23 de dezembro de 2024
Destaque 2

Empresas de cruzeiros a suspendem operações no Brasil em razão da explosão de casos de Covid-19

Fachada do edifício sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Fachada do edifício sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia Brasil) anunciou nesta segunda-feira (3) a suspensão voluntária das operações nos portos do Brasil até 21 de janeiro deste ano. A medida ocorre com efeito imediato para novas partidas e nenhum hóspede será embarcado até o dia 21 de janeiro. Os cruzeiros atuais vão finalizar os seus itinerários conforme planejado.

A entidade informou, de acordo com a Agência Brasil, que está trabalhando em nome das companhias de cruzeiros que operam no país – MSC Cruzeiros e Costa Cruzeiros – para alinhar interpretações e aplicações dos protocolos operacionais de saúde e segurança que haviam sido aprovados no início da temporada, em novembro, com as autoridades do governo federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária  (Anvisa), estados e municípios.

“Nas últimas semanas, as duas companhias de cruzeiros afetadas experimentaram uma série de situações que impactaram diretamente as operações nos navios, tornando a continuidade dos cruzeiros neste momento impraticável. Além disso, a incerteza operacional causou inconvenientes significativos para os hóspedes que contavam com suas férias no mar com rígidos protocolos de segurança”, disse a associação no comunicado.

A explosão de casos de covid-19 em embarcações de navios de cruzeiro foram a motivação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendar a suspensão da temporada de cruzeiros no país. Segundo a agência, os últimos nove dias registraram 798 casos do vírus. A título de comparação, em 55 dias de temporada, até 25 de dezembro de 2021, apenas 31 casos haviam sido confirmados. 

Se considerado o período de início da temporada – 1º de novembro de 2021 – o número sobe para 829 casos até o momento. Do total de casos confirmados nesse período, 60% são referentes a tripulantes. Segundo a Anvisa, os números mostram uma “mudança radical” no cenário epidemiológico e requerem uma reavaliação da atividade no setor.

“Tal mudança repentina e brusca do contexto epidemiológico, provavelmente decorrente do surgimento da variante Ômicron, requer nova avaliação do cenário da pandemia de covid-19, nos termos da Portaria GM/MS 2.928/2021, que dispõe que a autorização da operação de navios de cruzeiro poderá ser revista a qualquer momento em função dos desdobramentos do contexto epidemiológico dos navios de cruzeiro ou de alterações do cenário epidemiológico nacional e internacional”, disse, em nota.

A Anvisa acrescentou que sua decisão foi pautada em critérios técnicos e fundamentada no princípio da precaução. Também destacou a dificuldade de estados e municípios em obter os dados epidemiológicos junto às empresas responsáveis pelas embarcações. Segundo ela, isso prejudicou a condução oportuna das investigações pelas autoridades locais de saúde.

Segundo a Clia, a atual temporada, após o término da suspensão voluntária, poderá ser cancelada na íntegra se não houver adequação e alinhamento entre todas as partes envolvidas para possibilitar a continuidade da operação.

Os protocolos vigentes, conforme informou a associação, são os seguintes:

Vacinação completa obrigatória para hóspedes e tripulantes (elegíveis dentro do Plano Nacional de Imunização);

Testagem pré-embarque (RT-PCR até três dias antes ou Antígeno até um dia antes da viagem);

Testagem frequente de no mínimo 10% das pessoas embarcadas e tripulantes;

Capacidade reduzida a bordo para facilitar o distanciamento social de 1,5m entre os grupos e permitir a distribuição de cabines reservadas para isolar casos potenciais;

Uso obrigatório de máscaras;

Preenchimento de formulário de saúde pessoal (DSV – Declaração de Saúde do Viajante);

Ar fresco sem recirculação, desinfecção e higienização constantes;

Plano de contingência com corpo médico especialmente treinado e estrutura com modernos recursos para atendimento dos hóspedes e tripulantes;

Medidas de rastreabilidade e comunicação diária com a ANVISA, Municípios e Estados.

Os moradores do Rio de Janeiro e de cidades próximas que estavam nos cruzeiros foram direcionados para ficarem isolados em suas casas ou de parentes ou amigos. Quem não mora no estado foi colocado em um hotel na cidade. As nove pessoas nessa situação ficarão em isolamento por um prazo de 10 dias a contar do início dos sintomas.

Casa Civil

Por meio de nota, a Casa Civil confirmou a suspensão temporária da temporada de cruzeiros no Brasil até 21 de janeiro. De acordo com o comunicado, após recomendação da Anvisa, o governo federal se reuniu com empresas do setor e com secretários de Saúde de estados e municípios para discutir o atual plano de operacionalização da atividade de cruzeiros diante do aumento de casos da variante Ômicron em embarcações na costa brasileira, mesmo que, em sua totalidade, leves ou assintomáticos.

“O governo federal continuará, nos próximos dias, a promover reuniões com municípios, estados e empresas para, juntos, reavaliarem a possibilidade do retorno das atividades”, informou a Casa Civil.

Por Agência Brasil


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