Enquanto outras áreas experimentam a amargura da crise, a Engenharia Elétrica parece não sentir os efeitos dos tempos de recessão econômica. Muitas pessoas não sabem, mas o engenheiro elétrico pode atuar como projetista, executor de soluções para redução de consumo, executor de medidas de proteção, ou de diversas outras formas.
Atualmente, é difícil imaginar a vida sem energia elétrica. Ligar um interruptor de luz, assistir televisão, fazer uma ligação pelo celular ou guardar comida na geladeira, todas essas ações dependem do trabalho do engenheiro elétrico, ou engenheiro eletricista. Esse profissional é responsável por planejar, construir e manter sistemas capazes de gerar, transmitir e distribuir energia elétrica. Seu objetivo é levar energia elétrica a toda a população de forma segura e com qualidade.
Engenharia Elétrica e o Setor Industrial
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), hoje o setor industrial é o que mais consome energia elétrica no Brasil. Como a indústria não pode parar, ela exige energia de qualidade e os engenheiros têm uma importante tarefa no desenvolvimento de projetos elétricos.
“Quanto melhor o projeto desenvolvido pelo engenheiro, menor é o custo da obra”, explica Alan Nascimento que é gerente comercial de uma empresa especializada na distribuição de componentes para a indústria de iluminação. Segundo ele, dentro da indústria, o engenheiro elétrico pode trabalhar com a avaliação, dimensionamento e projetos de subestações.
O Brasil é o país onde mais cai raios no mundo e o local onde ocorrem mais mortes, e até isso tem colaborado com o mercado dos engenheiros elétricos. Cresceu consideravelmente a quantidade de escritórios especializados em proteção de descargas elétricas e os profissionais executam as medidas de proteção expostas na Norma Brasileira de Proteção de Estruturas Contra Descargas Atmosféricas (NBR 5419).
Oportunidade de trabalho: estudos de viabilidade econômica
O engenheiro elétrico também pode trabalhar com estudos de viabilidade econômica em projetos do setor de energia ou realizando análises de indicadores, em um momento tão promissor para o país na oferta de energia elétrica, inclusive renovável. De acordo com o Boletim Mensal de Energia divulgado em março deste ano, a oferta interna de energia elétrica – subconjunto da matriz energética – a proporção das renováveis será bem mais significativa este ano, com previsão de chegar a 83,3%. No mundo este indicador é de apenas 24,1%.
O desempenho ocorre em razão do bom desempenho da energia eólica e reflete as transformações ocorridas no setor energético nacional, que tem incentivado tanto o crescimento dessas fontes quanto a diversificação da matriz nos últimos anos.
A redução da fonte hídrica está sendo compensada por bons desempenhos de outras fontes renováveis, como a eólica e a biomassa. A eólica deverá passar de uma proporção de 5,3% para 6,5%, e a biomassa, de 8,8% para 9,0%, de 2016 para 2017. O boletim é elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e acompanha um conjunto de variáveis energéticas e não energéticas capazes de permitir razoável estimativa do comportamento mensal e acumulado da demanda total de energia do Brasil.
Qualidade da energia
Apesar do bom momento de oferta de energia renovável, o Brasil ainda vive uma baixa qualidade no serviço de distribuição da energia, e muitas empresas e engenheiros elétricos estão investindo em sistemas para melhorar essa qualidade.
“Muitos circuitos queimam por conta de uma queda de energia. É missão do engenheiro criar formas de minimizar os números de quedas, que são grandes em estados como o Pará. Para um hospital, por exemplo, essa atuação do engenheiro é de extrema importância”, avalia o professor.
Vários hospitais já investem em sistemas de nobreaks para manter a energia com qualidade no ambiente de saúde. Muitas residências também já usam a tecnologia para manter sempre ligado o seu sistema de segurança.
Criação de soluções para redução de consumo
Segundo Alan, há inúmeras possibilidades ao engenheiro no mercado de criação de soluções para redução de consumo. “O profissional pode criar estruturas de dispositivos inteligentes e soluções para funcionarem nas unidades consumidoras. Em muitas casas, por exemplo, os chuveiros estão programados para não passar de uma certa potência em um determinado horário do dia em que a energia não está saindo tão em conta”, explica.
É que muitos vêm investindo no sistema de energia elétrica Smart Grid (termo do inglês rede elétrica inteligente), que se utiliza da tecnologia da informação para fazer com que o sistema seja mais eficiente (econômica e energeticamente), confiável e sustentável. “Um relógio custa uma média de seiscentos reais.
O equipamento identifica a qualidade da energia que vem da unidade consumidora e aponta quais são os melhores horários para utilizar a energia de melhor qualidade, e, assim, pagar mais barato (tarifa branca)”, explica Alan.
Alan Nascimento – Mestre em Energia pela UFABC (2012), Engenheiro eletricista (1992). Pós-graduado em administração de marketing (1995). Professor no IPOG desde 2010 em diversos cursos e disciplinas, sempre voltadas às áreas de arquitetura e engenharia elétrica. Sólida formação técnica com treinamentos na Bélgica e Portugal. Atua há mais de vinte anos no mercado de iluminação, tendo desenvolvido diversas atividades nas áreas comercial, projetos, assistência técnica, produção e desenvolvimento de equipamentos. Atualmente é gerente comercial e consultor técnico na área de LEDs de empresa especializada na distribuição e desenvolvimento de soluções eficientes para a indústria de iluminação.
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