altair: Que propostas o senhor quer mostrar para o leitor? 

Mabel: Nos primeiros cem dias não vai ter uma criança fora da creche. Tem oito mil crianças ou déficit pelo menos, que colocam aí. Vamos colocar as oito mil dentro das creches. Vamos fazer convênios com essas creches de igreja católica, evangélica, rotary-clube, outros serviços. Nós vamos estar fazendo uma série de convênios, vamos dizer assim, para que a gente possa ir colocando todas essas crianças. Essa mãe não pode deixar de trabalhar. E não só isso, é o horário das creches também. Tudo é gestão. Todo mundo entra na mesma hora e sai na mesma hora. Negativo! A mãe às vezes precisa deixar o menino mais tarde. Precisa entregar mais cedo, então nós temos que ter gente que vai entrar mais cedo e vai sair mais cedo. Outros que vão entrar mais tarde vão sair mais tarde. Para aquela mãe você tem que atender a necessidade da mãe não a necessidade da creche. Então, essas coisas nós iremos trabalhar. Estamos pensando em cima disso e vamos trabalhar, mas eu posso te assegurar que nos 100 primeiros dias nós não vamos ter uma criança fora da creche. 

O trânsito vai andar 30%, 40% mais rápido. Conversei com a cooperativa dos motoristas de vans, com a cooperativa dos motociclistas, com os táxis e com os aplicativos e os entregadores também para que eles tragam para mim. Nós vamos concentrar num lugar para estudar isso, todos os pontos que eles acham que são gargalos e qual é a solução que eles acham que poderia dar para andar. É o cara que opera a cidade, o pessoal que anda dentro da cidade. Eu vou pegar todas as motos e passar para cima da faixa de ônibus, moto não vai andar mais no meio dos carros, vai andar na faixa de ônibus. A moto vai andar muito melhor, ela vai ter muito menos acidente e ela desembola o trânsito um pouco, que diz que até 7 a 10% da retenção é moto que ajuda a fazer essa retenção.

Nós temos que tirar uma série de sinaleiros, temos que reprogramar outros, nós temos que buscar a tecnologia mais para frente. Nos 100 primeiro dias é arrumar só a confusão e nós vamos mandar 30% a mais esse trânsito no 100 primeiros dias.

Altair: Nesse caso, será necessário transformar a Secretaria Municipal de Trânsito numa grande secretaria tecnológica e, digamos, bem assessorada para realmente contribuir para uma reestruturação do trânsito na cidade?

Mabel: Nós vamos tratar a cidade em nove administrações regionais. Não é subprefeito porque quando você bota o subprefeito ele acha que ele é o rei, vai virar um rei lá, vai mandar em tudo. Não é isso. São nove administrações regionais com o gestor lá, dentro dessa gestão. Ele vai tomar conta do trânsito daquele pedaço da cidade dele, lógico que seguindo normas.

Essas coisas têm que ir mudando, são simples de serem feitas. Nós vamos fazer com 100 dias. As administrações regionais vão cuidar de uma parte de poder acelerar isso daí. E nós vamos medir cada um, o gestor vai ser medido. Se ele estava sendo eficiente, se ele não está, se o trânsito na região dele está ruim, está bom, se os buracos, se há luz, nós vamos medir tudo isso. Essa medida vai dizer se gestor é bom ou se gestor é ruim. E nós não vamos colocar gestor, porque ele é indicado assim que é irmão de não sei quem, não tem isso. Nós vamos colocar gestor que bota a cidade para andar. É esse ponto aí que nós vamos fazer no trânsito, no buraco e tudo mais. 

Assim, a mesma coisa que eu te falei das creches, da saúde, nós vamos tudo nessa linha. Cada posto de saúde, cada Cais, você tem que pôr para funcionar. Você não pode pedir uma pessoa que tá lá no Finsocial, vir aqui no Cais de Campinas com a criança dela, e ficar numa fila pra pediatra. Isso não tem cabimento, tem dinheiro pra saúde pra melhorar isso. Então nós vamos tirar onde vaza o dinheiro da saúde, onde tá sendo mal gerido, e vamos fazer com que paga melhor os médicos, tem médico o tempo inteiro, você vê, a saúde de Aparecida hoje é muito melhor que a saída de Goiânia, tem nem cooperação, tanto que o povo de Goiânia enche os hospitais de Aparecida. Você vai ver lá um monte de gente de Goiânia. Por quê? Porque lá funciona, a saúde é muito melhor.

Publicidade
Luana Cardoso

Atualmente atua como repórter de cidades, política e cultura. Editora da coluna Crônicas do Diário. Jornalista formada pela FIC/UFG, Bióloga graduada pelo ICB/UFG, escritora, cronista e curiosa. Estagiou no Diário de Goiás de 2022 a 2024.